The Tongue is a Fire

Capítulo 2

Naquele domingo, na igreja, o impensável aconteceu. Tia Petúnia decidiu ficar depois do sermão e sorrir para o padre Riddle, como costumava fazer uma vez por mês, porque se fizesse isso com muita frequência, tio Válter começava a ficar vermelho de ciúme. Hoje, porém, tio Válter estava fora em uma viagem de negócios de uma semana, e eram apenas tia Petúnia e Duda. Duda ficou de lado em seu imaculado terno de domingo enquanto torcia o nariz e examinava preguiçosamente a meleca que saía. Tia Petúnia vinha tentando acabar com esse hábito há anos. 

Harry, cuja roupa de domingo era muito menos imaculada - uma camisa de botão de escola primária velha, gasta, sépia, de Duda, que pelo menos parecia bonita, considerando que Harry a havia passado sozinho - fez o possível para ficar para trás e não encontrar os olhos do padre Riddle. 

Porque ele não podia. Todas as vezes, durante o sermão, que Harry acidentalmente chamou a atenção do padre, a boca linda e inteligente do padre Riddle se curvava sutilmente nas extremidades, como uma espécie de sorriso bizarramente benevolente. Como os sorrisos poderiam ser benevolentes? Mas mesmo assim havia um tom zombeteiro naquele sorriso, uma condescendência que irritou Harry. Uau, claro, sim, tão maduro, tirando sarro de um adolescente por ter hormônios. Como qualquer outro adolescente do planeta. 

Felizmente, uma vez terminado o sermão, não foi muito desafiador evitar interagir com o Padre Riddle, que estava cercado por mulheres bajuladoras... e meninas. Lavender Brown e as irmãs Patil não paravam de rir, sem fôlego e coradas, como se fosse o dia do casamento. Cerca de uma dúzia de pais e maridos esperavam desajeitados na entrada da igreja, embora eles próprios aglomerassem o padre Riddle assim que ele aparecesse no gramado. Eles o atormentavam pedindo conselhos sobre tudo, desde política até assuntos de negócios e investimentos financeiros, porque aparentemente o padre Riddle era um gênio que estudou em Oxford, tinha conhecimento de vários assuntos e também era um arrecadador de fundos exemplar. O Sr. Fortescue e o Sr. Borgin quase brigaram sobre em qual loja o Padre Riddle realizaria seu próximo evento de caridade; Harry teve a nítida impressão de que se tratava menos de fé para os dois homens do que de recrutar os muitos fãs ricos do Padre Riddle como clientes.

Fãs ricos que, brilhando com grampos de cabelo adornados com joias e relógios de ouro, inundavam o Padre Riddle em massa antes de cada sermão; era engraçado como cada fã-clube distinto do padre Riddle, por meio de um acordo tácito, havia definido seu próprio horário para monopolizar a atenção do padre. Atenção que o Padre Riddle foi tão generoso em dar, sorrindo para seu rebanho egoísta como se eles fossem realmente preciosos para ele. 

 Harry sabia a verdade agora, no entanto. Padre Riddle era um bast... 

 Não, ele não poderia chamar um padre assim!

Padre Riddle era mau. E horrivelmente bonito também, mais parecido com um demônio do que com um padre. O próprio Lúcifer Morningstar não poderia ter olhos mais bonitos, traços mais finos, ombros mais largos ou cintura mais fina. Harry estava pessoalmente começando a pensar que Deus pode ter cometido um erro ao escolher como Seu representante terreno alguém que inspirava pensamentos tão pecaminosos nos outros... basta olhar para aquelas mulheres quase escalando o Padre Riddle, pairando ao redor dele como abelhas bêbadas ao redor de uma orquídea exótica! E não qualquer orquídea – a orquídea aranha, uma espécie que, segundo Sprout, enganava os insetos fazendo-os sentir-se sexualmente atraídos por ela. 

 Harry bufou e se virou, optando por admirar a luz filtrada pelas janelas de vidro lapidado, iluminando cenas de santos e anjos, guerreiros e peregrinos. Essas imagens, pelo menos, o aproximariam da redenção do que do pecado. Só de olhar para o Padre Riddle era perigoso.

Os minutos passaram. Enquanto Harry observava o sol nascer em direção ao seu zênite através das janelas da igreja, ele relaxou... apenas para pular quando uma mão pousou em seu ombro por trás dele.