A perda e o recomeço.

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Um dia após o festival, a tranquilidade da vila à beira-mar foi abruptamente interrompida pelo rugir das ondas quebrando e pelo estrondo das embarcações vikings aproximando-se. Os guerreiros inimigos, silenciosos e discretos desembarcaram, seus olhares determinados refletindo o desejo insaciável de conquista.
O impacto das botas pesadas dos vikings ressoou nas praias, ecoando como uma sinfonia sinistra que prenunciava o conflito iminente. Os guerreiros da vila correram como se sua vida dependesse disso – realmente dependia – pegaram suas espadas, arco e flechas, machados e armaduras.

As lâminas reluziam à luz do luar, pintando um quadro de batalha onde o mar testemunhava a ferocidade. À medida que a luta se intensificava, a sensação de desespero se infiltrava entre os guerreiros da vila. O choque de verem companheiros tombando ao chão sob as lâminas reverberava em seus corações e instantaneamente marcava a cena triste em suas memórias.

Os reis foram a luta, Namjoon e Seokjin sem armadura apenas com arco e flechas e um espada. Namjoon sempre fora destemido, sem medo alguns ele batalhava.

Se eu morrer em batalha, saibam que morrerei feliz em ter ajudado a protegê-los.

Seokjin estava de longe, suas flechas perfuravam facilmente. Ao ver que a batalha estava quase encerrada, sua atenção foi fixada em Namjoon que estava deitado no chão, sangrando muito. O sangue era notório, estava na areia ao redor, as mãos de Kim Namjoon estavam cobertas por seu próprio sangue.

— Pai! — Jungkook gritou enquanto aproximava-se com Jimin.

— Atingido por espada — Park analisou o ferimento — Rei, por favor, não feche os olhos, mantenha sua atenção aqui — estalou os dedos em cima de seu rosto chamando a atenção para ele.

— Jimin!

Antes que pudesse virar e perceber, Kim Seokjin entrou em uma frente recebendo uma flecha em seu peito.

O líquido vermelho escorria por suas vestes, a ponta da flecha era vista por Jimin enquanto os olhos arregalados e a respiração surpresa mantinham-se presentes. A boca de Jungkook, este que estava do outro lado de Namjoon, encontrava-se entreaberta, não demorou para que levantasse e fosse de encontro ao corpo de seu pai que sangrava sobre o colo de Jimin.

— Não! Não! Pai, pai, pai — Balança os ombros dele enquanto tentava pensar em algo — Ei! Acorda, fica aqui, não feche os olhos! Mantenha a consciência aqui, conosco!

— Taehyung! — Jimin gritava o mais alto que conseguia desejando que seu amigo estivesse por perto. — Taehyung, por favor!

— Vá atrás dele, Park! Busque por ajuda, eu consigo ficar aqui com eles. — Jungkook dizia com seu rosto avermelhado e lágrimas caindo.

Park em silêncio levantou-se indo em direção aos corpos no chão, tudo que menos queria era pensar no pior. Seu peito apertava a cada guerreiro conhecido que via, já sem vida, na areia.

Assustador.

Jimin suspirou ao perceber que Taehyung e Hoseok não estavam em meio aos corpos. Correu incansavelmente até a vila, o vento soprando contra seu rosto enquanto sua respiração se tornava um ritmo acelerado. O pulso acelerado ecoava em seus ouvidos, uma batida constante de urgência. O suor perlava na testa de Jimin, e seu peito arfava enquanto ele alcançava os limites de sua resistência.

— Yoongi, você viu Taehyung?

— Ele está em minha casa, cuidando dos ferimentos de alguns guerreiros. — percebeu o desespero notório de Jimin — O que houve, Park?

— Os reis foram feridos. Gravemente

Suas palavras fizeram Yoongi acompanhar seus passos acelerados até sua casa. Taehyung encontrava-se andando de um lado para o outro limpando ferimento, o olhar cansado e assustado estava presente em sua face.

— Tae!

Ao alcançar seu amigo, Jimin, ofegante e exausto, abraçou Taehyung com força.

Graças aos deuses.

Os reis foram gravemente feridos, estão na costa, perto dos barcos. Por favor, corra até lá.

Yoongi acompanhou Taehyung enquanto Hoseok e Jimin ficaram observando os ferimentos, se estava parando de sangrar e tudo mais. Hoseok estava calado, suas mãos trêmulas e seu olhar em todos os detalhes do local.

— Hoseok...você ainda tem fobia de sangue, não é?

— É óbvio, sinto que vou desmaiar tem quase uma hora.

Desmaiar.

— Céus, eu preciso ir! Sente-se, Hoseok.

Correu o mais rápido que pôde e ao chegar, deparou-se com a cena de Jungkook, Yoongi e Taehyung em silêncio. O príncipe curvado no chão, a testa encostada no corpo de seu pai Namjoon e sua mão nas mãos de Seokjin.

Rapidamente Jimin deslocou-se aproximando de Jeon, com cuidado e delicadeza abraçou as costas de seu namorado. O calor produzido por seu corpo fez com que Jungkook despertasse do transe que estava. Ao levantar-se e olhar Jimin, o choro desesperador veio com força, caiu nos braços e colo de Park, apertava seu corpo enquanto tentava buscar por ar.

— Hoje todos nós perdemos pessoas próximas...você não está sozinho, meu amor. Estou contigo, toda a vila está contigo.

— Eles se foram... — a voz trêmula indicava o misto de emoções que sentia. — Por que teve que ser assim? Não mexemos com mais ninguém e eles insistem em nos procurar!

A primeira fase do luto talvez seja essa. A sensação de estar envolto á névoa, incapaz de aceitar completamente a realidade dos fatos. Os sentimentos de tristeza profunda e desamparo logo começarão a emergir, muitas vezes acompanhados por uma série de perguntas sem resposta.

Eu estarei contigo, Jungkook.

— Nós sentimos muito.

O Trono sobre Amor e Corpos. [jjk+pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora