Raízes do Medo

Sugestões

"— Emie, sua... Me escuta! – Ordenou Eduardo, em um sussurro agastado, atirando mais uma pedaço de papel amassado na mesa da ruiva, no fundo da sala de aula."

Resta apenas uma semana para o ano letivo chegar ao fim. Não só ele, mas toda a trajetória escolar do grupo. – Exceto por Ruby e Haruki, que ainda concluirão o primeiro ano do colegial.
É manhã de uma sexta-feira, e fazem apenas alguns dias desde que a "noite de filmes" aconteceu. Sendo assim, Marquez chegou a conclusão de que perturbaria Eva durante toda a aula de física, intrigado com o que a amiga relatava sobre aquela noite.
Mesmo que ela negue, é evidente que está interessada no assunto. E Logan, que estava sentado ao lado de Eduardo, lutava para se manter acordado.

— E você? Prefere dormir ao invés de me contar o que viu? – O mais velho se virou para Carter, cutucando seu ombro.

— Se falar mais alto, vai ser expulso da sala. – Respondeu, descansando sua cabeça sobre a superfície da mesa que dividia com Marquez. Olheiras visíveis marcavam seu rosto.

Eduardo revirou os olhos, tentando, mais uma vez, chamar a atenção de Martín, que sentava sozinha em sua frente.

— Eu desisto de você, Edu. O que foi? – Ela se virou, bufando, mas logo em seguida abriu um sorriso sossegado. Estavam nas últimas cadeiras. Por enquanto, fora do campo de visão do professor.

— Primeiro de tudo: convença Logan a repassar seus relatos também! Agora, o que você estava dizendo antes?... – Indagou o cacheado, sem a menor discrição ao falar.

— Eu teria continuado, se aquele maldito não tivesse chamado a minha atenção... – A moçoila entreluziu uma careta enquanto sussurrava, fazendo uma referência clara ao professor — Depois daquilo, meus dias ficaram mais agitados. Eu juro por tudo que pude ouvir as batidas se repetindo, onde quer que eu estivesse. Mas, quando eu parava para conferir, não havia nada.

— E como diabos você conseguiu dormir? – Interferiu Logan. Seu olhar cansado era direcionando à Emie.

— Aconteceu com você também, não foi? Há! Eu sabia! – Eduardo quase saltita de animação, estranhamente entusiasmado com todo o mistério. Dessa vez, ele não consegue manter o baixo tom de voz, e é pego de surpresa pelo toque do sinal.

Ele não hesita em arrastar ambos os amigos para os corredores da escola, sem mesmo dar conta das advertências vindas do professor. Os dois protestam, sem trocar uma única palavra entre si – Suas contínuas frases odiosas são direcionadas exclusivamente a Eduardo. Sem sucesso, eles o seguem até o refeitório, indo ao encontro com o restante do grupo.

As várias vozes ressoam pelo extenso espaço, que apesar do horário, é pouco ocupado.
Em acanhados segundos de observação, os três encontram seu alvo: uma mesa redonda próxima à janela, com cerca de doze cadeiras que, às vezes, desaparecem misteriosamente. Os alunos que ainda optavam por almoçar ali, sabiam que a mesa "pertencia" aos amigos, o que os induzia a evitar a proximidade. Marquez não tinha um histórico de advertências tão limpo; preferiam não arriscar.
Eles caminham até o destino final, vendo que são os últimos a chegar para o almoço.
Lucca está sentado no canto da mesa, repreendendo o anterior discurso de Haruki.

— Sabemos que você é paranóico, mas dá para esquecer isso?

— Estão falando do quê? – Eva se aproveitou da situação para, finalmente, se soltar de Eduardo. E então, notou uma das cadeiras vazias e se sentou.