2 - 𝐧𝐞𝐦 𝐮𝐦 𝐨𝐢?

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Bárbara Volkers

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Bárbara Volkers.

Errei, fui mlk. Nunca dei tanta razão ao filósofo contemporâneo Junior, Neymar. Quando dei por mim, estava sentada em cima da mesa de sinuca, com as pernas enroscadas na cintura do Piquerez, deixando-o me beijar, me bagunçar, me apertar. Uma depravada sem limites.
Sua boquinha pequena pressionava a minha, que já estava vermelha devido ao contato.

Volta e meia o cavanhaque bem feito arranhava meu rosto, deixando-o mais bagunçado do que já estava. Eu provavelmente não voltaria para a confraternização depois daquilo, porque estava na cara o que eu estava fazendo. Joaquín estava tão destruído quanto, vermelhinho, inchado, os cabelos desgrenhados, e o pescoço rosado pelas marcas das minhas unhas. Deus que me livre Marlene descobrir que eu passei parte da noite me pegando com um jogador na sala de jogos.

- Você beija muito bem. - o sotaque carregado, e infelizmente bonitinho chega aos meus ouvidos, quando nos separamos de levinho, e ele encosta a testa na minha.

- Não conta isso 'pra ninguém, sério. - minha preocupação era mais que transparente. - Se não eu 'tô lascada.

- Lascada? - rio de leve pela confusão em seu rostinho fofo.

- Ferrada.

- No, no, eu no contaria a ninguém. Só quiero... Que aconteça de novo. - ele segreda baixinho.

- Ah, Piquerez... - murmuro tensa, arrasada. Ele é tão gostoso, tão bonito, e beija tão bem. É um ultraje que seja proibido.

Eu sabia que o "ser proibido" não impedia de acontecer. Eu não era a primeira, e nem seria a última a ficar com um jogador. Tínhamos rotinas exaustivas, parecidas, e passávamos muito tempo nos mesmos locais. Éramos mulheres, eles homens, então era até meio óbvio de que iria acontecer.

Por isso era tão estritamente proibido.

- Joaco. - ele me corrige, mudando o "J" para um "R", e me fazendo sorrir boba. Oh, Deus, por que tão fraca?

- Acho melhor a gente voltar, né? Já devem estar sentindo nossa falta. - digo dando um selinho na boquinha dele, que me retribui com o mais puro sorriso cafajeste de lado.

- Sí, sí. Pero, quiero pedirte una coisa. - concordo com a cabeça, aguardando que ele diga. - Quiero que no próximo juego, você torça para mí. Só para mí. Só mi nombre. Joaco.

- Que isso? - sorrio. Gosto do flerte, da maneira que ele pronuncia isso com segundas intenções. - Tenho que torcer pra todo mundo.

- No, no. - sussurra me dando outro selinho. - Se eu fizer um gol, dedico para usted, minha torcedora. Mas só se gritar mi nombre. - a forma que o "Z" do fizer vira um "S" em seu sotaque, me deixa bamba. Se não estivesse sentada na mesa de sinuca ainda, provavelmente cairia.

- Pra me fazer gritar seu nome, você vai ter que fazer mais do que só pedir. Se empenha, Joaco. - provoco utilizando seu apelido, da maneira certinha que ele mesmo havia pronunciado pra mim.

- Voy me esforçar. Prometo. - dou uma risadinha da forma que ele parece confiante.

Tento me tranquilizar, afirmar a mim mesma que só uma ficada não seria problema. Eu não contaria a ninguém. Ele não contaria a ninguém. Fim de papo, sem problemas.

Joaquin me ajuda a descer da mesa, me pega pela cintura, e me coloca no chão com delicadeza. Arruma o próprio cabelo, passa a mão no rosto afim de se ajeitar, do mesmo jeito que faço comigo mesma, desamassando a saia que ele fez questão de embolar.

- Pode... Pode ir na frente. - digo meio sem graça, coçando a garganta. Ele concorda com a cabeça, fazendo uma pequena careta, e caminha em passos largos de volta para a festa.

