Hiraeth é a palavra certa para momentos de remorso como estes,
usada para descrever os momentos de saudades que causam dor no peito,
vinda do Galês, conectada com a nostalgia,
Hiraeth siginifica: extrema saudade de um lar ao qual nao é possivel voltar,
ou que nunca existiu.
Três anos a correr num labirinto,
eu segui-a te como se fosses a ursa maior,
entre curvas e contracurvas corremos,
o teu cabelo dourado escuro reflete a luz do sol,
sorris para mim sem que a corrida cessa-se,
não parece haver saída,
até que apanhas uma rosa no chão caída,
sentas-te na areia e eu reparo como ainda somos os mesmos,
faço-te companhia e fico ao teu lado,
entre um riso desajeitado, olhas para a esquerda,
acompanho o teu olhar castanho,
e vemos o fim.
Acordo e recordo-me que tenho mais idade,
e tu não estás aqui,
os dias têm sido solitários desde que partiste,
e dói duas vezes mais,
agora que já não posso ter esperança,
em sequer te poder ver uma ultima vez mais.
A única coisa que me tem feito rir é pensar naquela noite,
em que me acolheste no teu grupo de amigos,
porque a minha melhor amiga estava com o meu ex-namorado,
mesmo ao meu lado,
essa foi a última vez que te vi sorrir,
enquanto estavas a tentar convencer uma rapariga a beijar o teu amigo,
e fizeste-a rir,
só conseguia olhar para ti e pensar,
"já não temos três anos,
mas ainda me sinto como a tua irmã mais nova".
No dia do teu funeral,
dentro daquela igreja tudo o que se ouvia era choro,
vindo de cada recanto,
de todos aqueles que cederam ao teu encanto,
e que sabiam o quão bom era o teu coração.
Quando vi a tua mãe,
tão branca e fechada,
o meu peito apertou-se,
e quando ela disse "sorri, ele queria ver-te sorrir,
ele é sorrir",
uma parte de mim morreu e foi enterrada com ele naquele caixão,
ri, mas o choro não foi possível segurar,
quando me lembrei que já não podia usar o tempo presente,
ele era passado.
O vento levanta-se e nós corremos para fora do labirinto,
vejo-o a correr á minha frente,
ele olha para trás e sorri-me,
de repente quando estava quase a sair da confusão de curvas,
vejo os seus pés a cederem e ele escorrega,
corria com tanta velocidade que só consegui parar depois de chegar á meta,
olho preocupada para o labirinto,
não há mais ninguém ali,
e os arbustos cortados em forma de muros,
chegam-me aos joelhos.
