Os cara, os mlk e uma outra galera lá

Ritalina e senhor dos anéis

[É coisa de flashback. É 2008. O Gustavo e o Ulysses tem 13 anos]

Era depois das férias do meio do ano, e o Gustavo fazia um tempo que ficava intrigado com o moleque de cabelo vermelho que tinha na sala dele. De costas dava pra dizer que era a própria Rita Lee. Mas não, era só um "japinha" com uma cicatriz na boca. Será que ele era tão encapetado ao ponto de ter uma cicatriz no rosto com essa idade?

O Gustavo sempre foi um cara super gente boa, não era de ter amigos íntimos os quais contava os problemas que tinha em casa, mas nunca ficava sozinho, diferente do menino Rita Lee. Quer dizer, o nome dele é Ulysses. É meio difícil não perceber, quem tem o nome que começa com U?

Esse Ulysses era todo estranho, tentava se pagar de bonzão descolado na sala, mas sempre que dava o intervalo ou hora de ir embora ficava sozinho. E o Gustavo percebeu isso, não que ele fosse um esquisito, mas só era estranho o cara que fala tanto não andar com ninguém fora da sala. Então foi falar com ele num intervalo

Foi meio difícil de achar ele, parecia que ele se escondia até ter que voltar pra sala. E já tava ficando estranho pro Gustavo ficar atrás de um cara o intervalo todo, tipo, qual foi? Ele não é gay. Mas quando ele já tinha desistido viu o cara saindo da biblioteca, e num ato de desespero foi correndo na direção dele

- Eai!! (G)

- Oi...?

- Tava fazendo o que na biblioteca?

- Mano? Eu te conheço?

Eles ficaram parados se encarando. Não era essa a interação que o Gustavo tava esperando. Uma pergunta fria com olhar de julgamento, ele era tão comunicativo na sala, parecia até outra pessoa

- A gente tá na mesma sala cara. Gustavo? Eu sento lá no fundo

-  Gustavo..... AHHHHH! O Wallace Gustavo. Tá. Lembrei. Ce anda com os outros moleques lá

- Às vezes

- O que você quer?

- Cara ce é mó esquisito sabia?

....

- Ce veio aqui só pra me chamar de esquisito? Dá licença, que já tá na hora de voltar pra sala

- Não! Pera, eu quis dizer que você é diferente na sala. Você fala bastante lá

- Não tem pra que eu ficar dando um de palhaço aqui fora

- Verdade. Mas eai! Você sempre anda sozinho por aí?

- Por que você tá falando comigo?

- Caralho, só quis puxar um papo. Mas se você se acha tão foda assim pra não querer falar comigo eu te deixo em paz

- Faz o que você quiser

- Metido

E foi embora. Quer dizer, por outro caminho só, porque eles estavam indo pro mesmo lugar

Depois daquilo o Gustavo meio que largou mão de tentar puxar papo com esse cara. Por enquanto. Quem ele pensa que é? Só porque passa o intervalo na biblioteca se acha melhor que os outros? Talvez aquela cicatriz deve ser de um murro que alguém deve ter dado nele ao invés de traquinagem infantil

Por outro lado o Ulysses começou a prestar mais atenção no tal do Gustavo que senta no fundão. Tentando ouvir as conversas dele e perguntando pras meninas se elas sabiam alguma coisa sobre ele. Ele vivia num limbo estranho onde 50% das pessoas pensavam que ele era um viadinho no armário e os outros 50% que ele era um CDF que fez merda no cabelo. Mas pra quem se interesse, era a segunda opção.