Alguns dias depois...
Bela mostrava para Heitor alguns vasos com flores que pediu para Bila organizar. Queria a casa florida e perfumada, com a opinião do marido.
- Bela, há dias que lhe falei que a decoração da casa é do seu gosto! Mude ou acrescente o que quiser.
- Mas as flores estão do seu agrado?
- Sim! Esses lírios estão bonitos.
- Que bom! Não as encontro em Camposul.
- Agora tens um jardim repleto de lírios para apreciar e colher! - Sorriu.
- Sim! Gosto de cuidar do jardim, é uma maravilha! Também gosto de rosas... Vou falar com o jardineiro!
- É tão bom vê-la assim, Bela. Estás sorridente, tão cheia de vida! Arrisco dizer que verdadeiramente gostas de estar aqui.
- Estou me adaptando... E tudo tem sido diferente nos últimos dias. Estamos mais falantes um com o outro, percebe?
- De fato! Como chegamos a nos dizer: Não nos casamos por amor nas isso não é motivo para a gente se odiar.
- Foram as palavras certas. Agora os dias parecem mais leves!
- Quero que saiba que tem sido um prazer a cada dia conhecer um pouco mais de você, Bela. - Ele a olhou nos olhos.
- Igualmente, Heitor... Tem sido um prazer conhecê-lo! És um bom amigo para mim. - Ela sorriu sem jeito.
- Sim, mas...- Senhor?! O senhor Luís o espera. Mandei-o entrar, está pelo lado de fora, disse que iria esperar lá mesmo. - Disse Bila ao entrar com Cornélia para dentro da casa.
- Ah, claro! Ele vai junto comigo para a fábrica resolver alguns negócios. Obrigado, Bila!
- Algum problema, Heitor? - Bela se preocupou.
- Não! Apenas ele é mais experiente em alguns assuntos e o chamei para me ajudar, meu pai está mais afastado.
- Então é melhor ir, não o deixe esperando.
- De fato! Hoje não almoço em casa... Vejo você à noite, no jantar!
- Claro! - Ele a beijou na testa despedindo-se, e saiu.- Senhora, devo ir buscar o tapete da sala no atelier?
- Oh sim, Cornélia! Já havia me esquecido. Quer que Bila a acompanhe?
- Não precisa, dou conta sozinha.
- Então vá! Já está tudo acertado por lá.Após Heitor, Cornélia também saiu, deixando Bela a sós com Bila. Ambas relembraram tempos em Camposul, e Bila não deixou de comentar com a patroa sobre a diferença que era notável entre ela e o marido.
- Ah, sim! Heitor se tornou um bom companheiro... É meu amigo!
- Senhora, ele é teu marido!
- Sei disso, Bila... E tu sabes da nossa história. De qualquer forma, vivemos com as aparências de um casal quando estamos em público. Esses dias estão sendo tão felizes! - Alguém bateu na porta.
- Quem será? Olha que cabeça a minha! Melhor abrir... É... É uma senhora!- Pode me tratar como senhorita. - Disse a mulher assim entrando, com um vestido vermelho chamativo e decotado. - Eu gostaria de falar com o dono da casa!
- Com o senhor Xavier? Lamento, ele mudou-se, agora o dona da casa é o filho dele, Heitor. Eu sou esposa dele! - Bela se apressou em fazer sinal para que Bila a deixasse responder.
- Enganou-se, querida. Vim falar exatamente com o Heitor... - Ela olhou Bela dos pés a cabeça. - Onde ele está?
- Trabalhando. Perdoe-me, mas... Quem é você?
- Uma grande amiga do Heitor! Soube que ele voltou de viagem, e como não me procurou, eu mesma resolvi procurá-lo! Oras... Tu és a esposa? A tão falada santinha?
- Meu nome é Isabela! Heitor, meu marido, como eu já disse está trabalhando.
- Querida, não se ofenda! É um prazer conhecê-la! Tão bela... Como diz seu nome... Mas agora, tenho que ir, já que Heitor não está.
- Perdoe-me! Quanta indelicadeza, não quer se sentar? Aceita algo?
- Oh, não! Estou bem. Apenas diga ao Heitor que estive aqui, e que hoje você recebeu a visita da amiga que ele se esqueceu de procurar... Catarina Monteiro!
- Catarina... Seu nome é Catarina?
- Sim, não se esqueça, Catarina Monteiro! Foi um prazer conhecê-lá... Querida Isabela! - Catarina deu um sorriso de canto e saiu.
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O Amor e o Tempo
Fiksi SejarahNo século XIX, em Camposul (cidade fictícia), Isabela Cavalcanti Grecco usa um véu cobrindo seu rosto por 18 anos, para cumprir uma promessa feita pelos pais, que a dedicaram a Nossa Senhora, e a igreja católica, para agradecer a vida de prosperidad...