COMMANDER OF DEATH || Finnick Odair

II

And I was catching my breath
Staring out an open window
Catching my death
And I couldn't be sure
I had a feeling so peculiar
That this pain would be for evermore

Evermore - Taylor Swift

ELIZABETH

75° Jogos Vorazes

Flashbacks.

São como trazer lembranças que estavam no passado para a realidade atual.

Tudo ao meu redor conspirava para me afundar em um mar de memórias antigas e me impedir de compreender o que o presente me trazia. As fileiras de homens e mulheres separadas, os nomes dos tributos em papéis prontos para serem escolhidos, o filme da história dos Jogos, tudo parecia exatamente igual, porém completamente diferente.

A primeira vez que ouvi meu nome sendo chamado foi totalmente aterrorizante, mas agora é como se ser escolhida fosse reconfortante. A esperança que antes preenchia meu peito foi substituída pela dor. A afirmação de salvação que me um dia aqueles olhos me prometeram foi morta pela certeza mórbida que agora me encara. Como eu disse, tudo está da mesma forma, mas substituído pelo pior que a capital poderia criar.

Observo vitorioso por vitorioso presente naquele palco. A maioria irradiava medo de ser colocado para viver aquele pesadelo novamente, porém dois olhares se diferenciavam dos demais. O primeiro de Caleb, ele sabia exatamente o que a pintura no meu rosto significava e não podia estar mais pesaroso por ter que me ver presente em mais uma arena lutando por minha sobrevivência. Entretanto, enquanto o anterior tinha o entendimento estampado em suas feições, os olhos verdes ao seu lado buscavam reconhecimento. Tentavam descobrir em que lugar estava a garotinha que um dia ele conheceu. O desapontamento foi roubando o lugar da procura quando ele compreendeu que a Liz que um dia ele conheceu estava morta e nesse momento a única presente naquele corpo sem vida era a Comandante da Morte.

Finnick Odair, o meu primeiro mentor, era o dono dos olhos que tentavam achar a lembrança da mulher que um dia teve a capacidade de entrar em seu coração. Agora, ambos percebemos que as crianças que um dia fomos não se encontram mais e a única coisa que podemos fazer é nos lamentar pela perda da inocência. Corpos semelhantes ao passado, mas almas destruídas o bastante para se rejeitarem.

Seu nome ecoa pelo ambiente e por um instante acho que minha mente está pregando peças em mim, mas seu sorriso debochado desmente minha negação com sarcasmo. Sinto mais dor invadir meu peito e por um momento acredito fielmente que meu coração irá parar de bater, porque nem mesmo ele consegue lidar com tanta angústia.

O segundo nome é chamado, Annie Cresta. A emoção toma seu rosto e as lágrimas descem de seus olhos molhando suas bochechas pálidas. Posso ser considerada horrível, mas mesmo sabendo o que devo fazer espero um momento. A torturo por uns últimos segundos a fazendo acreditar que ela será realmente obrigada a fazer parte do show, mas para minha infelicidade a atração principal serei eu. Então, finalizando com a tristeza, digo com firmeza suficiente para trazer alívio em seu coração.

- Me ofereço como tributo - todos me encaravam surpresos pela minha posição a frente as outras como um escudo, cuja função é impedir que elas sejam lançadas de volta ao caos. Não sinto dificuldade em exercer meu papel, uma vez que um machucado amais não fará diferença para quem está acostumada com a queimação do sofrimento continuo.

As pessoas pareciam ter reações distintas. Algumas se perguntavam a razão para me fazer passar por isso outra vez, outras demonstravam orgulho ao olharem para a pintura em meu rosto e por último tinha aquelas que tinham esperança pela luta que parecia ser travada. Tudo se encontrava extremamente silencioso até uma mulher se colocar na frente das pessoas, se ajoelhar e, como fiz em meu primeiro jogo, pintar o rosto na região das pálpebras com tinta preta. Me sinto enojada com o fato que alguém iria querer esse símbolo em seu rosto e tudo piora quando um pacificador atira na mesma em minha frente.