Chamber 5 (Jaywon)

A Câmara 5

No mais profundo do meu coração
A câmara 5 cresceu
Naquele quarto, um segredo escondido.
- Chamber 5

– Você é o único aluno que conheço que burla o atestado – pulei de susto quando Riki se aproximou. O que eu falei sobre meu armário?

– Me sinto mal de faltar à aula – era um pouco verdade, mas na realidade tinha medo de não ver Jay depois da formatura.

– Você é esquisito – mostrei o dedo do meio pra ele e ele fez uma careta.

– Já fui chamado de coisa pior – dei de ombros, porque era verdade.

– O que vai fazer hoje? – olhei desconfiado. – Eu queria te convidar pra fazer uma trilha, mas vai ficar para depois. Então achei que poderíamos ir ao cinema? – ele falava displicentemente.

Trilha? Riki precisava saber que eu era sedentário e que o único exercício que fazia envolvia meu braço direito e os cinco dedos da mão. Bem, ele não precisava saber desse último fato.

– Você deveria chamar o Sunoo para ir ao cinema – Riki fez um biquinho pequeno.

– Eu já disse que ele não quer – fechei a porta do meu armário e virei o corpo para ele, com dificuldade por causa das muletas.

– Não se preocupe – afaguei seu ombro. – Eu vou fazer meu trabalho de cupido e conseguir um encontro pra você – eu tinha contado para ele sobre o lance de ser cupido.

– Você não precisa fazer isso – o mais novo parecia tão sem esperança que quis dar um tapa nele.

– Eu vou fazer de qualquer jeito – algum de nós dois tinha que conseguir algo.

– Você é incrível, Jungwon – não compreendia por que ele estava tão animado. – Eu poderia te beijar agora – fez um bico exagerado e baixou o corpo na minha direção. Eu apenas virei o rosto.

– Você acha que pode se aproveitar de mim? Não é assim que funciona – não gostava de ter os movimentos limitados, eu não podia fugir.

Riki e eu tínhamos avançado em uma amizade bizarra durante o final de semana e ele adorava apertar as minhas bochechas, dizendo que elas eram fofas. Riki era um pouco diferente do que imaginei. Talvez agitado demais? Não tinha certeza de como definir.

Olhei para o lado e vi Jay passar junto a Sooha. O Park fez questão de me encarar todo o caminho e eu soube que ele tinha visto o que Riki tinha feito.

Era como se o tempo tivesse desacelerado, apenas para me mostrar o quanto Jay estava magoado. Seu olhar pesou em mim. Jay tinha sido um idiota, mas eu também não fui uma pessoa legal ao usá-lo.

A história de cupido subiu a minha cabeça.

Sooha me encarou como se tivesse ganhado o prêmio de alguma competição idiota. Agarrou o braço de Jay e sorriu para mim. Eu disse que ela era uma cobra venenosa.

– O clima está bem pesado entre vocês – Riki falou o obvio.

– Não importa – tentei não parecer abalado. – De qualquer jeito, pare de tentar me beijar. Você está na friendzone agora – endireitei as muletas. – Vou atrás do Sunoo e espero que você o convide até o fim do dia. Tchau – tentei fazer uma saída dramática, mas por causa do pé enfaixado, não rolou.