Felix morreu afogado.
O mesmo Felix que era um ótimo nadador. O mesmo Felix que competia com Jake na piscina toda vez que ia em sua casa. Como alguém que nadava tão bem acabou tendo uma morte assim?A polícia acha que foi suicídio mas não fazia sentido para Jake, ele conhecia Felix melhor do que ninguém e ele nunca faria isso sem pelo menos deixar uma mensagem ou uma carta.
Ele não se aprofundou nisso, a dor embaçando todos os seus pensamentos, Jake perdeu sua pessoa favorita e não consegue nem entender porque. Seu terno preto combinava com sua expressão sombria, mais uma vez ele teria que dizer adeus a uma pessoa amada.
Jake abraçava um manto azul fofo com estampa de peixinhos, o favorito de Felix, dobrado como se alguém fosse usar de novo. Um minuto tinha se passado. Dois. Três. Uma hora. O coração de Jake pesava, ele nunca mais veria sua outra metade de novo. Nunca mais.
Alguém chamava seu nome mas não importava, nada mais importava. Jake só queria murchar, apodrecer e se fundir com o chão e o manto de seu falecido amigo.
— Vai ficar tudo bem – a voz diz ficando mais perto a cada palavra e um calor envolve as costas de Jake ainda deitado no chão, junto de um carinho suave em seus cabelos.
~
Os dias seguintes se passaram como um borrão para Jake. Não lembrava de nada, ele sabia que tinha comido e tomado banho mas não lembrava de ter feito isso, era como se outra pessoa estivesse vivendo por ele e ele estava só assistindo. Um espectador da própria vida.
Lembrava vagamente de Heeseung tentando conversar com ele várias vezes, não lembrava do que respondia mas o mais velho parecia triste.Uma luz se apagou em Jake e nunca mais poderia ser reacesa de novo. Heeseung nunca tinha visto o namorado assim, nem quando sua irmã, Yoon, tinha sido assassinada. Era desesperador não saber o que fazer, não saber como confortá-lo então ele esperava e ficava ao lado de Jake, deixando claro que estava ali para ele e nunca sairia do seu lado não importa o que.
Um mês depois, quando Jake voltou a si, a dor não tinha ido embora, há um mês não via sua alma gêmea. Há um mês não escutava a voz de Felix. Há um mês não conversava com o amigo sobre bobagens. Há um mês Jake não saia de casa. Há um mês, Felix morreu. E há um mês Jake morreu também.
Mais dois meses se passaram. A dor continua ali, o lembrando do que ele perdeu, apunhalado seu coração sem dó. Ele teria que enfrentar aquela realidade uma hora ou outra, mesmo que doesse, ele não podia continuar apodrecendo em casa. Ele queria visitar o túmulo de Felix mas seria doloroso demais e ele não estava pronto ainda.
Então ele ia passar com Layla, a cachorra de pelos cor creme sentia falta de sair com seu dono favorito, ficando muito animada enquanto Jake tentava pôr a coleira nela e dificultando o trabalho do outro que tinha que desviar de lambidas o tempo todo. Não que Jake achasse ruim, muito pelo contrário, ele amava a cachorra e pela primeira vez em meses conseguiu sorrir de novo.
— Layla, sit – Jake falava em inglês com a cachorra porque acreditava que ela só entendia essa língua, a border colie obedeceu depois de dar outra lambida bem no meio do rosto de Jake, que conseguiu finalmente colocar a coleira na cadela. – Sua feiosa, agora vou ter que lavar o rosto de novo.
Jake riu e foi até o banheiro com a coleira enrolada no seu pulso e lavou o rosto, dando uma boa olhada em si mesmo no grande espelho. Ele usava uma camisa branca lisa com uma jaqueta jeans por cima e uma calça jeans surrada que ele tinha roubado de Heeseung. Ok ele ele estava pronto. Escreveu um bilhete dizendo que ia sair com Layla e o deixou em cima da mesa, não queria que Heeseung tivesse um ataque do coração quando chegasse em casa e não encontrasse o namorado lá.
— Let's go Layla? Let's go! – a cachorra latiu como se estivesse respondendo e os dois saíram da casa, Jake não se deu ao trabalho de trancar a porta, sabia que Heeseung chegaria logo e eles moravam em um bairro tranquilo.
