Capitulo doze.

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Eu estava sentada na sala junto com Isaac, enquanto Cole e Jackie estavam na cozinha.
Ele acende uma vela.
-Faltou energia na região toda. Acontece sempre.
-Ainda bem. Achei que tivesse sido Jackie.
-Não.- ele sorri.
Olho para baixo, desviando meu olhar do dele.
-Foi...o aniversário de Lucy ontem.
-Sinto muito, Jas.
-Foi por isso que Jackie estava usando o bule. Era uma tradição nossa de aniversário. Era uma bobagem, mas nos dávamos bules de presente nos aniversários e no Natal. Não lembro como começou. Acho que tinha algo a ver com Alice no país das maravilhas.-ele solta um riso nasal. Sorrio com isso.
-Comprávamos os bules em brechós e feiras de antiguidades. Alguns eram horríveis, mas, aquele bule...era o favorito dela.
-Como ela era?
-Inteligente. Descolada. Engraçada, bonita. Destemida...Todas a adoravam.
-Parece com você.
Apenas sorrio com isso.
-Ela estaria fazendo 19 anos. Daqui a dois anos terei passado da idade dela. Mas é só um número né?
-É só um número.- afirma enquanto me olha.
Isaac coloca uma das mãos em meu joelho. E eu não me afasto. Deixando ele se aproximar. Aproximo minha mão do seu cabelo, sentindo a maciez. Escorregando minha mão para o seu pescoço, sinto ele se arrepiar, e sorrio com isso.
Quando ele está próximo o suficiente, roçando nossos lábios, escuto a porta da frente ser aberta.

"Vou olhar as crianças."
"Vou ligar o gerador."
"Por que o Cole não ligou o gerador?"

Me afasto percebendo que todo mundo tinha chegado. Isaac parece meio decepcionado com isso, mas logo disfarça. Ele se levanta estendendo a mão pra mim, me ajudando a levantar.

"Cadê todo mundo?"

Lee aparece na porta, sorrindo travesso ao ver eu e Isaac juntos. Desvio meu olhar envergonhada.

-Achei a Jas e o Isaac!- avisa.
Derrepente as luzes são acesas.