Eu é que não tinha cara de continuar lá depois daquilo.

🖤

Os estudiosos dizem que situações só se tornam reais quando ditas em voz alta. Deve ser por este motivo que eu estava calada durante todo o treino do dia seguinte. Estática. Muda. Com medo. Qual é? Foi só um beijo na boca. Um beijinho. Nada demais. Nada com que eu me preocupasse da maneira com que estava me preocupando, mas era mais forte que eu.

Nossos dias da semana eram cheios de: treinos regenerativos, musculação, exercícios cardiovasculares, respiratórios, um milhão de tipos de danças, e reuniões publicitárias de como lidar corretamente com o público. Estávamos dando voltas no centro de treinamento, trabalhando nossa respiração, cheias de aparelhos, enquanto o time principal treinava alguns lances no campo.

Eu tentava evitar, mas não conseguia. Volta e meia, quando passávamos ao lado do campo, olhava de relance para Joaquin. O short um pouco levantado na coxa musculosa, a camisa clara de treino, molhada, grudada no peitoral largo. O suor escorrendo da testa, passando pelas bochechas coradas até chegar ao cavanhaque sempre bem feito. O sorriso extremamente alinhado estava sempre lá, sorrindo e brincando com os companheiros de time. Bem humorado, fofinho.

Talvez essa situação, em específico, não precisava ser dita em voz alta pra se tornar real. Eu estava babando pelo Piquerez depois de só um beijo, que nem uma adolescente.

Não, não havíamos trocado número, não, ele não havia falado comigo depois daquela noite. Só havia se passado um dia? Sim. Emocionada? Talvez. Mas em minha defesa, eu estava emocionalmente abalada, e isso piorava em mil vezes cada vez que eu olhava pra Ana Karina fazendo o mesmo que eu, mas babando por um jogador diferente.

- Meu Deus, eu tô igual a Ana Karina. - murmuro para mim mesma, parada, ofegante, observando a morena em minha frente flertando com o Zé Rafael, que mandava sorrisos e olhares enigmáticos. Puta merda.

- Babi? Alô? - é Larissa em minha frente, sacudindo as mãos tentando me tirar do transe. - Não para não, Marlene vai dar o bicho.

E eu torno a correr, quase tropeçando nas minhas próprias pernas, quando é minha vez de receber um olhar enigmático. Do uruguaio safado, que sorri de ladinho, e pisca pra mim. E eu? Pisco de volta. Não disse com o quê.

Passo o treino inteiro estranha, aérea. Eu estava apavorada, e ao mesmo tempo tentada a fazer mais. Eu queria flertar mais, eu queria beijá-lo mais, eu queria ele. Era até um pouco egocêntrico da minha parte, mas era bom saber que o galã do time havia ficado comigo. E só comigo. Eu acho.

E naquele momento eu estava escorada ao lado do bebedouro, aguardando minha garrafa de água encher. Seria cômico, se não fosse trágico, se a criatura a virar o corredor não fosse ele. Ao lado de Gustavo Gómez, e Flaco, ele sorri para mim.

Me ponho ereta na parede que estava recostada, e o olho de volta. Não sei bem se eu sorrio eu não, fico distraída demais reparando em absolutamente tudo nele. Quase abro minha boca para dizer algo, quando ele mesmo finaliza a possível conversa por mim.

Ele leva a mão até minha cintura, onde dá uma leve apertadinha, e murmura um "oi", sem se estender muito.

Com milhares de pontos de interrogação rodando por minha cabeça, permaneço ali, em pé, parada, vendo-o virar o corredor sem nem olhar para trás.

Vai ver eu não era a única mesmo.

🖤

oi, pexual! demorei, mas tô aqui, viu? tô pensando aqui em mudar essa capa pq tô achando ela mt feia kkkkkk
é isso, até o próximo

𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐇𝐄𝐄𝐑𝐋𝐄𝐀𝐃𝐄𝐑 - 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙, 𝐏𝐔𝐋𝐆𝐀𝐑.Onde histórias criam vida. Descubra agora