Piloto

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Beatrice

Quando mamãe me disse que queria que eu viesse pra Miami eu relutei, não é um lugar que me agrade e sei que é onde Giovanni — seu noivo —mora e consequentemente seu filho também, o qual eu já teria o desprazer de conviver pelos próximos dias devido ao casamento. O carro passou pelos grandes portões de metal preto e seguiu por uma ruela em meio ao jardim até a fronte da grande mansão  esta que é no estilo industrial contemporâneo, com paredes cinzas claro e uma arquitetura moderna, janelas de vidro do teto ao chão - que me fazia ter pena de quem limpava - e um belo jardim circulando a área até os altos muros. A piscina ficava na parte de trás e foi onde fui instruída pelo mordomo, quando questionei por mamãe, infelizmemte, assim que circulei a casa é cheguei a área, dei de cara com o filhote de cruz credo, boiando na piscina como um cadáver.

O homem alto de cabelos e olhos castanhos logo notou minha presença, provavelmente pelo barulho do salto em contato com o piso. Um sorriso cafajeste estampou seus lábios enquanto ele se colocava de pé e vinha em direção a borda.

Seu físico era de dar inveja, eu devia confessar, e saindo da piscina era uma visão agradável aos olhos. Segundo as fofocas de mamãe durante nossas ligações ele passava um tempo excessivo na academia e na praia, principalmente quando está de férias da faculdade de Economia.

- Hermanita! - Dylan exclama animado e sorridente, vindo em minha direção com braços abertos.

- Fala sério - desvio de sua tentativa fracassada de abraço e o ouço rir, me fazendo revirar os olhos - Cadê minha mãe?

- Que isso, Bea - ele faz uma falsa expressão de tristeza - Tem anos que não nos vemos e você vai me tratar assim? Ainda mais agora que seremos uma linda família feliz? - debocha - Vem aqui me dar um abraço - estende os braços outra vez e ameaça se aproximar.

Sinto meu sangue ferver, esse era seu efeito sobre mim, uma repúdia tão grande que quase não cabe em mim, eu tenho vontade de socar, bater e chutar, até deformar seu rosto e arrancar aquele sorriso presunçoso de sua face.

- Encosta em mim e eu mato você - aviso com os olhos semi serrados.

- Você já tentou, esqueceu? - apoia suas mãos na cintura - Quando eu tinha 15 anos você me esfaqueou aqui - puxou sua bermuda para baixo de leve do lado esquerdo de seu corpo, revelando uma linha fina e esbranquiçada: uma cicatriz.

- Meu arrependimento é não ter ido mais fundo - resmungo.

Ele abre a boca para me responder mas é interrompido por mamãe, que solta um feitinho animado e inconfundível pra mim. Me viro para trás, na direção da porta, e a vejo vindo em nossa direção, com os cabelo recém tingidos de loiro dourado, uma maquiagem leve e um conjunto de blusa e short vermelhos, que ressaltaram perfeitamente sua pele bronzeada.

- Meu amoooorrr! - ela me aperta no abraço quando está ao meu lado - Fiquei tão feliz quando você disse que viria! - nos afastamos um pouco, apenas para ela me observar e a essa altura eu também sorria.

- Não perderia seu casamento - talvez não fosse de total verdade - Sei que fica nervosa e ansiosa com essas... comemorações - falo calma, tentando não alimentar sua euforia ali.

- Ah nem me fale! - sua expressão muda para uma frustrada - São tantas pessoas, tanta coisa pra resolver, decoração, buffet, músicas, roupas, acomodações... um caos! - ela vai falando e eu apenas concordando com a cabeça.

- Imagino que você tem estado bem agitada - era óbvio que a resposta era sim, eu conhecia minha mãe e seu estado atual apenas entregava o estado de sua mente.

Dylan continuava ao nosso lado, agora mais próximo e com os braços cruzados sob o abdômen bem malhado, observando nossa interação atentamente. Quando mamãe notou sua presença fez questão de incluí-lo na conversa.

- Que bom que já se encontraram, imagino que estavam com saudades, tem muitos anos que não se vêem - ela pronuncia sorridente, levando sua destra para puxa-lo de leve.

- Mãe... - a repreendo, fazendo uma expressão mais séria.

— Eu sei que tiveram desavenças no passado — ela me interrompe — Mas já faz anos, e agora vocês são adultos, tenho certeza que se darão muito bem.

Eu e o rapaz trocamos olhares farposos, tenho certeza que se fosse possível nos mataríamos através dele.

— Claro... — concordo com mamãe, sorrindo falsamente — Seremos uma linda família feliz — ela me olha com um sorriso grande, sinto Dylan me queima com seus olhos.

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