Evento canônico do Ulysses

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Ulysses sempre foi um cara bem mente aberta. Tendo crescido com duas mães acabou se criando nesse meio LGBT. A primeira vez que conheceu um homem hétero, estereótipo de "macho man" tinha 11 anos

E achou estranho, por que eles eram tão forçados? Pareciam que estavam atuando o tempo todo. Até mesmo quando eram "gentis" uns com os outros era quase como uma ofensa. Falando "não cara, foi mal aí". O que custa dizer um simples "desculpa"?

Depois que conheceu o tal do homem hétero começou a se questionar da própria sexualidade. Ele não se parecia com nenhum deles. Ele não era bruto, não era mal educado e sempre aprendeu o quão desrespeitoso é falar de uma mulher como um troféu. Afinal, elas também são pessoas. Certo? Mas parece que muita gente esquece desse detalhe

Não se preocupou com isso até os 13 anos, nunca tinha gostado de nenhum menino, nem de meninas. Mas se fosse gay também não tinha problema. A escola era o seu ponto fora da curva, o mundinho LGBT ainda era o seu lar e o seu conforto.

Uma coisa que ele gostava muito era as drags. As mães tinham uns amigos que se montavam, e as vezes ele estava presente quando iam se apresentar. Era quase como montar uma boneca. Tinha as roupas, os acessórios e não podia faltar a maquiagem bafônica

Ehh...

Héteros não falam isso né?

Voltando pra escola, ele começou a questionar sua sexualidade quando os outros meninos começaram a entrar na fase das namoradinhas. E de novo, aquela coisa de tratar as meninas como conquista. Era quase como uma competição pra ver quem ficava com a menina mais bonita ou quantas você conseguia beijar

E isso mexeu tanto com a cabeça dele que teve que falar disso com as mães. Não fazia sentido, se o certo é tratar as mulheres com respeito por que os outros também não fazem isso? Não recebiam educação em casa?

Descobriu nesse dia que o mundo não respeita as mulheres, nem um pouco. E que se tivesse mais pessoas que pensassem como ele estaria um pouquinho melhor. Mas infelizmente não é assim. Então custava a ele fazer o certo pelo menos

Quando tava no 6º ano, tinha uma menina que ele achava muito bonita. E talvez por pressão da idade, queria muito beijar ela. Pelo menos pra ver como que era. Se realmente era grandes coisas assim

E era

Por que tinha que ser tão- divertido?

Era quase como abraçar alguém. Um afeto que você troca com alguém que respeita. Pelo menos era assim que ele via

Tinha abraços que eram mais gostosos, outros beeem fraquinhos. Mas não deixava de ser um abraço. E ele respeitava todos os tipos deles

Gostava de "abraçar". Era até que relativamente fácil, não entendia qual era o problema desses caras que reclamavam tanto de não conseguir ficar com alguém. Era literalmente só bater um papo com a menina, e se rolasse algum interesse pedir pra ficar. 80% das vezes funcionava. Os 20% que negavam ele não ficava bravo nem nada. Tem gente que não gosta de beijar, e tá tudo bem. Não tem pra que ficar forçando

Talvez muita gente não entenda isso

De tanto "abraçar" as meninas acabou ficando com fama de pegador na escola. E pra ele foi muito do nada. Só tinha ficado com uma meia dúzia de meninas

Que povo fofoqueiro. Não é como se ele fosse o próprio Mister Catra

Pra escola inteira, ele era um pegador, mas dentro da própria cabeça era só um moleque confuso que não conseguia se encaixar no padrão do hétero normal. Sempre escondendo o que gostava, ou o que fazia fora da escola. Por exemplo, aprendeu da pior forma possível que a maioria das mulheres não usam cueca igual uma de suas mães.

Os cara, os mlk e uma outra galera láOnde histórias criam vida. Descubra agora