FOUR

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Os dois dias que se seguiram foram de completo caos na mansão do Styles.

Câmeras, fios, figurinos e uma dúzia de pessoas andavam de um lado para o outro na sua suite. Enquanto ele próprio apenas ficava sentado atrás do visor principal e ao lado da cadeira de Tomlinson, que na maior parte do tempo ficava vazia, porque ele era agitado e expressivo demais para comandar as cenas parado.

Louis era realmente muito bom no que fazia e parecia entrar num mundo só seu enquanto ordenava os ângulos das câmeras e coreografava os movimentos do modelo que tomava conta de todas as cenas. Harry só não estava mais entediado, porque estava admirado demais prestando atenção em cada ato do diretor.

No fim do segundo dia e quando só havia restando Louis e Harry no jardim de sua propriedade. Harry expressou seu descontentamento com o projeto e segredou sua ideia para Louis:

— Louis, acho que eu não gostei daquele modelo me substituindo nas gravações.

— Pensei que não iria assumir nunca. Estava escrito em toda a sua cara. — Louis concordou. — Mas já gravamos tudo, quer desistir do projeto?

— Não, de jeito nenhum. Eu tenho outra ideia.

— Estou ouvindo. — Louis incentivou, se sentando em uma das poltronas expostas no jardim, Harry o acompanhou, dobrando um joelho e ficando de frente para ele.

— Quero regravar todo o clipe, ainda temos bastante tempo até o lançamento. Enquanto isso, você edita normalmente o material já feito.

— Não entendo onde quer chegar.

— É bem simples. Vamos ter dois materiais semelhantes nas mãos, mas um, o com o modelo, vamos enviar para o Jeff, para aprovação. O outro, onde terá eu, vamos guardar e substituir na hora da postagem. — Harry explicou o plano.

— Harry, é um bom plano, mas isso pode destruir a minha carreira que acabou de começar. — Louis temeu.

— Eu pensei sobre isso também. E eu sei que Jeff vai querer te colocar no fogo cruzado, mas tecnicamente, você só pode fazer aquilo que eu ou ele aprovar. Se ele te ameaçar, eu faço questão de lidar com a fera. Ele não vai encostar um dedo na sua carreira. Eu te prometo. — Harry agarrou a mão de Louis e apertou firme, reafirmando a garantia.

— Porque isso é tão importante pra você? — Louis quis saber, afinal, ainda era arriscado e ele precisava garantir que aquele plano valeria a pena ou se só era apenas um capricho para a carreira de Harry.

— Louis, eu odeio essa coisa de ter que se assumir e tudo mais. Qual é, a gente passa a vida tendo que explicar quem somos, enquanto os héteros mal sabem o que significa a própria terminologia que os definem. Eles nunca se rotularam, porque sempre foi de senso comum a sexualidade pra eles. Antes da fama eu tinha todo o apoio e liberdade do mundo. Eu não precisava me esconder e era aceito e amado pelas pessoas certas e importantes pra mim. — Louis entendeu perfeitamente o que Harry queria dizer. Ele fazia parte dessas pessoas. — Você sabe porque eu fiquei famoso?

— Pelo seu talento? — Louis arriscou, Harry riu nasalado e sem humor.

— Não, definitivamente não. Eles me achavam afinado, mas com uma voz infantil e comum demais. Eu só cheguei na final daquela competição porque as adolescentes da época se apaixonaram por mim. E Louis, no mundo pop, não tem nada que gere mais dinheiro do que o público adolescente feminino. Quando eles viram que meu nome estava crescendo na boca delas, eles viram a oportunidade perfeita: mais uma máquina de dinheiro para a indústria. Eu não compreendia isso na época, é claro. Mas quando eu cheguei aqui, ainda com meus dezesseis anos, eles me enfiaram dentro de uma caixa, me podaram e me proibiram de fazer centenas de coisas.

Lucky Again (Shortfic) - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora