Alina
Anos Atrás...O aroma de maquiagem misturado com o cheiro adocicado de flores preenchia os bastidores do teatro, enquanto Alina se preparava para a sua tão esperada apresentação. Seu coração batia com uma mistura de nervosismo e excitação, ansiosa para mostrar aos seus pais o quanto ela havia se dedicado no que eles queriam que ela fizesse, e oque ela ensaiou com muito empenho para deixá-los orgulhosos.
Enquanto a sua professora ajustava as fitas rosadas de suas sapatilhas e o seu tutu, Alina tentava controlar a sua respiração e seu coração que parecia que estava prester a sair de seu peito a qualquer momento.
Horas mais tarde, mergulhada em esperança e entusiasmo, ela havia perguntado a ele:
— Papai, você vai assistir a minha apresentação, né? Seu coração se inquietando quando ele assentiu e beijou o topo de sua cabeça.
Alina ajeitou pela última vez com as suas mãozinhas o laço rosa do topo de sua cabeça e juntamente com as suas outras colegas bailarinas, ela seguiu a sua professora até o espaço que ficava entre a imensa cortina do teatro e os bastidores.
Com o coração inquietante, Alina se pôs em seu lugar e esperou enquanto a cortina se levantava. Alina estampou um sorriso brilhante em seu rostinho e varreu a multidão em busca de um rosto familiar.
“Eu vou estar na primeira fileira, querida.”
Seus olhinhos passearam pela multidão em busca de um rosto que conhecesse, mas entre os espectadores entusiasmados e emocionados em ver suas filhas, não havia sinal de seu pai em lugar algum. Um nó se formou em sua garganta, ameaçando sufocá-la com a dor do desapontamento.
Quando a cortina desceu totalmente aplausos ecoaram pelo teatro, mas para Alina, o som era distante e indistinto.
O som suave da música preencheu o espaço, envolvendo-a em uma aura de graça e belezaAlina forçou um pequeno sorriso e tentou afastar os pensamentos que assombravam em sua mente. Mas enquanto dançava com graça e precisão, um sentimento de solidão a envolveu, sufocando-a com cada passo.
Ela se curvou com as outras bailarinas, forçando um sorriso enquanto suas pernas tremiam de exaustão e emoção reprimida.
Ver uma multidão de pais orgulhosos e com sorrisos emocionados a fez se perguntar se ela era não era digna de viver algo assim com o pai dela também.Naquele momento, Alina sentiu-se como uma pequena flor desabrochando em um campo vazio, sem ninguém para admirar sua beleza. As paredes do teatro pareciam se fechar ao seu redor, sufocando-a com a sensação avassaladora de abandono.
Ela se perguntou do porquê do seu pai não se importar com suas aspirações, se alguma vez ele a veria como mais do que apenas uma extensão de si mesmo. As palavras calorosas que ele costumava murmurar em seu ouvido, promessas de estar com ela e o seu apoio, agora ecoavam vazias em sua mente.
Nos bastidores, as lágrimas finalmente escaparam, traçando um caminho solitário por suas bochechas rosadas.
Enquanto suas colegas de dança riam e conversavam animadamente com seus pais, Alina sentiu-se envergonhada. Ela se agarrou à esperança frágil de que talvez seu pai aparecesse nos momentos finais, que ele correria para abraçá-la e parabenizá-la por sua performance. Mas a esperança era um fio fino, esticado ao ponto de ruptura pela realidade.
Enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, Alina sentiu-se traída por si mesma pela sua esperança, como se ela fosse uma tola por acreditar que seu pai estaria aqui.
— Alina!
Uma voz ecoou pelos bastidores, e quando ela se virou encontrou sua mãe vindo com os braços abertos em sua direção. Sua mãe se agachou e a envolveu em um abraço apertado que a tirou do chão, porém, ela não conseguia esboçar nenhuma reação.
— Mamãe, o papai não quis me ver? — Alina perguntou com uma voz chorosa e baixa, assim que se afastou de sua mãe e a olhou nos olhos.
A mulher desviou do seu olhar e em seguida a olhou nos olhos novamente, esfregando as mãos no ombro de Alina em um gesto de comforto.
— Querida, ouve um imprevisto e ele não pode comparecer. — Ela engoliu em seco e curvou os lábios em um sorriso forçado. — Mas o papai disse que sente muito, e que tem certeza que você brilhou lindamente no palco como uma florzinha.
Apesar do sorriso estampado no rosto de sua mãe, o seu olhar estava distante, marejado e triste.
Alina possuia seis anos, portanto, algo que ela havia adquirido muito ao longos do tempo foi reconhecer mentiras. Algo dentro de Alina dizia que as falas de seu pai era algo inventado pela sua mãe só para confortá-la, porém, ela tentou abraçar a idéia de que seu pai realmente havia dito aquilo, e isso, de alguma maneira, esquentou seu coração.
Naquele dia, Alina foi dormir inquieta e se remexeu na cama diversas vezes pensando na marca roxa que havia visto no ombro de sua mãe, na qual ela ficou a todo momento tentando esconder com a alça da bolsa.
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BREAK WALL | Roman Partizan
RomanceEm um país onde a política é um jogo de sombras, Alina, filha do presidente, vive sob constante ameaça. Para garantir sua segurança, Roman, um militar russo de elite, é designado como seu guarda-costas. No entanto, há mais em jogo do que a proteção...