Capítulo 16

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— Hoje está tão bonito — sua mãe comenta, olhando para o céu, totalmente envolto de nuvens sombrias, através da janela

— Está chovendo mãe — a garotinha responde, tirando a atenção de seu caderno, onde havia infinitos números e olha para a mãe, que estava sentada no sofá, com vários lençóis sob o corpo magro e frágil — Não tem nada de bonito na chuva

— Não é incrível — ela diz com os olhos dourados brilhando de paixão, como se a chuva fosse seu maior tesouro — Parece que o sol morreu

— Ora mamãe — a garotinha faz uma careta — O Sol ainda está na metade da sua existência, ainda temos 5 bilhões de anos até ele virar uma gigante vermelha, fora que — a mãe a olha com um lindo sorriso — Se o sol estivesse morto, ele teria absorvido a terra no processo e teríamos virado fumaça

— Você tem razão filha — concorda apoiando a cabeça no encosto do sofá, sinalizando para a garotinha se aproximar

Ela fecha o caderno, guarda os lápis e as borrachas no pequeno estojo ao seu lado e se levanta do chão, indo em direção a mãe

Sentando-se ao lado da mãe, que a olhava com aqueles olhos dourados, idênticos aos que possuía. Ela se aninha a mãe, que a abraça logo em seguida

— Minha garotinha inteligente — sussurra tão baixo, tão fraca que a garotinha se assusta — Eu gostaria de um dia dançar na chuva, como eu fazia antigamente — a mãe começa a tremer de frio — Você dançaria na chuva comigo meu tesouro?

Antes de responder, a garotinha se solta dos braços aconchegantes da mãe, se levanta e caminha em direção ao guarda-roupa, onde ficavam as boinas e os lençóis. Ela pega uma boina rosa bebê, que era uma das mais quentinhas e volta para onde se encontrava a mulher frágil demais para sua idade

Colocando a boina na careca de sua mãe, ela volta a se aninhar em seus braços

— Obrigado querida — agradece com um pequeno sorriso

O silêncio se instaura e apenas o barulho da chuva caindo furiosamente lá fora é ouvido, com sua leve brisa gelada

E nesse momento, a garotinha experimenta um sentimento novo, mas era um sentimento que estava aflorando em seu peito cedo demais

O medo de perder alguém
Alguém que amava ao ponto de querer desistir de viver

— Mãe — chama a garotinha — Quando a
senhora melhorar — a mãe a encara com aquele olhar doce, que toda mãe carrega consigo, aquele olhar que jamais falaria que isso era a mais pura das mentira, que afinal de contas ela não iria melhorar — Eu danço na chuva com a senhora

— Sob as estrelas? — sua mãe pergunta e ela ergue as sobrancelhas em dúvida. Já que não era possível visualizar as estrelas com a chuva , mas ela iria ignorar esse fato. Pela mãe ela faria de tudo

— Sob as estrelas — murmura a garotinha

As duas ficam em silêncio novamente, apenas encarando o céu chuvoso, observando a chuva cair, alagando o mundo a fora

— Eu te amo tanto, mas tanto filha — a mãe afirma sonolenta — Eu vou te amar mesmo que um dia o infinito acabe

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Acordei escutando o despertador apitar e um pouco aliviada por pelo menos uma noite não ter tido pesadelo. Mesmo que esse sonho me tenha feito derramar algumas lágrimas

Atração | Satoru Gojo Onde histórias criam vida. Descubra agora