Império

Prólogo

Beatrice

Minha mãe está longe de ser uma mãe normal, ela fez questão de me criar como ela achava melhor — e tenho certeza que foi como ela achou estar fazendo certo. Considerando seu histórico e o de papai, depois de mais velha eu apenas agradeci, sua posição exigia isso; presidente e dona de uma empresa bélica, ela é como o Tony Stark, mas obviamente adaptado a realidade. Sua empresa produz e comercializa armas mundo a fora, dos mais diversos tipos, para ser usada por pessoas ou máquinas. O que significa que ameaças e tentativas de atentados a sua vida se tornaram coisas comuns, principalmente depois de se envolver com meu pai.

Ah, como esquecer desse velho maluco?

Papai é ou era (não faço muita questão de saber se está vivo ou morto) o líder de uma máfia, mas não se engane com aquelas retratadas nos filmes de Velozes e Furiosos, em que os capangas mal tem onde caírem mortos. Estou falando de uma máfia formada por pessoas de poder, onde quem está de terno e gravata causam mais estrago do que quem porta uma pistola, e nesse caso a caneta pode perfurar muito mais que uma bala.

Nesse meio familiar tão saudável e amigável eu cresci, aprendendo a atirar, escapar da mala de um carro e os pontos vitais de uma pessoa aos meus 7 anos. Quando faltavam poucos meses para meu oitavo aniversário meus pais se separaram, minha mãe expulsou meu pai de casa sob tiros e ameaçando cortar a língua dele fora, e como ele não era burro, aceitou.

Nós vivemos muito bem sem ele, mamãe sempre em sua loucura e eu sendo levada junto. Estudava em um dos melhores colégios do país, cursos extras, aulas de defesa pessoal, de mira, duas faculdades ao mesmo tempo — não, nem sempre passei por nota, muitos subornos e chantagens foram feitas para eu conseguir meus diplomas.

Mas havia um empecilho nesse decorrer da minha vida, e ele vinha de brinde com um namorado da minha mãe. Quando eu tinha 10 anos mamãe conheceu um cara, milionário, bem apessoado, dono de uma multinacional de medicamentos, tudo para ser incrível, e realmente era; Giovanni Santoro é um cara incrível, extremamente simpático e atencioso — as vezes até demais. O lado ruim dessa união era seu filho, Dylan Santoro, dois anos mais velho que eu e com um incrível dom de me tirar do sério — lembro-me até de comemorar as dezenas de vezes que minha mãe se separava do pai dele, apenas para não ter que atura-lo.

Mas minha felicidade dura pouco, afinal daqui a poucos dias mamãe e Giovanni irão se casar, e dessa vez eu acredito porque já está tudo resolvido, vestidos, convidados, cerimônias, festas; e o pior é que é tudo no plural, será simplesmente uma semana de comemorações, nas Ilhas Necker, um arquipélago luxuoso próximo a Porto Rico.

Corri o máximo possível com meus assuntos pessoais para deixar tudo pronto para que eu fosse, se precisassem de mim iriam me ligar.

Ah, talvez eu tenha esquecido de mencionar que quem resolve os assuntos da máfia de elite agora sou eu, e diferente do papai eu não me contento apenas com os engomadinhos de terno, vou além, pessoas periféricas também tem acesso a nós e são fortalecidas por nosso sistema através de condições básicas; cedemos moradia, alimentação, quando dá até educação, porque diferente daquele velho, eu sei que quem nos fortifica são a maioria, e dessa vez está com a periferia. Contrabadeamos armas, algumas drogas, documentos falsos, produtos, jóias, todos saem ganhando dessa vez, me preocupei em satisfaze-los para que não pensem em mudar de lado, e também demonstrei o que acontece com os que me traem — e não são eles que contam essa história.

Hoje tenho contatos no mundo inteiro, e pessoas de confiança ao meu redor, por isso estou embarcando em 2 horas para Miami, encontrar com minha mãe e minha amada nova família nova antes de irmos a ilha.

Não tenho com o que me preocupar, não há nada que possa me atingir agora.

Ou eu acho que não...