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Alina

Já havia completado uma semana desde que vi a Spencer pela última vez.

Desde então, as buscas por ela se seguiam com os policiais e equipes de investigação. Meu pai, por mais relutante que ele estivesse, me ver em estado de vegetação em cima da cama o fez confessar para si mesmo, que o caso da Spencer era muito maior do que o seu preconceito estúpido.

Já que o desaparecimento de alguém que não tivesse muito dinheiro e midía como a família de Spencer provavelmente se tornaria só mais um caso isolado no meio de milhares, fiz com que meu pai instruisse e reforçasse as investigações de forma com que eles não parassem.

O som da voz de Spencer, o seu rosto preocupado e seu tom de incerteza a todo momento me infernizavam tanto quanto a mensagem que eu havia recebido.

Havia uma semana desde que isso aconteceu, e havia uma semana que eu estava caminhando a beira do precipício dentro da minha própria mente.

As atividades cotidianas que antes eu já relutava para fazer, havia piorado tudo em sentidos que eu jamais havia cogitado em um dia viver.

Eu nunca estive bem e meu corpo nunca esteve tranquilo, porém, me ver no reflexo do espelho me fez confessar para mim mesma que eu ainda não havia sentido todos os sentimentos inebriantes que eu achava que já havia sentido, até então.

Até o momento que o último fio que restava de vida dentro de mim havia se rompido.

“As pessoas que se aproximam de

você tem que começar a tomar cuidado.“

A minha culpa estava pairando nisso.

Eu fui a responsável.

Oque quer que havia acontecido com Spencer, era porque ela era próxima de mim.

E isso me infernizaria.

“Quem vai ser o próximo?“

Eu estava enrolada em meu cobertor, sentada na beira da cama. A luz fraca do abajur ao lado da cama projetava sombras suaves ao redor do quarto. Senti o tecido macio do cobertor em volta de mim, oferecendo uma pequena, mas insuficiente, sensação de conforto.

Catherin entrou silenciosamente, quase flutuando, e eu mal percebi sua presença até sentir a mão dela deslizar suavemente sobre minhas costas. Seu toque era delicado, cheio de compaixão, mas eu estava tão imersa em minha dor que mal conseguia reagir.

Ela se ajoelhou ao meu lado, trazendo consigo uma bandeja de café da manhã. O aroma doce do iogurte e o frescor das frutas inundando o ambiente.

— Querida — Catherin murmurou em um tom tão baixo que soava quase como um susurro. —, você precisa se alimentar.

Levantei meu rosto lentamente, sentindo o peso do mundo em meu olhar. Quando nossos olhos se encontraram, vi a preocupação refletida nos dela, aumentando ainda mais a minha culpa. Eu tentei falar, mas as palavras ficaram presas na minha garganta, e tudo o que consegui foi um movimento quase imperceptível de cabeça, negando a possibilidade de qualquer melhora.

— Vai correr tudo bem, Alina.

Não, não vai.

Eu queria acreditar nela, queria sentir a esperança que suas palavras tentavam trazer, mas uma escuridão profunda me envolvia, e eu sabia que nada correria bem. Não com Spencer desaparecida, não com a culpa corroendo cada fibra do meu ser.

BREAK WALL | Roman PartizanOnde histórias criam vida. Descubra agora