— Me lembre de nunca mais entrar em uma briga — Comentou Pedro enquanto ele e Ane caminhavam de volta para a escola depois de fazer alguns curativos no posto de saúde.
— Como se eu fosse fazer isso – A ruiva bufou – Eu ajudaria se você estivesse em desvantagem, mas é óbvio que não ia impedir.
— Muito obrigado pela preocupação – Assim que o rapaz pronunciou essas palavras percebeu que eram mais sinceras que sarcásticas.
— De nada – Ane deu um leve tapa em suas costas antes de atravessar a rua e ele a seguiu quase imediatamente – Foi bom ver você não agir como o senhor namastê pela primeira vez.
— Achei que a gente concordava que o senhor namastê era o Rafa – Pedro lançou um olhar de canto para a garota. Ele sabia onde ela queria chegar e esse não era um território em que se sentia confortável.
— Nah. O Rafa é irritantemente bonzinho, do jeito que precisa de alguém que fique puto por ele as vezes.
— E esse alguém é você, né? – O loiro interrompeu com outro olhar de soslaio, em um tom que soava um pouco ciumento.
— Você esconde seus sentimentos com piadas – A ruiva continuou sem se importar com a interrupção ou notar seu tom – Acho que a única vez que vi você falar sério foi quando me contou que estava fazendo aulas de balé. Fora hoje quer dizer.
— E aqui temos o sujo falando do mal lavado – Pedro suspirou em um tom sofrido – Você percebe que faz exatamente a mesma coisa, né?
— Eu não. – A ruiva declarou ofendida – Eu nunca tento esconder quando tô com raiva.
— Claro que não, você só usa a raiva pra esconder todo o resto... – Pedro foi interrompido quando Anelise parou na sua frente e se virou para encará-lo.
— Não começa, Pedro.
— Foi você quem começou – O rapaz ergueu as mãos em um gesto apaziguador – E eu só tô dizendo que tá tudo bem em não ser tão durona as vezes... Quer dizer, o que aconteceu hoje, você não está triste, magoada ou...
— Furiosa... – A ruiva declarou, cerrando os dentes para confirmar suas palavras –Eu estou com uma puta raiva assassina.
— Sim – O rapaz acenou brevemente com a cabeça em reconhecimento – E o que mais?
— Pedro – O tom era de aviso, mas o olhar que Ane lhe deu era triste, quase como se estivesse implorando para ele parar.
— Tudo bem – O loiro suspirou, não conseguindo negar um pedido da garota, fosse verbal ou não – Mas se você não quer falar comigo, pelo menos fala com o Rafa, tá? – Ele voltou a andar esperando que a ruiva não notasse o ciúmes em sua voz.
— Você sabe que eu confio em você tanto quanto confio nele, seu idiota – A ruiva interpretou corretamente seu tom deu uma cotovelada dolorida em seu braço esquerdo. "Só que tem coisas que é mais fácil de contar para seu amigo gay que para o idiota loiro por quem se está apaixonada" completou em sua mente antes de acrescentar em voz alta – Mas a Bianca vai precisar de todo seu apoio agora e não tenho certeza se você não vai precisar quebrar mais uns dois ou três braços por ela até essa merda esfriar.
Pedro grunhiu com a menção a mão boba de Kevin. A possibilidade de outros idiotas tentarem alguma coisa com sua irmã ou Ane, o irritava e o amedrontava. E se ele não estivesse por perto da próxima vez?
Fora isso, a forma como Ane havia falado sobre Bianca e não sobre si mesma, também o incomodou.
— Eu também quebraria o braço dele se você com você — Sentiu necessidade de esclarecer. Ane nunca poderia pensar que significava menos para ele que sua irmã – Eu vou fazer isso se alguém tentar te tocar contra sua vontade.
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Um (quase) conto de fadas
Teen FictionUm rapaz rico, uma madrasta malvada e um baile de máscaras... Você já ouviu essa história antes, não é? Mas essa não é a história da Cinderela. Essa é a história de Rafael Garcia, um garoto gay de 17 anos que mora em Tabaréu no interior de São Paulo...