Capítulo único

229 32 146
                                    

Ainda meio perdido naquele estado entre o sonho e a realidade, consigo ouvir um som chato e estridente ao fundo.

Minha honesta vontade era jogar o tal aparelho que faz um som chato na parede, ou mandar a pessoa que achou uma boa ideia me ligar às - levanto a cabeça para olhar o relógio que havia em cima da cabeceira ao lado da minha cama - duas e vinte e três da manhã para um lugar nada educado.

Mas assim que eu peguei o celular, com a intenção de fazer exatamente isso, o nome que brilhou no identificador me fez parar.

Era Draco, um dos meus melhores amigos, o homem por quem estou completamente e secretamente apaixonado.

Nunca amei alguém como você antes

E sei que nunca amarei algo mais

Dou tudo de mim, você pode pegar o que precisar

Dou meus pulmões se você precisar respirar

Eu estranhei, claro, não consegui imaginar um motivo para ele estar me ligando a essa hora da madrugada, o que me deixou imediatamente alarmado.

Me sentei na cama e logo atendi a chamada, não mais irritado por interromperem meu sono.

- Draco? Tudo bem? - Questionei preocupado, sem me preocupar com os comprimentos.

- Oi Hazz. - Ouvi sua voz baixinha do outro lado da linha, parecia embargada, o que me deixou ainda mais alarmado. - Me desculpa ligar essa hora, sei que está tarde. Eu ia esperar até de manhã, mas não consegui. - Um soluço baixinho escapou de si.

Nesse momento eu já estava de pé, olhei para baixo lembrando que estava apenas de samba canção. Corri até meu armário pegando a primeira roupa e o primeiro sapato que encontrei.

- Você está chorando! Quer que eu vá até aí? - Pergunto mas não me interesso muito pela resposta, eu iria até ele de qualquer forma.

- Tem como? - Ele sabe que essa é uma pergunta boba, mesmo que não tivesse como eu daria um jeito.

- Claro! Estou saindo de casa, chego aí em um instante. - Prometo a ele, ouvindo ele respirar fundo como se estivesse aliviado.

- Obrigado, Harry! Por estar sempre aqui quando eu preciso, não importa a hora. - Suspiro, um suspiro triste.

- É para isso que servem os amigos! - Encerro a chamada, catando as minhas chaves para chegar o mais rápido possível até ele.

Até o meu amigo.

Ele me abraçou forte quando cheguei, abracei sua cintura e deixei que ele escondesse o rosto no meu peito, não demorou para eu sentir suas lágrimas molhando minha camisa.

Você deve saber

Que não vou deixar ir

Serei sua luz quando você não conseguir encontrá-la

Deite em meu ombro quando sentir vontade de chorar

- Ei, vem, vamos entrar e então você pode me abraçar e chorar o quanto precisar. - O levo até a sala, o fazendo sentar no sofá e me sentando ao seu lado.

Ele se encolheu contra mim e nesse momento eu já não me importava com o quão tarde da madrugada estava, só queria fazer o meu loirinho - que não é tão meu loirinho assim - se sentir melhor, mesmo que um pouco.

- Oliver terminou comigo, ou eu terminei com ele, não sei. - Diz se endireitando no sofá, assim se afastando de mim, e eu imediatamente senti vontade de o puxar de volta para os meus braços. - Eu o peguei com um outro homem no apartamento dele. Mas... ao invés de tentar se explicar e-ele começou a me xingar, dizer que a culpa era minha! Ele disse tantas coisas horríveis, e eu não quero que elas sejam verdades, Harry.

Uma chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora