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Acordo outra vez com a luz do Sol entrando pela janela

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Acordo outra vez com a luz do Sol entrando pela janela.

- Eu não vou conseguir dormir em paz hoje? - Resmungo para mim mesma. Olho as horas pelo celular e levanto correndo, o relógio marcava 10:57

PUTA QUE PARIU

Eu tô muito atrasada

Vou correndo para o banheiro e é quando eu percebo que eu não estava na minha casa. Todos os acontecimentos da noite anterior voltam para a minha cabeça.

O diretor nojento, o cara bonito - e muito babaca - e a discussão com o meu pai.

Eu estava outra vez na casa dele, eu nunca vou sentir outra vez que esse lugar é o meu lar. Depois de viver tudo que eu vivi morando com a Sam, me questiono se algum dia eu realmente me senti em casa aqui.

Aqui nunca foi um ambiente leve, descontraído, um lugar bom de se viver. Eu passava 90% do meu tempo no meu quarto, os outros 10% eu era obrigada a ir em jantares ou simplesmente ficar fazendo sala para as visitas do meu pai.

Eu tinha meus motivos para querer ficar no quarto, nunca sabia quando meus pais iam começar uma discussão. Os motivos eram os mais idiotas, eles já brigaram feio por causa da espreguiçadeira que a minha mãe escolheu usar enquanto eles estavam na piscina.

Meu pai sempre foi controlador, não só comigo, ele tinha na cabeça dele uma imagem de "família perfeita" - aquelas que só se vê em filme - e estava decidido em transformar a nossa família em uma delas. Ele queria ser o cara mais invejado, ter a esposa submissa e a filha perfeita. Mas ele nunca percebeu que isso é impossível.

Toda família tem discussões, isso é normal, mas meu pai não queria uma família normal, então meu pai brigava ainda mais sempre que via que alguma "discussão em potencial" estava se formando. Ele nunca percebeu que ele de estressar só ia fazer a "discussão em potencial" virar um briga de verdade??

Enfim, mesmo assim, eu sempre fiz de tudo por ele. Sempre abri mão das coisas que eu queria para fazer as coisas que ele falava tanto no meu ouvido. Eu nunca tinha revidado, pelo menos ate começar o Ensino Médio, eu nunca tive amigos de verdade - antes da Sam - então eu pensava que todas as famílias eram assim.

Meu pai acha que ela me deixou revoltada, mas ela só me mostrou que nem toda casa é assim, nem todo relacionamento precisa ter um homem te ditando regras, nem todo pai pode decidir os passos do filho assim. Eu ia acabar caindo na real uma hora ou outra.

Eu nunca tinha conhecido outro tipo de família, não sabia que em uma família podia realmente existir amor. Foi melhor a Sam ter me mostrado isso, do que eu perceber depois de estar casada com alguém como o meu pai. Ele sempre foi explosivo e controlador, mas nunca violento - não até ontem, pelo menos - mas tudo que eu sei que ele faz com o psicológico da minha mãe, deve com certeza se enquadrar em algum tipo de abuso. Eu não sei de muita coisa, minha mãe não me conta nada, e tudo que eu sei são coisas que ouço enquanto estou trancada no quarto, mas são falas muito abafadas e quase nunca dá pra entender alguma coisa.

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