Além Da Máfia

Prólogo.

Desde pequena, tinha dificuldades em me adaptar com as outras crianças do orfanato. Não queria brincar de desenho ou de esconde-esconde, preferia ficar no quarto fazendo algo que realmente fosse útil para mim. Deve ser por isso que nenhuma família quis me adotar, uma família normal pelo menos.

Quando eu tinha 4 anos, um homem de terno apareceu no orfanato com uma pasta na mão. Ele disse que queria adotar a criança que conseguisse resolver o que estava dentro daquela pasta. Era um quebra-cabeça, todas as folhas continham gravuras de diferentes partes da imagem que ele queria, porém, tinha mais de cem folhas para analisar, então meus colegas apenas desistiram e foram voltar a brincar.

Mas para mim, eu já estava brincando.

No final, fui adotada pelo homem que se chamava Pierre e entrei na família com mais outra criança que se tornou meu irmão mais velho, contudo nosso pai tinha uma forma de criação bem diferente. Ele contratou um professor chamado Liam para nos ensinar tudo que precisávamos saber, estudamos artes marciais, manusear armas, ler livros em vários idiomas e diversas outras coisas que acredito que não ensinam normalmente nas escolas.

Quando completei treze anos, descobri o motivo de todas essas lições. Nosso pai estava nos treinando para a nossa própria proteção, ele era o líder da máfia francesa e o plano dele é um dia assumimos o seu lugar.

Ano 2020, cidade de paris

19:30

"Diga logo, o que você quer?" Diz a mulher com as mãos amarradas.

Nesse momento, estou em seu escritório vestida de guarda com a arma na mão, tive sorte nesse trabalho. Eles economizaram na segurança.

"Juro que não tenho nada contra a senhora, mas aparentemente alguém tem" Direciono a arma para sua cabeça.

"Quanto ele pagou? Posso lhe dar o dobro" Se senta na cadeira calmamente, ainda com a corda apertando seus pulsos.

"Por mais tentador que seja, sou fiel ao meu pai" Tiro a trava da arma.

A mulher de meia-idade analisa com cuidado o meu rosto, se eu não estivesse com aquela máscara ridícula, poderia ter certeza de que ela estava chorando um pouco.

"Você tem apenas dezessete anos, por que está fazendo isso? Vá viver uma vida normal" fala, direcionando seu olhar para algo atrás de mim.

"Minha vida não é da sua conta" Apertei o gatilho e rapidamente me viro, mas por sorte não tinha ninguém.

Missão feita perfeitamente, como sempre.

"Velha louca" Escondo a arma e fujo pela janela, já vendo Sebastian me esperando do lado de fora com o carro de fuga.

"Você matou só o objetivo, né? Na última vez, o pai ficou puto com você" Me olhou de relance enquanto dirigia.

Tem algo errado, normalmente meu pai dá informações detalhadas sobre o alvo, só que dessa vez ele apenas disse a aparência e o local onde devemos matar. Não deveria questionar ele sobre nada em relação a esses assassinatos, mas esse em específico foi muito estranho.

"Você está sequer me ouvindo?" Reclama Sebastian, cutucando minha cabeça.

"Motoristas devem prestar atenção na estrada" Pego a mão dele e coloco no volante.

"Não tenho culpa se você é a Afrodite da operação, ninguém desconfia de gente bonita" Ele sorri e aperta a minha bochecha.

Por que não me deram um cachorro como irmão no lugar desse cara?

"Já falei para parar de fazer isso" Tiro de novo sua mão.

Sebastian apenas dá uma risada e volta a dirigir, cantando ferozmente a música da rádio enquanto eu fico rindo da voz horrível dele.

Fuga perfeita.