é natal
vi uma idosa a entrar para o cemitério
com um gorro de pai natal
bengala a suportar os ossos degradados
e mente já sem critério.Pergunto me se ela pensa tanto no futuro
como eu penso no meu passado
ou se tudo o que resta
é vazio
e a consciência de um ser bruto desconcertado.Uma lágrima ameaça sair
mas como sempre, não a deixo cair
nunca serei como ela
julgo não chegar a tal idade
mas tudo bem
escolho a sanidade
como se agora tivesse um pingo dela.Ao entrar no cemitério
encaro o meu futuro
puro e duro.