Prólogo

429 24 20
                                    

05 de setembro de 2014- New York, NY.

Dormitório de Columbia University.

Ela batucou com os dedos na parede observando o pôster de Johnny Cash colado no estrado do beliche que dividia com Naomi em Columbia University. Johnny era uma pessoa a qual ela admirava, sua paixão por June Carter e pela música era o seu ar. O casal mais lindo que a humanidade pode presenciar em histórias; eles eram imperfeitamente perfeitos.

Emma fechou os olhos e tirou os fones de ouvido desligando sua mente do mundo enquanto os altos falantes do corredor dos dormitórios reproduziam Go your own way do Fleetwood Mac como um mantra para calouros como ela. Deixou-se refletir sobre sua vida nos últimos anos, infelizmente costumava fazer isso mais do que se permitia admitir. Sabe o que dizem, a vida é uma série de escolhas, você faz quem você é. Sinceramente? Ela preferia acreditar em destino e sina. Uma de suas frases favoritas diz: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." Como, ali estava ela, Emma Myers , dezenove anos e estudante de Direito na Columbia University, uma das melhores Universidades de New York, e todos os seus sonhos adolescentes tinham se tornado realidade graças ao dinheiro da família Myers. Tudo estava nos eixos conforme seus planos; havia o estágio em Juilliard, mas sempre que podia voltava a Miami para visitar seus pais e todos que havia deixado para trás.

Suspirou pesadamente e mudou de posição na cama, naquele momento a garota dos olhos verdes cintilantes se encontrava sozinha em seu beliche mergulhada na obviedade em que vivia.

Um pequeno fato sobre Emma

Ela nunca havia se apaixonado.

♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ♫

Jenna encontrava-se entre a irmã mais nova e sua mãe no sofá da sala enquanto seu pai tentava com muito afinco consertar a vitrola empoeirada que tinha encontrado no porão de casa. A pequena Aliyah dormia profundamente com a cabeça apoiada no colo da mãe e as pernas no colo da irmã mais velha; a TV reproduzia o filme Frozen pela quinquagésima vez naquele mês, pois era quarta à noite, dia de passar um tempo еm família segundo seu pai Edward. O fato é que já passava das dez da noite, e apenas Natalie prestava atenção no desenho levando em conta que Jenna não desgrudava os olhos de sua mais nova leitura: Orgulho e Preconceito de Jane Austen. As irmãs tinham muito em comum fisicamente, o cabelo castanho escuro, assim como os olhos, caía em ondas até a cintura; a pele bronzeada denunciava a descendência mexicana de sua família, apesar das jovens Ortega terem nascido nos Estados Unido pouco tempo depois de Edward e Natalie se mudarem.

-Aqui está! - exclamou o homem mais velho com a barba por fazer, cabelos grisalhos e um enorme sorriso no rosto. Ele apontava para a vitrola de modelo romeno ao lado do piano de calda. - Eu sabia que essa velharia ainda servia para alguma coisa.

Natalie, a mulher de cabelo castanho e curto e sotaque latino pediu silêncio ao marido apontando para a pequena adormecida e Jenna sorriu desligando a TV, dando espaço para que a mãe pegasse Aliyah no colo e a levasse escada acima.

-Acha que podemos incluir músicas de Billie Holiday em nossas quartas, pai? - a pequena perguntou apoiando a cabeça no encosto do sofá enquanto observava o homem tirar uma pilha de discos de uma sacola.

Edward murmurou algo inaudível enquanto vasculhava disco por disco com uma ruga formada na testa.

-Agora eu tenho certeza de que a minha pequena nasceu no século errado. -o comentário veio de Natalie, que descia as escadas com uma coberta em mãos. - Vou preparar leite quente.

Poucos segundos depois, uma música suave que Jenna reconheceu ser Who loves you de Billie Holiday ecoou pela sala. Ela sorriu estática, a voz de uma de suas cantoras preferidas preencheu a casa e Edward estendeu a mão fazendo reverência para a filha que pulou o sofá em suas meias brancas e se juntou ao pai em uma dança desengonçada pelo piso de madeira da sala.

The Red Bow (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora