Capítulo 2

10 2 10
                                    

Helena Santos


     Quando comecei a pensar no que eu queria ser da vida e o que faria com ela, uma palavra sempre esteve no topo da lista. Fotografia.     No último ano do ensino médio, dei início as buscas para cursos técnicos e faculdades de fotografias pelo Rio de Janeiro. De início, os meus pais ficaram um pouco inseguros e pessimista quanto ao meu amor pela fotografia. Não os culpo. O mercado de trabalho para fotógrafas às vezes não é o dos mais convidativos, quando estamos no início, mas se você souber trabalhar e aproveitar as oportunidades certas, tem grandes chances de crescer profissionalmente. E eu fico cada vez mais aliviada que esse cenário venha mudando ao longo dos anos. O que me da mais força para seguir na carreira.                                                                                                                                              

     Conforme eu me aprofundava a teoria e aprimorava minhas técnicas, o apoio da minha família crescia junto. Não posso dizer que eles são os incentivadores mais assíduos do mundo, mas não reclamam tanto quanto antes. E para mim isso já é o suficiente, porque o meu amor pela fotografia, basta como motivação para o meu coração.

     Abro as portas da galeria para organizar tudo antes de começar o dia. Durante o final do segundo semestre da faculdade, eu tive uma das melhores professoras do mundo, que acabou se tornando minha mentora e também amiga. Durante as férias, Cecília me ofereceu um estágio remunerado como fotógrafa assistente na sua galeria, onde eu recebo por cada obra que consigo vender aos clientes. Não está entre os cinco maiores salários do mundo, mas não tenho o que reclamar, consigo manter o aluguel do meu pequeno apartamento, graças a confiança da Cecília, porque ela me permite vender algumas das minhas fotos em suas exposições. Cecília insistiu em ficar apenas com 10% das minhas fotos vendidas. É impossível não querer guardar essa mulher num potinho no coração. Ela é gentil, engraça, inteligente e minha mãe paulista, como ela gosta de falar.                                                                                                                            Cecília vive me dizendo que tenho que abrir meu próprio Studio e uma galeria no Rio de Janeiro. Não nego que esse é um dos meus objetivos, porque mesmo morando em São Paulo, o meu coração ainda pertence ao Rio de Janeiro. Sempre que consigo, dou um pulinho na minha cidade maravilhosa para ver a família e alguns amigos. Ainda que, a última vez que isso aconteceu foi há uns meses.                                                                                                            Eu venho economizando para começar esse sonho, mas ainda falta a inspiração para começar. O que eu fotografaria para expor na minha inauguração? E nos dias que virão? Me pergunto isso todas vezes que começo a pensar no assunto, mas sempre parece que está faltando alguma pecinha.                                                                                                       — Bom dia, Cecília! — tranco a porta e ouço um barulho vindo da pequena dispensa. 

 — Oi, querida! Estou aqui trás. — ela responde e caminho até o som.                                                                   Quando a vejo, ela está em cima de uma cadeira tentando alcançar um pequeno pacote amarelo no armário de cima.                                                                                                                        — Quer ajuda? Vai acabar caindo daí.  — eu pergunto.                               
— São esses malditos biscoitos. Por que o Bruno insisti em colocar eles na prateleira de cima? Aquele idiota. — ela murmura.                                                                                                      Não consigo segurar a risada. Cecília é casada com Bruno e eles tem uma filha de 4 anos, Aurora. Por isso o nome da galeria. Cecília acabou batizou a filha com nome da princesa favorita, e como a pequena também é apaixonada pela princesa Bela, Cecília acabou juntando os nomes e surgiu a Bela Aurora.                                                                              Segurei a cadeira quando balançou para trás.   
     
— Consegui! — ela pula de volta no chão. — E aí? Como estão as coisa, Helena?   

Amor, águas e PantanalOnde histórias criam vida. Descubra agora