Ryu Si-oh não se lembrava da última vez que ele havia se sentido daquela forma. Justo ele que nem sabia se podia se autodenominar humano, poderia colocar em palavras o que sentiu ao ver Tsetseg submersa na banheira, seus sentidos falhando quando duvidou que ela estivesse respirando.
O medo nunca teve uma face para ele até aquele instante. Logo depois que expulsou Hwa-ja de seu escritório, ele havia decidido esperar pela reunião na sala de conferências, seus pensamentos hora ou outra em Tsetseg. Poucos minutos depois que a reunião havia começado, ele pôde jurar que havia algo errado com seu coração. Até aquele momento Ryu Si-oh nunca havia tido um único mal pressentimento na vida. Um aperto incomum o pegou de surpresa enquanto ele ouvia a proposta do primeiro acionista.
Suas mãos foram até o nó da gravata, afrouxando o aperto na tentativa de que o ar pudesse voltar a correr em direção aos pulmões. Alguma coisa não estava certa, mas ele nunca havia experimentado aquilo antes, como poderia saber? Não, Ryu Si-oh nunca teve que se preocupar com ninguém para que soubesse o que era um mal pressentimento, principalmente se fosse aquela conexão facilmente reconhecível com aqueles que amamos. Mas Si-oh nunca teve uma mãe para lhe ensinar que quando seu coração saltava pela boca daquela forma, era porque alguém que ele amava muito poderia precisar dele. Então como ele poderia saber?
Ele sentiu o aperto se apoderar novamente de seu coração, quando o telefone vibrou sob sua mesa. O número desconhecido insistiu até o último toque, para segundos depois voltar a sua segunda tentativa.
"Peço licença aos senhores, mas preciso atender essa ligação" Ele interrompeu seu interlocutor, ainda que ele mesmo não entendesse o motivo de estar deixando um negócio importante para atender um número desconhecido. Talvez fosse o destino lhe dando uma chance. Talvez fosse seu coração apontando para onde seu destino estava. Seja o que for, Ryu Si-oh nunca saberia dizer.
"Senhor Ryu Si-oh?" Uma voz feminina perguntou apressada.
" Sim, sou eu" Ele respondeu, enquanto puxava sua gravata para fora do pescoço, a inquietação o tornando ansioso pela primeira vez em muitos anos.
"Eu sou sua vizinha... quero dizer vizinha da senhorita Tsetseg" .... A voz ponderou e então prosseguiu. " Olha eu sei que isso não é da minha conta, mas eu vi o senhor algumas vezes aqui e quem não o conhece em toda a Coreia não é mesmo?"
"A senhora poderia ser objetiva?" Ryu Si-oh se alarmou com a menção de Tsetseg, checando o relógio rapidamente. Fazia apenas uma hora desde a mensagem dela dizendo que estava tudo bem. Ele havia mandado outra a alguns minutos, mas ela ainda não havia visto.
" Certo, o senhor deixou seu telefone aqui na portaria do prédio, graças a deus! Eu tentei ligar para o apartamento da senhorita Tsetseg, mas ninguém respondeu... Será que ela deixou alguma torneira ligada ou seria algum vazamento? O senhor poderia pedir para ela vir verificar? Tem água saindo debaixo da porta e já alagou todo o corredor...."
VOCÊ ESTÁ LENDO
As dobraduras de papéis de seda de Tsetseg e Si-oh
Romantizm"Si-oh queria guardar para sempre a imagem de Tsetseg sob a luz do sol, enquanto seu coração era roubado por ela a cada dia. Um dia, quando seu tempo finalmente chegar ao fim, aquela certamente seria sua última lembrança. No apagar das luzes, Si-oh...