capítulo 3

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O céu azul de Seul começou a se revelar através das janelas do prédio bege, enquanto a luz suave da manhã filtrava-se pelos vidros, criando um ambiente sereno que contrastava com a correria cotidiana. A cidade, ainda despertando, pulsava lá fora, mas dentro do apartamento de Suzi, tudo parecia suspenso em um instante de calma momentânea.

Sentada à mesa da cozinha, Suzi devorava seu café da manhã com uma pressa quase palpável. Cada garfada era apressada, como se o tempo escorresse por entre seus dedos, desafiando-a a acompanhá-lo. Sua expressão reflete uma mistura de determinação e ansiedade; os olhos rasgados, mas com um leve frisson de preocupação, denunciavam o peso de estar atrasada. Ela sabia que tinha compromissos de cumprir, e a pressão só aumentava à medida que os minutos se escoavam.

Ao seu lado, sua mãe a observava com um olhar carregado de preocupação. O silêncio entre as duas era denso, como o ar antes de uma tempestade. A mãe queria transmitir um aviso silencioso: - Vai com calma ou você vai se engasgar. Mas Suzi mal observa as advertências. Pensamentos sobre o compromisso iminente a consumir. A culpa por não ter ido para a cama mais cedo se misturava com a frustração por ter se deixado levar por uma conversa interminável em uma videochamada com seu amigo na noite anterior. Ele sempre soube como prender sua atenção, e, como resultado, a madrugada acabou se transformando em uma maratona de risadas e confidências.

Ela tomou um gol do chá gelado de limão. O gosto ácido descia lentamente pela garganta, provocando uma contração imediata dos lábios em uma expressão de surpresa e deleite. O frescor do limão, combinado com a doçura sutil da geleia, criava uma sensação revigorante que se espalhava pelo seu corpo, mas havia um pouco de tempo para saborear aquele momento. O relógio na parede continuou a marchar insistentemente, como um metrônomo lembrando-a de sua responsabilidade.

Com um movimento rápido, Suzi colocou o celular na bolsa bege, equilibrando a alça entre os dentes enquanto se concentrava no calçar suas botas marrons de salto baixo. O ato de se preparar tornou-se uma dança frenética. As botas, embora confortáveis, proporcionam um pequeno esforço para serem ajustadas corretamente. Ainda assim, ela não hesitou, certa de que cada segundo contava.

Levantando-se de forma apressada, contornou a mesa, sentindo a determinação se intensificar em seu olhar. Aquelas pequenas ações diárias, normalmente simples, foram solicitadas no meio da corrida contra o relógio. Ao se despedir da mãe com um beijo leve na bochecha, Suzi sentia a maciez da pele da mãe, uma sensação reconfortante que contrastava com a pressa que a envolvia. Era como se o mundo todo estivesse conflitantemente dividido entre a tranquilidade do lar e a agitação externa.

Assim que saiu de casa, o coração pulsando em um ritmo acelerado, ela correu em direção ao elevador. A cada passo, a ansiedade aumentava. Ao entrar na caixa de metal, tropeçou em seus próprios pés, fazendo com que suas bochechas corassem levemente de vergonha. No entanto, aproveitou aquele breve momento para arrumar os fios rebeldes que insistiam em escapar do coque improvisado que faria na pressa. Um pequeno sorriso involuntário surgiu em seu rosto ao pensar que, mesmo em meio ao caos, sempre havia um jeito de se manter um pouco elegante.

As portas se abriram e ao sair do prédio, Suzi foi envolvida por uma brisa fresca da manhã, carregada com o perfume das flores das jardineiras que adornavam a entrada do prédio. O sol ainda não havia se levantado por completo, mas já era possível sentir seu calor gentil aquecendo a pele. Ela pode vê seu amigo Micael, em seu icônico Fusca amarelo, o que dói na vista, de tão amarelo que era.

Com um sorriso tímido, Suzi adentrou o pequeno automóvel, depositando sua bolsa no banco traseiro. Um abraço apertado selou o encontro, e Micael, seus olhos negros cintilando de curiosidade, examinou seu vestuário.

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⏰ Última atualização: Sep 28 ⏰

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