ANA

Capítulo 2

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Capítulo 2

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Christian levantou as mãos devagar e tocou nas costas da garota, deixando claro que não a afastaria de si.

_ Tudo bem - ele sussurrou.

Ela era quase do seu tamanho, sua testa em sua bochecha, o que fazia sua boca estar perfeitamente da altura de seu pescoço. A garota fungou, o cheirando, parecendo gostar daquilo e procurando por mais.

_ Meu - sussurrou num tom firme. - Meu - repetiu.

_ Doutor - Slade sussurrou num chamado.

Christian negou com a cabeça discretamente.

_ Está tudo bem - ele repetiu. - Ela não vai me machucar. Não é?

Ela o encarou de baixo, franzindo o cenho. Parecia não entender todas as palavras, e ele percebeu que quando acontecia ela piscava muito, confusa.

Estavam muito perto, e era possível ver seus lábios semiabertos, as presas afiadas numa arcaria dentária perfeita. E seu corpo, mesmo que o apertando entre os braços, estava ereto e imóvel, ela sequer respirava diferente. Ele hesitou um pouco com a fascinação dela em lhe cheirar ao perceber que mesmo o nariz longe de seu pescoço, ela ainda fungava em busca dele, sentiu certo medo de ela tentar abocanhá-lo por conta daquela vontade repentina.

_ Você pode ter meu cheiro sem me segurar assim - ele comentou em sugestão. - Eu posso te mostrar?

Ela pareceu interessada.

Christian sabia que muitos Nova Espécie preferiam não falar no começo, anos de tortura causava esse tipo de coisa, alguns levavam meses, até um ano, outras desatavam a tagarelar no outro dia, mas sempre, sempre, no primeiro dia, eles ficavam daquele jeito, sem falar, desconfiados, testando. Mas ali parecia um pouco diferente, a Nova Espécie parecia se esforçar muito para lhe entender, e com palavras básicas demonstrava estar confusa.

Há quanto tempo ela estava ali?

Diante do seu olhar interessado, Christian moveu os braços devagar até conseguir tirar a jaqueta que usava por cima do colete a prova de balas, os braços da Nova Espécie continuavam firmes em sua cintura.

_ Eu vou colocar em você - ele avisou, deixando a jaqueta de forma delicada em seus ombros. Puxou uma parte do tecido e levou gentilmente até o rosto dela, a fazendo cheirar. - Consegue sentir? - perguntou.

Ainda um pouco desconfiada, mas muito mais interessada agora, ela afroxou os braços em sua volta e levou uma das mãos para a jaqueta, grudando seu rosto no tecido. O casaco estava com ainda mais o cheiro de Christian por não ter tido contato direto e toques físicos nenhum com ninguém, e a Nova Espécie parecia maravilhada com a aquilo.

_ Você pode ficar com ela - ele falou, tocando levemente em seu braço que ainda estava em sua volta. - Pode segura-la enquanto vamos para lá para cima, tudo bem?

Ela levou os olhos para ele, e era um pouco engraçado como seu rosto estava coberto pela jaqueta agora, mas seus olhos estavam em alerta o tempo todo por cima do tecido.

_ Meu - ela repetiu apenas, abafado contra o pano.

_ Todo seu - ele concordou, imaginando que a garota se referia ao casaco.

Slade suspirou esganiçado do outro lado e balançou a cabeça em negação. Christian franziu o cenho para ele, mas não se importou muito com uma reposta porque a garota começou enfim a andar em direção a porta.