Eu ainda lembrara daquela canção por diversas vezes depois daquela última primavera. Eu acabara de me casar com o senhor Benjamin, um casamento arranjado por meu pai e a infelicidade crescia em torno de mim como se não houvesse alegria neste mundo. Ele era cruel como uma pedra velha e firme. Não aceitava nem me consentia mais a permissão de visitar meus pais. Com 14 anos de idade quando nos casamos, logo chegara aos meus 15 com expressões faciais de uma mulher madura e triste. Não poderia dizer-lhe que Benjamin era de todo mal, ele ordenara que o jardineiro cuidasse severamente do meu jardim que ele me dera dois meses depois do nosso casamento. Benjamim me vira chorando enquanto nossa empregada Maria penteava meu cabelo. Tocando levemente meu queixo e fazendo encarala -lo.
- O que posso fazer para minha amada se sentir bem?
- Nada, meu marido, só estou indisposta hoje. - falei em tom baixo engolindo as lágrimas.
Ele me tomou em seus braços e falou:
- Diga-me, diga-me ,bonequinha, peça-me e eu não hesitarei de lhe fazer seus desejos.
Olhei para a janela e vendo minha paisagem de tristeza de todas as manhãs; _ um quintal morto e abandonado, tive uma vontade e pedi ao meu marido.
-Jardim. -falara tão baixinho que Benjamin me pedira para repetir.
-Um jardim, meu marido, eu gostaria de um jardim para observar e cuidar.
Benjamin olhou para a janela ainda me segurando pelos ombros e me afirmou que meu desejo seria atendido. Em menos de um ano meu jardim florescera e me dera ânsia de vida. Enquanto ao meu marido passara cada dia mais distante de casa em seu trabalho, o que, de certa maneira, me trazera um alívio.
- Onde a senhora deseja que seja posta as flores que ganhou da sua mãe, senhora? - me perguntara o jardineiro quando eu estava na varanda lendo àquela manhã. Mamãe havia me mandado Petúnias.
- Arranje qualquer lugar, Will. - respondi ao homem sem ao menos olha -lo, com o tempo vivido naquela casa a solidão já me trouxera amargura em vez de lágrimas.
- Sim, senhora.
Os dias naquela primavera passara com uma lentidão imensa. A mim não era permitido receber visitas nem ter amizade com os empregados, isto em descobrira numa noite em que estavamos esperando o entardecer acabar e eu tivera a tolice de pôr meus pés na cozinha. O momento em que Benjamin me vira lançou-me um olhar de pôr medo mortal em qualquer pessoa.
- O que a senhora estás a fazer aqui?
- Nada. -respondi rápido demais, o que Benjamin tomava por arrogância responder apenas nada e tornou a endurecer o olhar.
- Só tomar um ar, meu marido, apenas isso. -continuei mesmo sem entender o que tornava um problema eu estar ali.
Benjamin aproximou se de mim e me pegara gentilmente pela cintura me conduzindo até a sala onde eram feitas nossas refeições e fazendo - me sentar na cadeira. Tocava as pontas dos fios dos meus cabelos e me olhou como se eu fora tola a minha vida toda.
- Ah... Mulheres loiras são um verdadeiro e precioso negócio para mim. Mas, são tolas. - olhou para mim esperando que eu respondesse uma afirmação daquelas.
Benjamin pegou me pelo queixo fazendo me encara -lo.
- A senhora está proibida de pôr seus delicados pés na cozinha. Aquela ala é exclusiva dos empregados. E não gostaria de ouvir sequer um chiado de conversa entre a senhora e essa gente.
Meus olhos se enchera de lágrimas, aquilo não era um casamento, era uma prisão e a qual eu me permitira ser um objeto do meu marido e um prêmio para ele exibir, por minha juventude, por minha pureza, por minha dignidade. Era como me sentia. Um objeto. Um negócio.
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Serenata À Meia Noite
RomansaAngelique acabara de casar- se com Benjamin e logo percebera que sua vida não teria a mesma felicidade de antes. Só o que animara a jovem é seu jardim. Anos se passam e ela está certa de sua infelicidade. Mas, tudo muda com a chegada de um rapaz à...