No domingo de manhã, Marina levantou com o rosto todo inchado, ao se olhar no espelho não viu a mesma pessoa de ontem, se sentindo incomodada por não ter tomado banho no dia anterior, resolveu tomar um, ela tirou suas roupas, e colocou uma toalha em volta do corpo e foi para o banho, enquanto a água do chuveiro caia em sua cabeça, ela começou a pensar em milhares de coisas ao mesmo tempo, do pior ao melhor. Em uma delas ela se imaginava, em uma praia, correndo na areia, usando um belo biquíni, coisa que ela nunca usou e nunca viu, a não ser na televisão quando assistia as novelas, ela se imaginava livre, se imaginava como seria sentir a areia em seus pés, as ondas batendo em seu corpo... Pensava também em como seria as cidades grandes, prédios gigantescos um ao lado do outro, paredes e pontes pichadas, igual via nas novelas, ela queria ser livre, em qualquer lugar, sonhava em sair dali. Pensava também em sua vida atual, onde morava, e como era sua vida, trabalhava durante o dia, lia livros durante a noite antes de dormir, era a melhor coisa que fazia, pois diferente da televisão ela poderia imaginar da maneira dela, e fugia para outro mundo, sua mente estava em todo lugar, enquanto a televisão só mostrava imagens. E por último, pensou em seu pai, que aliás, quem seria seu pai, sua mãe nunca falava sobre ele, será que ele realmente morreu?
Desligou o chuveiro e voltou para o mundo real, enxugou seu corpo, seu cabelo, se enrolou na toalha e foi para seu quarto, ela entrou e empurrou a porta, mas ela não fechou totalmente. Marina, desenrolou sua toalha, colocou suas roupas íntimas, e apenas de calcinha e sutiã se olhou no espelho, ela reparava nas curvas de seu corpo, ela gostava do seu corpo, mas era tímida demais para expor qualquer parte um pouco mais do que o normal, não gostava de mostrar seu corpo, ficou na ponta dos pés, se imaginado de salto alto, como via as mulheres na televisão, olhando para o espelho virava seu corpo, como se quisesse olhar ele por inteiro, admirava cada sardinha que encontrava, com seu olhos fixos no espelho ela reparou em um pequeno rosto no vão da porta, virou de repente e viu Vicente olhando para ela, ele rapidamente saiu dali antes mesmo dela poder gritar.
— Sai daqui!
Seus olhos se encheram de lágrimas e ela começou a se vestir, uma camisa grande e larga, e seu pequeno short vinho desbotado.
— Quando foi para a cozinha, a mãe estava cozinhando, sem sinal de Vicente.
— Mãe, por favor... — disse quase chorando.
— O que foi minha filha? — perguntou a mãe desesperada.
Ela abraçou a menina e em silêncio ficaram por alguns segundo ali.
— Eu estava trocando minhas roupas — começou Marina, — e vi ele me olhando pela porta.
— Isso precisa de um basta — falou Rute com raiva — Isso acaba agora.
Ela soltou sua filha dos braços e foi em direção ao bar, Vicente já estava abrindo as portas quando ela o abortou.
— O que é que você pensa que está fazendo?
— Do que você está falando mulher? — disse olhando bravo para ela.
— Você sabe muito bem! Fique longe da minha filha!
Vicente se virou de um tapa no rosto de Rute.
— Você precisa parar com essas paranoias, está me entendendo mulher? — falou bem nervoso olhando no fundo dos olhos de Rute, que agora fazia uma cara triste e com a mão em seu rosto onde sofrera o tapa. — Eu já te avisei mil vezes, sobre quem é que manda aqui!
— Você pode mandar, mas não em mim e minha filha!
— Vocês vão me obedecer sim, — fez uma pausa dramática, — sou eu as alimento todos os dias! Se quiser ir embora vá!
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SharpModel
RomanceA quilômetros de distância da cidade grande havia um pequeno vilarejo de estrada no meio do nada, com poucas pessoas, hotel para viajantes onde era raro aparecer alguém pois era muito velho e feio, assim como o resto do local, mas neste bar havia um...