Portugal amanheceu com um sol brilhante. As flores estavam mais chamativas no jardim, e a luz do dia invadia a mesa de café da manhã através das janelas.
- Esses pães doces estão ótimos!
- Cornélia é ótima cozinheira! Quando estive em sua casa, a comida também era muito boa.
- Sim... Temos ótimas cozinheiras também!
- Sabe o que eu estava pensando? Mudando completamente de assunto. - Risos.
- Fala, pode falar.
- Sobre a decoração da casa... Talvez não esteja do seu gosto, pode atrapalhar no seu processo de adaptação. Ouça, se quiser mudar algo, ou talvez... Tudo... Fique à vontade! Pode decorar do seu gosto.
- É muita gentileza sua, mas jamais tocaria nas coisas dos seus pais.
- Existe sótão para isso! Essa casa é nossa, minha e sua. És a senhora de Alcântara Xavier agora, decore do seu jeito, tem permissão!
- Confesso que gostei muito, sempre imaginei como seria a minha casa. Obrigada, Heitor!
- Ah, é o mínimo...
- Pedirei ajuda para a Bila, ela me conhece desde menina.
- Bila... Era uma cativa da fazenda dos seus pais, certo?
- Conhecida como mucama da minha mãe. Foi... Um presente, minha mãe quis que ela viesse comigo.
- Então ela é sua escrava?
- Não a vejo assim. Não conversamos sobre isto, mas assim que estiver mais certa de mim, darei uma escolha para Bila. Ela poderá trabalhar para mim e receber para isso, ou quando voltarmos ao Brasil, posso dar-lhe a alforria.
- Isso será ótimo! Me admira.
- Heitor... Eu era chamada de santa em Camposul. Que santa essa é a favor de tamanho pecado? A escravidão, é o maior pecado da humanidade. Pergunto-me se haverá algo pior.
- Esperamos que não! - Ele deu um sorriso de canto. - Então peça ajuda para ela, e mude o que quiser, e como quiser.
- Será um ótimo passatempo!
- Quer saber outro? Um passeio! O que me diz de acompanhar-me em um passeio pela cidade?
- Um passeio? Ah, será ótimo! Mas e a fábrica?
- Um homem recém casado merece um dia de folga, sim? - Risos. - Termine o seu café, arrume-se, e sairemos....
Alfredo preparava-se para sair em viagens. Beijou a testa dos filhos e a mão da esposa, depois ditou suas ordens aos dois garotos.
- Não pensem que ficarei fora por muito tempo, e mesmo assim não façam bagunça, não aprontem, obedeçam sua mãe! Cuidem dela, e aprendam a ser responsáveis, principalmente tu, Benjamim... Chega de sair e passar horas e mais horas fora de casa!
- Tomarei conta da mamãe, meu pai! Vá tranquilo. Ficaremos todos bem!
- Que assim seja! Até logo, meus filhos, e minha esposa. - Alfredo saiu da casa, e entrou na carruagem para partir.
- Mamãe, posso brincar pelo jardim? - Perguntou Benício.
- Claro, bambino! E você, Benjamim... Trará a moça para cá?
- Mandarei a carruagem buscá-la agora mesmo! - Respondeu ele com um sorriso.
- Pedirei para prepararem algumas coisas para recebê-la, sim? Vá se arrumar tranquilo!
Benjamim mal acreditava na gentileza de sua mãe com Dara, e saiu sorridente da sala para vestir-se bem, mas sua mãe em seus pensamentos altos indagou-se para ela mesma.
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O Amor e o Tempo
Ficção HistóricaNo século XIX, em Camposul (cidade fictícia), Isabela Cavalcanti Grecco usa um véu cobrindo seu rosto por 18 anos, para cumprir uma promessa feita pelos pais, que a dedicaram a Nossa Senhora, e a igreja católica, para agradecer a vida de prosperidad...