4. 𝐚 𝐝𝐞𝐫𝐫𝐨𝐭𝐚.

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Bárbara Volkers

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Bárbara Volkers.

Eu sou a criatura mais patética do mundo. Eu sou.

A prática, é que as líderes de torcida apresentem-se antes do jogo começar, com uma apresentação de dança com uma música aleatória, e em seguida, puxar hinos e cantos da torcida para a entrada dos jogadores. Contando com o fato de que estávamos no estádio do rival, tudo se torna mais difícil. A gente tenta puxar os hinos da torcida alviverde, e a torcida rubro negra nos engole. Nesse momento temos que esconder o nervosismo, e cantar mais alto ainda.

E, "Bárbara, foi efetivo?" Não. O Palmeiras perdeu de 2x0, e nunca havia visto os jogadores tão putos como hoje. Foram gols em momentos ridículos de deslize, momentos que não poderiam ter acontecido, bobeiras em milésimos de segundos. Se já estávamos nervosas, havia piorado nos minutos finais de jogo.

Veiga estava puto, gritava com Endrick, que descontava em qualquer um. Piquerez e Richard xingavam em espanhol, enquanto Weverton esculhambava os jogadores de linha em mil e uma línguas diferentes. Respiro fundo me dando por vencida. Aquele seria o resultado final, e o juíz havia apitado. Os palmeirenses saem de campo vaiados pela torcida do Flamengo, que vangloria os jogadores rubro negros. Merda.

Seguimos até o vestiário cabisbaixas. Ana Karina olhando para todos os lados procurando por Zé Rafael, e infelizmente me pego fazendo o mesmo procurando pelo rosto familiar do uruguaio. Provavelmente Piquerez estava irritado, mas ao mesmo tempo triste. Absolutamente ninguém gosta de perder. Me sinto ridícula por me preocupar tanto, por querer saber como ele estava, por querer acalentá-lo, mas era mais forte que eu.

Batia os pés no chão, ansiosa, recostada no corredor do lado de fora do vestiário masculino. Queria abraçá-lo, que fosse. Estávamos na mesma, éramos do mesmo time, torcíamos pelo mesmo igual, e eu almejava por algum tipo de consolo também. Queria conforta-lo, e buscava o conforto dele.

Quando Joaquín finalmente sai do vestiário, me ponho imediatamente ereta, aguardando que ele venha até mim. As palmas de minhas mãos suam, a respiração falha, quero abraçá-lo imediatamente. Mas é em vão. Porque da mesma maneira que ele entra puto no vestiário, ele sai. Sem ao menos olhar na minha cara. Sem ao menos me perceber ali. Sem me dar confiança nenhuma. E é por isso que sou a criatura mais patética que existe na face de São Paulo, Rio de Janeiro, e resto da terra inteira.

Eu murcho, obviamente. Passo pela coletiva de imprensa sem dar uma palavra se quer. Estou imensamente envergonhada, e pelo menos posso dar a desculpa que meu desânimo vem da nossa derrota. Fujo de Larissa pra não ter que dar explicações, fujo de Ana Karina pra não absorver o romance de novela dela e de Zé. Eu só fujo. Rezando pra que mais ninguém percebesse minha presença caminhando pelos corredores do Maracanã como uma zumbi, puxando minha bolsa pelo chão como se tivesse o peso de uma bigorna. Por que o estacionamento era tão longe?

— ¡Oye! ¿Quieres ayuda? Parece pesado. — ah, não não. Paro fechando os olhos, realmente não fazia nem questão de olhar pra trás e ver quem era. Mas não poderia ser grosseira com alguém que estava tentando ser gentil. Mesmo que eu mal conseguisse entender o maldito dialeto espanhol.

Me viro para trás, e meu olhar se torna felino quando reparo o uniforme rubro negro no corpo do rapaz moreno e tatuado. Ele parece reparar; uma vez que o encaro com cara de cu, e o símbolo do Palmeiras estampado no meu peito.

— Vengo en misión de paz. Tu bolso parece pesado solo, ¿quieres ayuda? — diz novamente. Dá um passinho pra trás, e acabo achando graça daquele homem alto com medo de mim. Solto uma risadinha, e ele parece ficar mais tranquilo.

— Não precisa não. Não 'tá pesada não, só tô capengando com ela mesmo.

— ¿Qué es capengando? — pergunta meio confuso, franzindo o cenho.

— Você é de onde? — curiosa, ignoro sua pergunta, enquanto mesmo comigo negando, ele pega minha bolsa no chão e coloca atrás das costas, se pondo a caminhar ao meu lado.

— Chile. — o jeito que ele pronuncia o "ch", com som de "tch", é bonitinho. — Soy Erick.

— É, eu te vi no jogo. — sorrio desanimada. — Sou a Bárbara.

— Lo siento, Bárbara. Pero es así, ¿verdad? Un día ganamos, al siguiente perdemos.

— Ô se é. — e com minha concordância, falo de Joaquin. Em um dia estava em seu quarto, sob seu toque. E no dia seguinte, ele nem lembra que eu existo.

— Entonces... Tu bolsa. Fue un placer, y... No estés triste. — diz, envergonhado. Coloca minha bolsa ao meu lado novamente, e segue pelo estacionamento até o ônibus do Flamengo, enquanto sigo para o ônibus do verdão.

Quem diria, seria consolada pelo meu rival.

Entrei no ônibus e fiz questão de não buscar o olhar do uruguaio. Me sentei ao lado de Luana, uma outra líder, coloquei meus fones. E fechei os olhos tentando me desligar de tudo.

Mas a porra dos algoritmos do Spotify me fazem escutar os primeiros acordes de Ojitos Lindos, é minha mente volta ao bonitos olhos cor de mel, quase verdes de Piquerez. Que ridícula. Fiquei com o cara duas vezes e já estava emocionada a ponto de pensar nele ouvindo músicas românticas. Mas o pior veio a seguir, quando a maior pregadora de peças do mundo, vulgo minha mente, trouxe de volta os olhos negros meio puxados do Chileno flamenguista. Aí foi de fuder. Quase estapeei minha própria cara.

Eu tinha que focar no meu time, no meu trabalho. Mas eu cresci lendo romances e Fanfics com o Justin, e então eu amava criar cenários. Eu amava um sofrimento, um draminha, uma paixão em que a maior fonte eram as vozes da minha cabeça.

Foi aí que a voz do anjo sussurrou em meu ouvido "gente, tá certo isso?". E eu me peguei fuxicando o Instagram do chileno. Ele parecia um angry bird. Isso não era significativamente ruim. Era fofo. A carinha de mal nas fotos, a sobrancelha grossa e os olhos puxados.

Foi então que resolvi aproximar uma foto dele jogando golf em Nova York. Ele se vestia bem. Estava com uma touquinha que o deixava fofo. Um sorriso fraco esboçou em meus lábios, mas se foi com a mesma rapidez que chegou, quando percebi que tinha curtido a porra da foto. Meus olhos se arregalaram, tirei a curtida no mesmo momento. Mas eu sei que vai aparecer nas notificações. Inferno!

🍓
Erickinho um gentleman, e Piquerez tão puto que ignorou a Babi, tadinha. Não consigo ligar Ojitos Lindos à um só, ela serve pros dois 🥺

 Não consigo ligar Ojitos Lindos à um só, ela serve pros dois 🥺

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𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐇𝐄𝐄𝐑𝐋𝐄𝐀𝐃𝐄𝐑 - 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙, 𝐏𝐔𝐋𝐆𝐀𝐑.Onde histórias criam vida. Descubra agora