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Jake caminhou ate a floricultura de Rei, encontrando ela e Wonyoung conversando animadamente sobre alguma coisa. Assim que viram Jake as duas mulheres foram correndo abraçá-lo numa afobação enorme. Ambas com sorrisos enormes no rosto.
— Calma gente tem Jake pra todo mundo – ele brincou, recebendo um soquinho de Wonyoung no braço.
— A gente tava com saudades – Rei com voz chorosa o apertava mais forte, segurando as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos. Jake desviou o olhar pra Wonyoung, choraria junto se visse Rei chorar. Wonyoung estava pior ainda, mesmo mantendo o sorriso, as lágrimas já molhavam seu rosto perfeito.
— Ai gente parem de chorar se não eu choro também... – tarde demais, agora os três eram um bolo de lágrimas e soluços, um confortando o outro sem necessidade de dizer nada.
Layla sentindo a atmosfera triste se deitou ao lado dos pés de Rei lambendo a canela dela que deu uma risadinha.
O chororo parou, dando lugar a uma sessão de carinhos nos pelos limpinhos e macios da cachorrinha que aproveitava o afago.
— Parece que a Layla fica mais fofa a cada dia que passa – Wonyoung dava um beijinho na testa da cadela – já falei que ela é a sua cara, Jake?
— Oitenta e duas vezes, sim – ele riu de novo, feliz por estar na companhia das amigas. Ele também sentia falta delas.
Os três passaram mais alguns minutos conversando antes de Jake se despedir das garotas, com mais um abraço em grupo, e voltar seu percurso de caminhada. Agora com uma florzinha branca enfeitando sua orelha direita, presente de Rei, e uma florzinha rosa presa em colar improvisado, presente de Wonyoung.
Passados bons trinta minutos de bate perna, Jake começava a voltar para casa com Layla que parecia cansada, ele deu um biscoito scooby pra animar o animal e ela lambeu sua mão em agradecimento. Jake sorriu distraído e não notou um homem vindo em sua direção, seus ombros se bateram e o desconhecido quase caiu no chão.
— Ai meu deus, me desculpa eu não tinha visto você – Jake se virou pro homem, ele tinha a pele bronzeada, um maxilar marcado e cabelos pretos com mechas loiras. O coração de Jake falhou uma batida. O homem também usava uma regata branca que deixava seus braços musculosos à mostra e uma bermuda preta. Jake esperava que ele não estivesse afim de comprar briga.
— Olha por onde anda da próxima vez, imbecil – o estranho o encarou com uma cara feia antes de continuar sua corrida, Jake o achou familiar por algum motivo mas não soube dizer qual, balançou a cabeça e seguiu o caminho de casa com sua fiel escudeira.
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Jake tira a coleira de Layla e faz faz carinho nela, indo em direção ao cheiro de torta de limão na cozinha, onde Heeseung fazia a maior barulheira ao derrubar uma panela.
— 'Tá bem aí, amor? – Heeseung se vira para ele, ignorando a panela no chão, os olhos cheios de ternura se encontrando com os de Jake. – Que cheirinho bom.
— Como foi o passeio? — os olhos agora denunciavam animação, Heeseung estava feliz, Jake finalmente tinha saido de casa.
— Foi bom – se aproximou do namorado dando um selinho nos lábios vermelhos – Fui com a Layla visitar as meninas. – deu outro selinho.
— E você tá bem? – Heeseung segurava o rosto de Jake nas mãos, não querendo deixar nenhuma reação escapar de seus olhos.
— Eu… me fez bem sair. – Mas ainda dói ele queria completar – 'tô meio cansado, você leva bolinho 'pra mim depois?
— Claro, vai tomar banho – Hesseung depositou um beijinho na testa de Jake, observando ele subir as escadas em direção ao banheiro. Um suspiro escapou de seus lábios.
Talvez as coisas melhorem daqui 'pra frente. Heeseung tirou a torta do fogo com esse pensamento, ele não podia estar mais errado.
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confesso que chorei escrevendo o inicio desse capítulo 👎👎
espero qi tenham gostado até domingo que vem ♡
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Criminal Love | Jaywon
FanfictionTodos os dias são o mesmo para Jay - um dos últimos tritões que sobrou depois da caça às sereias - acordar, se alimentar, matar alguém e dormir. Mas tudo muda quando ele conhece um vampiro com covinhas impiedoso, excêntrico e descuidado. Em outro l...