-Bom dia!
-Bom dia.
-Gente, tem panqueca.
-Só café pra mim. Obrigada.-digo.
-Correram hoje?
-Sim, 5km. Com dor de cabeça.
-De novo?
-É, por causa do frio.
-Você precisa comer.- Isaac se vira pra mim, me olhando.
-É, ok.
-Isaac, eu trocaria o casaco de couro por um mais quente.- George avisa.- Há 80% de nevar hoje.
-O estilo às vezes vale mais do que o conforto. Está jaqueta diz que eu sou durão, insensível e suave. Entendeu?-diz.
-Durão, Garcia?- rio do mesmo, que me olha indignado.
-Geladuras também causam dureza, insensibilidade e suavidade, entendeu?- George zomba do mesmo.
-Nosso pai deu notícias?- Lee pergunta.- Quando ele vai ligar?
-Sim, sim. As 11h.
-Jackie, Jas. Querem cozinhar algo para amanhã? Cada um faz um prato aqui, e servimos no jantar.
-Sim, um prato.
-Exceto por mim.
-O que está fazendo?- Isaac pergunta para Lee, que está olhando seu relógio.
-Colocando um alarme.
-Eu cozinho dois perus, obviamente.
-Se houver alguma tradição dos Howards, posso comprar os ingredientes.- Katherine diz cuidadosa, minha família ainda é um assunto complicado; Sinto minha barriga revirar e a bile subir por ela.
-O prato favorito de vocês.- George diz sorrindo.
-Eu passo.- Jackie sorri fraco para eles, e eles voltam o olhar para mim.
-Se não for incômodo, Katherine. Eu gostaria de ficar de fora dessa.- digo e ela sorri compreensiva.
-Claro, querida.
-Vou ao banheiro, licença.- empurro a cadeira pra trás, me levantando; subindo as escadas quase que tropeçando, abrindo a porta do banheiro com tudo, me agachando em frente ao vaso, de novo. Sentindo as lágrimas descendo pelo meu rosto.
Passo as mãos no meu cabelo com raiva; raiva de mim mesma por não conseguir ser forte; raiva por não ter mais meus pais e minha irmã mais velha;
Escuto leves batidas na porta.
-Jasmine.
Não respondo, não consigo responder. Minha respiração está acelerada, minhas mãos estão tremendo.
-Jas!
Minha visão fica turva, meus lábios tremem. Quando escuto a porta ser aberta; Isaac se agacha em minha frente, segurando minhas mãos. Se encosta na parede a minha frente, me puxando para seus braços. Não consigo mais controlar o choro, os soluços saem da minha boca sem que eu controle. Ele passa a mão em meu cabelo, fazendo um leve carinho.
-Você não precisa ser forte o tempo todo, Jas. Não comigo.
Passo meus braços em torno do seu pescoço, e assim, ficamos do mesmo jeito por longos minutos. Minha respiração estava começando a se regular. Eu não tremia mais. E as lágrimas agora em meu rosto, estavam secas.
-Você sabe...que o jeito que o seu corpo é, não é um problema, Jas.
O olho fingindo confusão, e ele continua:
-Eu te escutei, Jas. Eu vejo o quão pouco você come, e, assim que come corre para o banheiro.
Escondo meu rosto na curvatura do seu pescoço.
-Se...quiser conversar. Você sabe, eu vou estar aqui.
-Podemos apenas...ficar em silêncio? Aqui?
Ele concorda com a cabeça, ainda mexendo em meu cabelo.

-Você é a única que está levando os livros pra casa.- Nick me olha como se eu fosse louca.- Não planeja se divertir no feriado?- Iriamos ter quatro dias de feriado.
-Não quero saber de Ação de Graças este ano.
-Sei.
-Vou fingir que não existe.
-Sinto muito.- ele parece arrependido em tocar no assunto.
-Eu só...não estou no clima festivo, sabe?Sem...
-Isaac.- ele diz do nada me deixando confusa.
-Quer carona, Jas?
-Eu vou doar comida na Lark. Foi mal, Isaac.
-Relaxa, tá de boa.- ele me dá um beijo na bochecha, saindo em seguida.
-Vocês formam um casal muito fofo.
-Não somos um casal, Nick.

Abrimos a porta dando de cara com nosso tio, Richard.
-Vocês chegaram.
-Surpresa!
Ele diz e corremos para o abraçar, ele nos girando em seguida.
-Sentimos saudades!
-Eu também.

Estávamos em uma sala a sós. Nós três.
Enquanto nosso tio mexia na lenha.
-Vocês...estão a vontade aqui? Com...todo esse caos?
-Demorei para me acostumar.
-Mas, você sabe; foi assim com muitas coisas.
-Tenho algo a discutir.
-Ok.
-Eu falei com um advogado sobre a custódia.
-Nossa?
-Não, de uma daquelas dezenas de crianças.- ele diz brincando, não vejo graça. Mas Jackie ri.- Meninas, quando leram o testamento, eu estava em choque e em luto, e só queria honrar os desejos da minha irmã, então aceitei a mudança de vocês. Admito que fiquei magoado que seus pais tenham escolhido Katherine. Mas me dei conta de que escreveram o testamento a quinze anos atrás. Quando os Walters tinham três filhos, não dez. Vocês eram bebês e eu era um adolescente festeiro. Então, entendo que a sua mãe achou que eu não podia cuidar de vocês, mas, quero que voltem a sua antiga cidade. Antiga escola, rumo a Princeton. Comigo.



Continua...

it will you be mine?- Isaac GarciaOnde histórias criam vida. Descubra agora