Capítulo 6

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[Beatrice]
Vesti umas jeans justas pretas, uma camisola de cabas cinzenta, a minha casaca de cabedal e as minhas habituais botas. Amarrei o cabelo num puxo alto. Escondi a arma e desci.
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O mesmo ambiente de sempre, os mesmos carros, a habitual música aos berros e o cheiro de adrenalina no ar. Fomos até ao nosso sítio habitual, uma ruazita abandonada perto da linha de partida. O Justin atirou-me uma lata de cerveja que eu fiz questão de beber só de um gole. Quem iria correr hoje era o Dallas e o Pettyfer.

[Alex]
Levei o carro até à linha de partida. As vadias estavam à nossa frente para anunciar a corrida, uma voz bem alta ditou o percurso e desejou "boa sorte" a todos, a contagem decrescente foi ouvida. Fiz os outros comer pó, afundei o pé no acelerador. Enquanto o pé descia o conta-kilometros subia.

A vitória foi nossa. Fui até ao pessoal. Acendi um cigarro, sentei-me no capô do carro a olhar para as bailarinas que deixavam os seus corpos serem levados pela batida da música.

[Beatrice]
A Sarah hoje veio conosco, ela só veio uma vez e odiou este ambiente. Escolhi eu a sua roupa, ela tem um ótimo corpo e é linda. Olhei em volta e não a vi. O meu coração começou a bater mais rápido, pousei a lata da cerveja e misturei-me na multidão à sua procura.

Senti alguém agarrar-me e a prender-me os braços. Tava escuro aqui, não conseguia ver ninguem.
- voltei querida - eu conheço esta voz. Chloe. Puta. Virei-me para ela com um movimento brusco e ela socou-me na cara. Defendi-me, predendo-lhes os punhos, ela tentou com os joelhos, não adiantou, eu sou boa em auto-defesa.
Senti uma arma apontada à cabeça e a minha visão apagar-se, tentei defender-me e acertar em alguém, mas foi em vão.

Passados alguns minutos com os olhos tapados e com aquela raiva a pulsar-me nas veias, os ruidos mudaram para grunhidos de raiva e sons de socos a entoar no maxilar.
Alguém me tirou a venda, Tobias.
- obrigada - murmurei mesmo baixo, olhando em volta.

[Tobias]
Respirei fundo, recuperando o fôlego. A Chloe tinha feito uma emboscada à Tris com seis dos seus capangas. Eu tinha metido quatro inconscientes para os interrogar depois, apesar de a minha vontade ser matá-los.
Os outros dois fugiram com a Chloe.
Virei a Tris para mim, colocando as minhas mãos nos seus ombros, fitando-a.
- Eles fizeram-te alguma coisa?
- Nada, só me acertaram umas quantas vezes - falou tocando no seu maxilar magoado
Toquei de leve no seu maxilar e puxei-a para uma zona um pouco mais iluminada. A zona do maxilar estava vermelha. - Temos de meter gelo nisso ... - disse, arrastando-a para um bar improvisado. Peguei numa lata de cerveja gelada e encostei-a à sua cara. Ela encolheu-se com o choque térmico.
- Já podes ir - murmurou - eu estou bem - tirou a lata da cara.
- Não, não estás. - falei sério, metendo a lata outra vez na sua cara - Se não tratares isso em condições, amanhã estará roxo. Não queres isso pois não?
- eu não sou principiante nisto Quatro - revirou o olhar - isto não é nada - abriu a lata e continuou - tu sabes do que sou capaz - bebeu a cerveja
- Eu sei do qud és capaz, sei mesmo - tirei-lhe a lata da mão e bebi um gole. Pousei-a novamente na sua mão - Por isso é que não vou sair daqui.
- eu saio - dei de ombros e afastou-se.
-Como queiras - pensei em segui-la mas obviamente ela não estava interessada. Aquele beijo tinha sido um erro.
Observei-a a caminhar para longe, desejando nunca a ter deixado ir.

[Sarah]
Infiltrei-me na multidão e fui buscar outra cerveja. Estava confusa... O que é que ele queria afinal? Tinha-me desprezado a vida inteira e agora queria que eu esquecesse tudo? Revirei os olhos, engolindo o conteúdo da lata. Ele aproximava-se da perfeição, era verdade, mas era apenas fisicamente.

