•|Capítulo 3|•

3 0 0
                                    

       A chuva caía lentamente aquela hora. Eu olhava as gotas deslizando no vidro da janela e me perguntava o que Benjamim estaria a fazer pois era fim de semana e ele saira de casa ao entardecer. Me deitei na nossa cama pois não aguentava mais esperar meu marido. Acabei cochilando e quando despertei estendi os braços no lençol da cama esperando encontrar Benjamim ali mas nada encontrei. A chuva por esta vez aumentara, caindo muito barulhenta e forte. Levantei da cama e fui até o escritório dele. Nada. Começava a me preocupar e não pudera fazer nada a não ser esperar. Me sentei no sofá tentando me acalmar e escutei a campainha tocar. Corri para atender mas quando abri a porta vi diante de mim um jovem rapaz segurando uma mala e todo molhado, notei que ele era diferente só em olhar em seus olhos. Olhos apertados. Um chinês? Japonês? Eu não sabia diferenciar.
       - Aqui é a casa do senhor Benjamim? - disse ele.
      - Sinto muito mas não temos intenções de comprar nada...

      - Ah, eu não vendo nada não senhora.

      - Oh, me desculpe. - o olhei confusa. O que mais poderia ser?

     - Eu sou filho do empregado do seu Benjamim e da senhora também, acredito. Filho do Will. Ele me permitiu trabalhar aqui senhora. Eu devia ter chegado mais cedo mas meu ônibus atrasou.

      Benjanim realmente me falara que estara contratando homens para cuidar do nosso cultivo de morangos. Fiz um gesto para que o rapaz entrasse.

     - Obrigado, senhora. - ele deu um leve sorriso.
     - Alef! - surgiu um grito na sala.
Era Will. Ele pegou a mala da mão do filho e olhou para o rapaz rapidamente e depois virou - se para mim.

     - Me desculpe, senhora, eu vou leva - lo agora. Me perdoe por esse incômodo.

     Apenas assenti com a cabeça. Percebia que o jovem me olhava atentamente. Endureci o olhar. Ele desviou o olhar e abaixou a cabeça depois começou a seguir Will em direção à cozinha. Voltei ao escritório me sentando no sofá e sem perceber caíra no sono. Quando acordei percebi que estava deitada na minha cama. Olhei para o lado e vi Benjamim no banheiro. Ele me viu o olhando e falou:

     - Te carreguei até aqui.
     - Eu percebi, meu marido. - sorri.

     Ele veio até à beira da cama , me deu um beijo na boca e percebi que ele fedia a bebida.

     - Bebendo de novo, Benjamim?
     - Estou de saída.

      Sentei na cama sem entender. Olhei para a janela e ainda estava escuro lá fora.
- À essa hora? Mas você não acabou de voltar?

     Ele pegou seu casaco e sua bolsa.

    - Trabalho. Às 7 eu devo estar aqui. Cuide de tudo por enquanto, sim?

    - Mas, meu marido...

   - Mas nada. Não fique se comportando como uma adolescente! Você já é uma mulher e deve entender quando eu digo que devo ir é porque preciso, oras!

       Olhei para ele e ele saiu furioso. Voltei a deitar me na cama. Benjamim agora mal aparecia ou ficava em casa. Eu sentia falta do meu marido. Me sentia desprotegida mesmo que não estivesse só naquela casa. Ele mudara demais nesses 10 anos e eu continuava a mesma garota. Muitas por diversas vezes imaginara se estaria do mesmo jeito se fosse nos permitidos serem pais. Eu seria uma boa mãe? Eu queria ter filhos com Benjamim? Essas questões me perturbavam a mente. Me faziam cair novamente em cima da tristeza de antes.


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 28 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Serenata À Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora