| 3 | Voyeur

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| Alexandre Nero |

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| Alexandre Nero |

Virei na cama pela enésima vez naquela noite, o relógio do celular marcava 3:30 e eu ainda não tinha conseguido pregar o olho direito. Me deitei depois de assistir a três episódios de Lupin, demorei muito para pegar no sono, com o pensamento atravessando aquela maldita janela, o fato de eu ter sido pego invadindo a intimidade de outra pessoa tinha me afetado bastante, meu breve cochilo foi interrompido por um pesadelo onde me davam voz de prisão enquanto eu, com o pau duro na mão, olhava a vizinha. Não conseguia mais dormir depois disso.

Sempre fui um homem muito correto, atribuo isso à minha criação, ao fato de ter sido obrigado a amadurecer muito cedo e ter sido pai com a idade que minha filha tem agora. Nunca faltei o respeito com mulher alguma, nunca fui um filho da puta, não houve traição quando eu estava com a mãe da Nina, nem nesse período em que eu estou com a Cléo. Longe de mim fazer alguma coisa sem o consentimento da outra pessoa, mas aqui estava eu — um cara da lei que tem por profissão julgar condutas alheias — dando o veredito em um caso de invasão de privacidade no qual eu era o réu. Culpado. Se ela me denunciasse não estaria errada.

Não sei em quanto tempo consegui pegar no sono outra vez, mas a julgar pela tímida luz do sol que atravessava a fresta da janela e me despertava, eu poderia ter certeza que não dormi mais do que  duas horas completas. Me espreguicei na cama lembrando das imagens indecentes que ocuparam minha mente durante o último período de sono, imagens envolvendo minha língua e aquele corpo espetacular, imagens essas que me fizeram acordar excitado.

Talvez eu esteja precisando transar.

Sábado • 02 de dezembro • 06:02
Era o que mostrava na tela do meu celular, sobreposto a uma imagem minha e da Nina quando ela ainda era um bebê, eu tenho muito apego às nossas fotos antigas, provavelmente porque essa fase das nossas vidas foi a base do piloto automático, eu sentia falta de cada momento que a gente não conseguiu passar junto por causa da minha rotina de estudo e trabalho na tentativa de trazer o melhor para ela.

Alcancei o aparelho que vibrava na mesa de cabeceira notificando uma mensagem de whatsapp: "Alê, tô indo passar o final de semana com você", sorri genuinamente feliz com a notícia e agradecido por não ter sido pego de surpresa, geralmente eu não gosto de ser surpreendido. Abri a conversa e junto com a mensagem havia uma foto da mulher de longos cabelos escuros, ela estava dentro do carro, tinha os olhos sorridentes e um biquinho nos lábios.

Talvez a vinda da minha namorada seja realmente o que eu preciso para arrancar aquele inferno de mulher da minha mente. Sei que eu e a Cléo ainda temos muito o que conversar sobre a nossa relação, mas acredito que a conversa pode suceder ao sexo, tenho certeza que ela também está sentindo falta, sempre funcionamos muito bem na cama. Eu teria mais ou menos 4 horas até sua chegada, resolvi levantar para despertar de uma vez e cuidar de algumas coisas. 

Tomei um banho bem gelado e vesti roupas leves, fiz um café preto, forte e sem açúcar, bebi duas xícaras dele antes de sair de casa para correr no calçadão de Copacabana. Era a primeira vez que eu fazia algum tipo de exercício físico desde que cheguei, não foi por falta de tempo, mas sim de foco, senti a coluna reclamar um pouco, uma coluna de quase 37 anos que passou pelo menos 6 carregando uma criança, eu precisava com urgência me matricular em uma academia, fortalecer a lombar e manter o corpo em dia.

Janela Indiscreta | GNOnde histórias criam vida. Descubra agora