A Tris insistiu para que fosse dançar com ela, não tive escolha.

- deixa-me provar-te que valho a pena - a voz do Alex soou no meu ouvido ao mesmo tempo que as suas mãos envolveram a minha cintura. Senti um arrepio percorrer o meu corpo todo. Virei-me para ele.
- Tu és louco. Não tens noção do que estás a fazer.
- a vida nao vale a pena sem loucuras - riu de leve e olhou-me nos olhos.
- Depende das loucuras ... - contrapus, sorrindo. É, já estava a sorrir, provavelmente tinha bebido demais. Isso era mau! Lambi os lábios e fitei-o. Os seus olhos tinham um brilho diferente e um sorriso mantinha-se no canto da sua boca. - E neste caso, não me parece que valha a pena - disse. Continuei a sorrir, aquele ambiente era bom e, definitivamente, eu tinha noção do que estava a acontecer, mesmo tendo bebido demais. E apetecia-me sorrir para ele, como nunca tinha feito.
- Sarah... - falou num tom suplicante - dá-me um oportunidade! - lambeu os lábios.
- Uma oportunidade para fazer o quê? - perguntei retoricamente. - o que é que tu queres de mim, Alex? - olhei-o nos olhos.
- para te mostrar que eu posso ser diferente - a sua mão voou até ao meu maxilar, onde fez mimos - deixa-me mostrar-te!
- E o quê que tu queres mostrar ao certo? - desafiei, metendo os meus braços à volta do seu pescoço. - E não me digas que queres mostrar-me que podes ser diferente. Essa não cola mais! - aproximei a minha boca do seu ouvido e sussurrei - Diz-me o que realmente queres. Não, melhor que isso... mostra-me, não fales.

[Shawn]
- o que é que aconteceu? - falei assim que saímos da confusão da multidão. - Eu sei que as coisas estão meias estranhas entre nós Beatrice, mas ... - suspirei, sem saber como reagir - desculpa.
Ela sentou-se num capô de um carro e puxou-me para si.
- em relação a nós Shawn .. - molhou os lábios - Eu provoquei .. - baixou o olhar.
- E eu não ajudei em nada... eu só, eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. Foi um erro e não vai voltar a acontecer ... - mordi o lábio, nervoso. - Foi uma coisa momentânea - conclui. Respirei fundo e peguei-lhe na mão. - As coisas apenas se descontrolaram, certo? - sorri de leve.
- certo Shawn - sorriu me encarando - não sabemos o futuro.. - beijou a minha bochecha durante alguns segundos - é um segredo só nosso, está bem? - retribuiu o meu sorriso. Sorri abertamente com a esperança que aquelas palavras me deram.
- Um segredo só nosso - beijei lhe a testa - mas conta-me o que aconteceu... Foi a Chloe, não foi?
- Sim- bufou - ela fez-me uma emboscada, maa o Quatro livrou-me .. - suspirou.
- o Quatro? - perguntei surpreendido, ele outra vez. - o que é que ele estava lá a fazer?
- sim, o Quatro - confirmou - ele persegue-me - falou com raiva.
- Não faças isso. - suspirei - ele salvou-te. E de qualquer das formas, vocês beijaram-se, lembras-te? Não podes fugir dele para sempre.
- Eu sei - engoliu em seco e brincou com uma mecha do meu cabelo para fugir ao assunto.
- Tris. - parei as suas mãos que insistiam em brincar com o meu cabelo. - Mais cedo ou mais tarde vais ter de falar com ele.
- não te preocupes com isso. - bufou, cruzando os braços.
- Eu não me preocupo... mas tu devias preocupar-te... Não sei se o Paul iria gostar de saber que tu e o Quatro se beijaram... - avisei. O Paul não era o único que gostava disso.
- Shawn, é um segredo nosso! - ela estava séria. - a vida é minha e ele não é meu pai! - falou fria e tentou afastar-se de mim.
- Tudo bem... Só estava preocupado, mas tu é que sabes. - afastei-me um pouco.
- Eu confio em ti Shawn! - falou séria depois de se ter levantado. - Não estragues isso.
Levantei as mãos, como quem pede paz.
- Ok. Calma, a sério. - suspirei. Era melhor calar-me, ou ainda ia arranjar problemas com ela.

X Ana x

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