Pássaro na gaiola

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Sakura era cheia de perguntas, Sasuke notou isso na terceira vez em que visitou sua cela.

Nunca era ele quem começava o interrogatório, sempre ela, questionando-o como se os papéis estivessem invertidos naquele jogo. E sendo bem honesto, talvez ela estivesse tendo mais sucesso do que ele, até porque o Uchiha não era um homem conhecido por ser paciente e partia para ofensiva quando ficava irritado.

E naquele dia ela o deixou irritado.

Houve um incidente nas masmorras. A guarda responsável por acompanha-la em sua higiene pessoal acabou se descuidando e soltando uma de suas mãos das algemas de contensão. Isso, é claro, foi mais do que suficiente para que a pequena delinquente tentasse fugir da base de segurança em que estava enclausurada. Sakura passou por mais de quarenta guardas treinados, mas antes que pudesse chegar ao portão principal e escapar do prédio, um dos shinobis de elite que estava começando seu turno conseguiu para-la e leva-la de volta as grades.

Em resumo, o problema foi resolvido sem grandes consequências. Entretanto, aquela tentativa ridícula de fuga lhe deixou irritado. Em poucos dias, completariam duas semanas desde que Sakura chegou a Konoha e não sabiam nada além de seu nome e algumas suposições estúpidas. Vasculharam sua mente por dias, mas estar lá era como mergulhar em um mar de águas cristalinas. Por mais que procurasse, não encontrava nenhum resquício de informação além das margens claras em seu cérebro. Eles continuavam na mesma e isso era frustrante.

Então naquela noite, Sasuke estava decidido a tenciona-la um pouco mais. Tinha sido bonzinho por tempo o suficiente e sua paciência estava no fim. Ela não era melhor que os outros prisioneiros encarcerados naquela maldita masmorra e aprenderia isso de um jeito ou de outro.

Em seu âmago, uma sensação intensa e vertiginosa se espalhou por seu sistema com a ideia de descer até o subsolo e confronta-la novamente. Talvez estivesse um tanto obcecado por aquele caso específico, entretanto, a inquietação que sentia era mais forte que a pequena voz em sua cabeça, lhe alertando para ter cuidado. Sasuke era um homem obstinado e isso não mudava do dia para a noite.

Descendo as escadas de acesso ao subsolo pela madrugada, sua mente flertava com a ideia de usar algum truque com o Amaterasu, só para assusta-la. Se ela soubesse que aquelas chamas consumiriam até sua alma, poderia enfim cooperar de alguma forma. Era uma técnica que raramente falhava em convencer até os mais orgulhosos criminosos.

Contudo, Sasuke precisava admitir que gostava do jogo de provocações preliminares que costumavam fazer e mesmo irritado, não abriria mão daquele pequeno prazer.

— Então quer dizer que estava tentando fugir? — Com o tom baixo e sombrio, ele apareceu diante das grades corroídas da cela, iluminado pelas luzes baixas do corredor. — Pensei que estivéssemos criando uma boa relação.

De relance, Sasuke notou o peito dela subindo e descendo lentamente. Mas Sakura não fez qualquer outra coisa além de suspirar e lhe encarar com certo desagrado.

— Escuta, eu já disse que estava apenas me defendendo daqueles idiotas antes do carinha das sombras chegar e me prender aqui. Isso é tudo. - Sua voz saiu trêmula e cansada, diferente das outras vezes em que a viu. Entretanto, Sasuke não se apegou ao pensamento.

— Eu poderia acreditar nisso se não tivesse tentado fugir como uma criminosa desesperada, mas você traiu minha confiança, Sakura. — Jogou a possibilidade no ar como se não fosse uma mentira óbvia. O cinismo escorrendo por cada palavra, na clara intenção de provoca-la.

— Aqui não é exatamente um hotel cinco estrelas. — Ele a viu resmungar, se encolhendo no canto da parede como um animal indefeso. — E nós dois sabemos que está mentindo.

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