o primeiro beijo

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Depois do nosso primeiro encontro, Fourth e eu decidimos que ali seria nosso local quando quiséssemos passar um tempo juntos. Naquele dia conversamos bastante na estrada, em seu carro que tinha um cheiro de framboesa refrescante enquanto tocava alguma música calma da minha playlist — que ele pediu pra tocar —.

Faz um mês que estamos saindo, apenas como dois bons amigos se conhecendo melhor. Contei toda a minha vida pra ele nesse meio tempo, coisa que me deixou surpreendido já que não curto muito falar do meu cotidiano.

— Gem? – Ouvi sua voz rouca me chamando.

— Sim?

— Acho que sou um cara sortudo.

No momento estávamos deitados no enorme quarto de hotel com estrelas que brilham no teto. Como era sábado, não vimos problema algum em vir pra cá de novo.

— Por que?

— Você aceitou sair comigo mais de uma vez sem ligar que eu seja um tagarela, traumatizado e carente. Me torna um cara sortudo.

Sorri envergonhado, ainda bem que as luzes estavam apagadas e o brilho das estrelas não era tão forte assim. Eu também me sinto sortudo, pensar na pessoa certa me fez perceber que se ela realmente existe com certeza é o Fourth, ninguém além dele.

— Eu também. Pensei que você só queria me beijar, que depois do nosso primeiro encontro veria que eu não tenho atitudes e que nossa relação não seria mais que conhecidos.

— Já falei desde o começo que beijo é o de menos, eu estou a um mês tendo a sua companhia pelo menos em um dia da semana e isso pra mim já é incrível.

— Mas eu queria, sabe? Queria beijar você.

Não sei nem de onde tirei coragem pra falar isso, Gemini bêbado já teria beijado Fourth Nattawat milhares de vezes, mas Gemini sóbrio é levemente caído pelo gatinho de cabelo bagunçado e sorriso bonito. Perdão por falar de mim na terceira pessoa, estou tão nervoso.

— E por que não beija?

Ele se sentou e eu fiz o mesmo, ficando lado a lado. Por que não beijo? É uma ótima pergunta, pena que eu não faço idéia de como responder. Péssima hora pra ser introvertido, quieto e sóbrio.

— Meio que...

— Eu nunca beijei ninguém, Gem. Como vou fazer isso primeiro?

Ah, é verdade! Ele namorava pela internet desde os quinze anos e antes disso nunca teve vontade de ficar com alguém, acho muito fofo mas isso me deixou mais nervoso ainda.

— Desculpa.

Sorri e me aproximei dele aos poucos, podia sentir o seu sorriso quando fui chegando mais perto. Juntei nossos lábios devagar e assim como eu, ele também estava muito nervoso com tudo isso então tenho que fazer com que seja especial para o nosso primeiro beijo. A princípio foi apenas um selinho, mas depois pedi entrada com a língua e ele cedeu hesitante, fofo. Depois só deixei rolar até quando precisamos de ar, foi um beijo calmo e bom.

— Meu Deus, isso foi horrível pra você? – Perguntei já que ele começou a rir.

— Óbvio que não, Gem. – Me puxou para outro beijo, só que dessa vez um beijo rápido. — Eu ri porque fiquei nervoso e com medo de você ter odiado, difícil ser bv aos vinte e dois.

— Sua festa de vinte e dois foi temática da Taylor Swift.

Falei lembrando das fotos que ele me mostrou, isso era estranho pra caralho quando não se é mais adolescente, mas no Fourth eu achei tão adorável que se o conhecesse nesse tempo iria vestido de James ou até mesmo de Romeu.

— A sua deveria ser também, eu ia amar organizar.

— Deus que me defenda.

Ele deitou em meu colo e eu comecei a lhe fazer cafuné, seu cabelo era tão macio e cheiroso que ele me conquistaria apenas me passando seu perfume. Sei que é esquisito, mas ele todo tem o mesmo cheiro gostoso, não tem nada mais prazeroso do que cheirar o seu cangote.

— Você tirou o meu bv, me sinto uma criança de dez anos brincando de verdade ou desafio numa garagem escura no meio de uma festa de aniversário de um ano de alguém chamado Isaac.

— Isso foi tão específico, você tá bem?

— Eu tô – Riu. — Eu estou nas nuvens.

— Por que?

— Porque você faz com que eu me sinta flutuando. Isso é o melhor sentimento que já tive em toda a minha vida.

Eu sorri e beijei sua testa antes de levantar para comer algo, ou melhor dizendo, fazer algo para comer. É duas da manhã, sempre que estamos juntos passamos metade da madrugada conversando, depois vamos fazer um lanche e por fim vamos dormir agarradinhos.

Quando cheguei na cozinha, ele veio atrás fazendo biquinho e resmungando que levantei sem avisar, estragando seus cinco minutos flutuando. Seu cabelo estava bagunçado – como sempre – e entrando no olho, ele sempre faz careta como se automaticamente fosse sair de lá, algo que eu acho muito fofo.

— Ei, pare com isso tá parecendo com uma criança birrenta.

— Repete isso, Norawit.

— Tenho amor à vida, Nattawat.

the very first nightOnde histórias criam vida. Descubra agora