Capítulo 3

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Após o café da manhã eu me despeço da minha mãe e de Ronan com um abraço caloroso. Eles ainda acenam para mim do jardim enquanto a carroça de Thomas nos leva de volta para o castelo.

- A senhorita parece estar um pouco melhor hoje. - Ele comenta sem olhar para mim.

- Tudo vai ser diferente agora, mas ver a minha família me faz bem. - O vejo assentir, um sorriso simpático desponta em seus lábios.

- Eu sinto muito pela sua perda. Ouvi dizer que eram muito amigas. - Eu sussurro um agradecimento antes de ele continuar. - Às vezes, o castelo pode ser um lugar solitário, mesmo quando estamos cercados por outros. Se precisar de alguém para conversar, estou aqui.

Eu o encaro, surpresa por sua oferta e noto sinais de sinceridade, não era apenas uma cortesia pela situação. Lhe dou um sorriso leve, agradecida pela sua gentileza.

- Me sinto mal por estar dessa forma, um pai perdeu a sua filha de uma maneira tão trágica. Eu não imagino o quão desolado Sua Majestade não está.

- Não se sinta assim senhorita Grimsley. Somos todos humanos lidando com as nossas próprias batalhas, é compreensível que fique abalada com a perda da sua amiga.

Uma pequena lágrima corre pela lateral do meu rosto, invisível para que os olhos de Thomas pudessem perceber. Continuamos o caminho em silêncio enquanto eu absorvia a nossa conversa. Eu não estava abalada apenas pela perda de Amélia, mas sim por saber que ela ainda estaria aqui se não fosse pelo seu assassino.

O sol está visível no horizonte ao passarmos pelos portões do castelo. Thomas desce com agilidade da carroça e me ajuda a descer em seguida.

- Obrigada pela carona senhor Bradley.

-Ah por favor, me chame de Thomas. O "senhor" faz eu me sentir velho. - Ele pede e coça a cabeça envergonhado.

- Então é justo que me chame de Leonor. Obrigada novamente por hoje.

- Foi um prazer Leonor. - Ele se despede com um aceno de cabeça e um sorriso caloroso em seu rosto, antes de se virar para descarregar a carroça.

Me apresso para ir em direção ao meu dormitório ajeitar as minhas coisas e me preparar para mais um dia de trabalho. Sou recebida pela senhora Jones que reorganiza as minhas funções dentro do castelo e não deixo de agradecer pela ajuda de Emily ao passar por ela pelo corredor.

Eu limpo e organizo os quartos de hospedes no andar de cima. Todos foram ocupados por membros da realeza que vieram para o funeral da princesa. Deixo as camas arrumadas, os banheiros limpos e as cortinas abertas para deixar a luz do sol entrar.

Me dirijo para o último quarto onde encontro a avó de Amélia, uma figura que eu só havia visto em pinturas pelo castelo. A Rainha Mãe Genevieve era uma senhora na casa dos sessenta anos que mantinha seus longos cabelos grisalhos presos em uma trança. Seus olhos verdes estavam húmidos e ela segurava um lenço branco em suas mãos.

- Bom dia Vossa Majestade. Perdoe-me por lhe acordar. - Eu lhe faço uma reverência depois de entrar no quarto.

- Não há problema querida. Eu não consegui dormir de qualquer forma essa noite. - Ela aponta para o interior do quarto, dando permissão para que eu prossiga com o meu trabalho.

- Eu sinto muito pela sua perda Vossa Majestade. A Princesa Amélia era muito querida por todos. - Abro com cuidado as cortinas para que a luz não invada de uma única vez o quarto e incomode os olhos da rainha mãe. Ela ainda enxuga o canto dos olhos ao se levantar e aceita a minha ajuda para vesti-la.

- Você era a criada particular dela, não era? - Eu concordo com a cabeça enquanto ajeito as amarras do seu vestido. - Ela sempre falava de você quando ia me visitar, Leonor Grimsley, estou certa?

O Silêncio da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora