Serenata À Meia Noite

•| Capítulo 2|•

"I've lost all ambition
For worldly acclaim
I just want to be the one you love..."

        Eu ouvia aquela música vir de algum lugar distante da cidade. Era noite de lua cheia e sexta-feira. Meu marido vinha sempre as sextas à noite. Jantavamos e iamos para nossa cama, era o costume. Ele chegou e me deu um beijo demorado.

        - Estou faminto, minha senhora, e não apenas de estômago.

       Escancarei os olhos. Sorri envergonhada, mas ele mantia o olhar firme em mim, percebera que ele fitava meus seios aparentes no decote do meu vestido. Eu não deveria me sentir tímida pois ele era meu marido. Mas relembrando meus pensamentos eu era apenas uma menina. Com Benjamin sentira o primeiro gosto de prazer. Eu não tinha para onde correr, e seus braços me prendiam à cama e eu aceitava os carinhos dele. Não sentia amor, sentia a excitação do momento e com o passar do tempo eu aprendera a usar isso a meu favor.
       Depois do jantar aquela noite ele me procurou como de costume em nossa cama. Descera minha camisola expondo meus seios e se pôs a lambe-los depois ficando por cima de mim falou:

     - Quero que me dê filhos.

                                 • • •

        Mas isso não pudera ocorrer. Tempo depois de tantas tentativas e eu não ter engravidado Benjamim me acusara de ser infértil.

        - Me casei com uma mulher infértil, bonita, mas infértil.
Eu ouvira ele falar com um amigo do seu trabalho que jantara conosco e vinha a nossa casa com bastante frequência.

        - Não se atormente com isso, Benjamim. - respondeu Tomas.

        - Como não irei me atormentar a cabeça? Quero um menino, um herdeiro. Mas nunca será realizado tal desejo.

    - Bobagens, meu amigo. Existem outros meios como a adoção.

Eu escutava a conversa escondida atrás das enormes estantes de livros. Benjamim era apaixonado por livros. Um leitor feroz.

     - Nem me fale tal asneira. Criar filhos de gente que não conheço. Dar minha fortuna a um desconhecido? Melhor trocar de esposa.

      E os dois deram gargalhadas. Rangi os dentes com raiva. No íntimo, eu desejava aquilo mas como ele poderia me descartar sem nenhum remorso? No outro dia fomos ao médico receber o resultado dos exames que fizemos duas semanas antes. O médico nos entregara envelopes brancos para cada um, enquanto eu abria o meu Benjamim começara a falar sem nem abrir o seu.

        - Você conseguiu descobrir o motivo da infertilidade da minha esposa?

       O médico olhara para mim depois para Benjamim.

        -Diga, doutor, qual o problema dela, veja, você tem que fazer alguma coisa, nem se preocupe com dinheiro...

     Mas o doutor o interrompeu dizendo:

     -  Não há nada de errado com sua mulher.

     - Como assim, nada? Nada?! Você estás enganado.

     - Sua mulher não é infértil. O resultado que você pode conferir, infelizmente... Senhor, você não pode gerar filhos.