Skate n'roll

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Adam

É quarta-feira e no momento eu odeio quartas-feiras, era um dos poucos dias de folga da minha mãe na semana. De vez enquanto, ela me deixava faltar aula. Passávamos tempo juntos. Algum filme, série, ida ao parque, coisas de mãe e filho. Mas.. já se fazem alguns meses desde que ela se foi e nunca mais haverá alguma quarta feira como essas foram.

Consigo me lembrar exatamente do dia em que cheguei a casa do meu pai, era uma noite um pouco chuvosa. Quando a assistente social bateu na porta, lá estava o Sr e Sra Winchester juntos aos seus filhos na mesa de jantar. O cheiro da comida era perceptível, uma excelente e agradável flagrância. Os adultos conversaram, então pude ver meu pai e minha madrasta se afastarem para falarem com privacidade. Meus irmãos permaneceram em silêncio na sala de estar enquanto era perceptível a briga do casal. Passam-se quase vinte minutos, até que vejo Mary sair furiosamente com uma mala de roupas em direção ao carro. O olhar inexplicável que meu pai lançou a mim junto ao silêncio estridente, conseguia sentir a angústia e a vontade de chorar quando vi os olhares deles em mim, era bem desconfortável e sufocante.

As primeiras semanas de adaptação foram como uma tortura. Saber que eu era o motivo da família perfeita deles ser despedaçada era de mais. Mas ao mesmo tempo, eu sentia um pouco de inveja dos meus irmãos. Porque para mim, não era justo eles terem um ao outro e o nosso pai. Eu sempre fui solitário, enquanto era perceptível a proximidade na relação de Dean e Sam. Eles cresceram juntos e tiveram um pai e uma mãe presente. Sabiam a cor favorita e comida um do outro, passavam as datas comemorativas juntos e tudo mais. Mas eu nunca tive isso e era o destruidor de lares. Nunca tive um padrasto para tentar minimamente preencher esse vazio, consigo contar nos dedos quantos encontros minha mãe teve em todo o nosso tempo juntos.

Tentar ser próximo do meu pai era uma tarefa difícil para não dizer impossível. Ele não conseguiu olhar nos meus olhos pelas primeiras duas semanas, além das regras estúpidas. Cama às dez, nada de questionamentos e obedecer a todos os mais velhos. Falar que meu pai fazia o mínimo para se aproximar de mim seria um eufemismo, pois nossas únicas interações eram brigas. Eu não posso questiona-los ou ter a mínima autonomia.

Mas cá estou eu, levantando para uma nova quarta-feira. O sol está brilhante até de mais para as sete da manhã, a cortina de minha janela está meio aberta. Eu havia ficado com o quarto de hóspedes da casa, que era bem agradável. Pelo menos, consegui salvar meus pôsteres de bandas de rock na mudança. Led Zeppelin, Evanescence e Guns N' Roses. Ouvir música sempre me ajudava a afastar os pensamentos intrusivos negativos quando eu estava sozinho em casa.

Levanto da cama, me espreguiçando, partindo em direção para o meu armário pegar algumas roupas limpas, logo ao banheiro. Sentir a água morna cair sobre o meu corpo era reconfortante, além da sensação do suor e o pouco sono restante serem lavados. Não era uma ocasião especial, então me vesti normalmente. Uma calça jeans padrão e uma camisa azul escura junto a uma jaqueta. Não que seja necessário muitas roupas, o tempo hoje estava equilibrado. Nem tão frio, nem tão quente. Então desço para o andar de baixo.

Era perceptível pelo cheiro de bebida e os roncos vindo da sala que meu pai encheu a cara a noite toda. Se tem uma coisa que aprendi, é não acorda-lo assim. Ele sempre estará de mal humor. Pego alguns pães de forma na dispensa e os coloco na torradeira, olhando meu celular enquanto espero as torradas ficarem prontas. Há uma mensagem recente de Jack.

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Jack: Adam, podemos nos encontrar antes de irmos a escola?

Eu me encantei por você | Midam High School auOnde histórias criam vida. Descubra agora