new year's haunting - the deal, ato II.

6.

[🍷]

Dez minutos depois, a vibração do motor ainda ecoava através do assento, mesclando-se com a melodia de Last Kiss, de outro álbum de Pearl Jam. Enquanto a paisagem se desenrolava do lado de fora - muitas árvores e um sol alaranjado clareando o céu - nosso destino era guiado pela estrada que se estendia à frente.
JJ, concentrado no volante, mantinha uma expressão firme sem balbuciar sequer uma palavra.

De longe, consegui enxergar o posto. À medida que nos aproximávamos, os letreiros luminosos começaram a piscar em neon, destacando a conveniência à beira da estrada. O posto de gasolina, com suas bombas alinhadas, estava abarrotado de carros. Era quase dia de ação de graças, afinal. O campus inteiro tinha pego a estrada.

JJ estacionou a Ram e o ambiente iluminado revelou o interior da pequena loja, repleta de produtos empilhados em prateleiras coloridas. O aroma de álcool se misturava ao de café fresco e comida rápida.

Deslizei para fora do banco mesmo sem um convite.

- Preciso comprar algumas coisas.

- Pelo amor de Deus, Kiara, não se atreva a desaparecer - reclamou, saindo do carro.

- Como se eu fosse querer perder a chance de passar mais tempo com você - revirei os olhos e bati a porta da picape.

Andamos juntos até a parte de dentro da conveniência. Enquanto fui para o corredor dos doces, JJ se dirigiu aos grandes refrigeradores de bebidas.
Meus olhos exploraram as prateleiras repletas de opções. Peguei alguns pacotes de salgadinhos, dois de Skittles, um de Taffy e umas três barras de chocolate para ir beliscando durante o caminho — era um grande exagero, mas quem liga?

JJ ainda estava parado em frente à seção de bebidas quando me aproximei. Ele estendeu o braço e pegou uma garrafa de vodka.

Minha mente me levou de volta à noite de halloween daquele ano. Eu quis rir.

— Esqueceu do seu último porre com vodka? — questionei, fingindo inocência, mas adorando vê-lo desconfortável.

JJ soltou o ar, furioso.

— Qual é a tua, Kiara? - rebateu, virando-se para mim. — Há poucos minutos atrás tu jurou que eu brigava sozinho e agora não fecha a merda da boca.

- O quê? — eu o encarei nos olhos. - Ficou putinho porque eu citei a noite de Halloween?

— Deixa eu refrescar a tua cabeça, porque eu acho que tu sofre de alguma condição - respondeu, dando um passo na minha direção. - Nós não temos nada a conversar sobre o que aconteceu no Halloween e tu precisa parar de achar que fazer da minha vida um inferno vai fazer a tua ser mais divertida. Não vai. E eu espero que a tua memória seja boa o suficiente para saber que o nosso passado está enterrado.

Um sorriso de desafio se abriu em meus lábios.

- JJ, sinto em te desapontar, mas eu não sou mais a Kiara que você costumava conhecer — dei mais um passo na direção dele. - E eu vou revirar o passado quantas vezes quiser, quando eu achar conveniente ou simplesmente quando eu quiser me divertir.

Ele permaneceu me olhando fixamente.

— Tu é uma sonsa, porra - cuspiu.

Não recuei. E também não tirei o sorriso da boca.

— E você, um cretino de merda.