Capítulo 32 - Colocando uma barragem no rio de sentimentos.

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Acordei e antes mesmo de abrir meus olhos meu corpo já me avisava que eu tinha exagerado na bebida no momento anterior. Meu estômago reclamava, revirando enjoado, e minha cabeça pesava pelo menos 1 tonelada. E mesmo de olhos fechados sentia que tinha muita iluminação ali, o que piorava tudo. Tentei abrir meus olhos o mais devagar possível para não sentir mais dor, o que era, obviamente, inútil. Fui caçando Ian pela cama então, a fim de pedir que ele fechasse as cortinas para eu levantar, mas apenas senti o espaço vazio da cama. Fiquei confusa porque lembrava perfeitamente que ele tinha dormido ali comigo... Como eu estava sozinha?

Sai da cama a contra gosto, me arrastando miseravelmente para vasculhar a cabana tentando encontrar alguém, mas sem sucesso. O que significava que possivelmente tanto Ian quanto João estavam, provavelmente, em Agnes. Estava sozinha para a caminhada da vergonha de volta para casa.

Eu queria enfiar minha cabeça no chão, assim que tive que sair da cabana e o sol veio diretamente de encontro com meus olhos. Cada passo que eu dava, parecia fazer barulho demais, e o caminho parecia infinito, até o momento que eu cheguei ao chalezinho aconchegante de Agnes. Sem nem entrar, já ouvia João gargalhando alto, provavelmente lembrando de alguma coisa da noite anterior e esbanjando que ele era apenas um gurizinho com seus 20 e pouquinhos, no auge da saúde do fígado e pronto para continuar bebendo por mais uma semana na mesma intensidade

Fiquei parada do lado de fora um tempo, deixando minha cabeça parar de rodar um pouco e porque eu não queria encarar nenhum deles ali agora. A sensação de adeus estava se concretizando mais a cada segundo que se passava, e eu estava triste. Sabia que depois do que ocorreu na noite passada, era evidente que mesmo que tentássemos muito, ia ser doloroso, pelo menos por enquanto, seguir amizade com Ian. O embolo sentimental era muito grande, e seria muito doloroso ele me ver sendo feliz com outro, mesmo que ele dissesse que não. Ainda mais sendo o que eu e Uckermann éramos. Um amor profundo, com um monte de problemas, brigas e desconcertos.

Ainda me pergunto onde foi que a chave do "não podemos ter um momento calmo de felicidade" virou. Estava tudo em paz, até o próximo rompante de ódio. Era tudo maravilhoso até a próxima palavra não compreendida, ou até alguma ligação estranha.

Decidi entrar antes que algum deles me visse ali parada e me pegasse de supetão. Fingir que está tudo bem era minha especialidade, desde que eu tivesse alguns passos adiante para isso. Assim que abri a porta e olhei a cena, não tive como não sorrir. Todos sentados na mesa, como ontem estávamos. João rindo junto com Agnes e Ian relaxado, com seu sorriso meio lábio, e olhinhos pequenos, demonstrando que a ressaca não reaia apenas no meu corpo.

— Finalmente, a bela adormecida saiu do seu castelo! - Agnes comentou já iniciando com a zoação

— O beijo do príncipe falhou dessa vez - João falou e esquivou imediatamente de um pescotapa de Ian

Eu ri e me arrastando, sentei perto de Agnes

— Café, café para uma pobre alma que bebeu demais - falei deitando minha cabeça na mesa

— Pelo que João estava contando aqui, realmente ontem você bebeu demais. - Agnes respondeu rindo - Até Spice Girls amiga, que vergonha, sinceramente...

— Ah, você quer que eu fale das suas vergonhas de bêbada aqui também? Eu tenho muitas delas para contar. Não se esqueça que meu dom de bêbada e não esquecer absolutamente nada do rolê - respondi provocando

— Ninguém vai falar da vergonha de ninguém, senão todo mundo vai se enrolar - Ian falou rindo

— Ótimo, então você e a cachaceira podem ir até a cidade para mim, porque hoje a noite vai ter ritual coletivo e preciso repor os mantimentos dos chalés. - ela comentou

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