capítulo 2°

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Ao acordar, uma sensação sufocante tomou conta de mim, acompanhada por uma dor latejante na cabeça. Desorientada, tentei entender onde estava, mas parecia que havia sido transportada para dentro de um dos meus próprios livros.

A visão de uma cabana mal disfarçada como enfermaria confirmou minhas suspeitas, e ao tentar levantar, percebi que estava vestindo apenas a metade de uma blusa bem grande.

Deslocando-me entre as camas em busca de algo para cobrir minhas pernas, deparei-me apenas com um armário cheio de potes de ataduras, uma faca e outras coisas.

Um ruído repentino fez-me virar, deparando-me com um jovem rapaz de aparência indiana, cujo olhar preocupado contrastava com minha própria confusão.

— Que bom que acordou, estávamos preocupados — suas palavras eram amigáveis, mas minha mente ainda em turbilhão não aceitava sua gentileza.

Num gesto impulsivo, agarrei um dos potes e arremessei na direção dele.

— Ei, calma, eu não vou fazer nada. Eu sei que você deve estar assustada por não lembrar de nada e não saber onde está, mas eu prometo que não vou fazer nada.

Peguei outra vasilha e joguei nele, dessa vez acertando sua cabeça.

— Sai, sai daqui ou vou gritar.

— Eu não vou fazer nada, eu juro, só quero ver se você está bem.

Interrompi, começando a gritar e a jogar tudo que conseguia nele, fazendo-o recuar para fora da enfermaria.

Com o coração ainda martelando no peito, arrastei um dos armários em direção à porta, bloqueando-a com firmeza. No entanto, murmúrios do lado de fora indicavam que não estava sozinha naquele embate.

— Ei, garota, abre essa porta ou vamos arrombá-la.

— Se você entrar aqui, corto sua garganta.

Os sussurros cessaram momentaneamente, até que, com um esforço conjunto, a porta foi forçada, abrindo uma fresta pela qual uma mão se estendeu. Sem hesitação, passei a lâmina da faca pela carne, silenciando o intruso com um gemido de dor.

Com a ameaça temporariamente afastada, permaneci vigilante, resistindo às tentativas de persuasão para abrir a porta e me submeter a exames.

— Sou eu, Newt. Abra a porta para conversarmos. Trouxe roupas e comida para você.

Após um momento de ponderação, decidi abrir a porta, empurrando o armário para o lado para dar passagem. Quando Newt se aproxima com cautela com as roupas, ele parecia um tanto confuso.

— Newt, tá esperando o quê? Vira logo de costas para eu me vestir.

Ele pareceu demorar um pouco para entender, mas finalmente se virou de costas, permitindo-me vestir as roupas em paz.

Após vestir as roupas, ajustei uma faixa como cinto improvisado, preparando-me para enfrentar o mundo exterior. Quando Newt se virou, notei o rubor em suas bochechas, mas optei por não comentar.

— Eu sei que está assustada e não lembra de muita coisa além de mim e pelo visto seu nome, mas você tem que se acalmar e deixar os outros virem conversar com você.

— Eu não queria deixar nem você entrar, quem dirá os outros. Você não pode me dar certeza de que eles não vão fazer mal para mim.

— Sim, eu posso, pois se mexerem com você, vão para o amansador.

A tensão no ar era quase palpável enquanto Newt me ajudava a recolocar o armário no lugar, permitindo-me sair da enfermaria para enfrentar o olhar curioso dos outros rapazes, cada um com sua própria reação diante da presença de uma garota no labirinto.

The One That Got AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora