O ruivo e eu atrás de uma árvore.

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Taehyung tinha o olhar perdido pairando na estrada. Os seus olhos mal enxergavam mais do que dois palmos e ele sentia a garganta quente. Por um tempo, aquela sensação amarga corria os seus pulmões. Agora, não passava de uma breve carícia que aquecia todo o seu peito.

Levando o baseado outra vez em direção aos lábios, deu uma longa tragada e segurou. Logo, a fumaça escapou com calma e misturou-se em meio ao ar límpido do dia quente. Ainda olhando para a estrada, continuou fumando como se as horas não passassem.

O seu cabelo balançava suavemente contra o vento, preso por uma bandana vermelha, e as suas roupas pareciam uma bagunça. Taehyung suspirou fundo, apenas relaxando naquela moita e gostando de escutar o silêncio do ambiente.

— Seu vagabundo, acorda! Para de fumar essa merda!

Taehyung piscou com calma, saindo de seus pensamentos e olhando para o melhor amigo. Jeon Jungkook estava parado perto da caminhonete velha, com uma expressão séria e os braços cruzados rente ao peito. Ele usava uma regata branca e uma calça larga caramelo sem cinto, que mal parava em sua cintura.

— O que foi, amigo? Que estresse todo é esse? — A sua voz rouca soou lenta e calma. Assim, levou o baseado para a boca, não se importando de tragar mais uma vez.

— Vamos! Eu já comprei comida. Entra no carro logo!

Ficando em pé com um pouco de dificuldade, Taehyung tropeçou algumas vezes enquanto andava. Os seus passos arrastaram o seu corpo em direção à caminhonete e logo sentou-se no banco do passageiro, ao lado do motorista.

— Você foi tão rápido. Eu nem consegui queimar inteiro — falou, apagando o baseado. Colocou a pequena folha em um saco plástico e o jogou no banco de trás, onde outro amigo dormia. — Merda, eles não acordaram? Estão dormindo desde que saímos da cidade.

— Jimin falou que passa mal em viagens assim, ele fumou umas e apagou — contou Jungkook, ligando o motor e começando a dirigir. Um óculos escuro protegeu a visão dele do sol. — Eu vou acordar ele na próxima parada.

— Nossa, mas a praia é longe... — Taehyung resmungou, inclinando um pouco mais o banco para que pudesse deitar. Os olhos dele latejaram, um pouco vermelhos por causa da maconha. O corpo dele relaxou. — Eu não via a hora de relaxar...

— E quando você não relaxa, Taehyung?

— Na cidade... as pessoas, os carros... muito barulho...

— Ei, Taehyung! Para, cara! Não vai dormir agora!

Taehyung bocejou, olhando para o lado e vendo que Jungkook tinha o cenho franzido.

— Qual é? Você pode dirigir sem mim.

— Nós fizemos um trato! Enquanto eu dirijo, você fala comigo!

— Coloca uma música aí e curte a brisa...

— Taehyung!

Rolando os olhos, Taehyung arrumou-se no banco e ergueu as pernas para apoiá-las no painel da caminhonete. Remendando as palavras de Jungkook, gostando de deixá-lo irritado, tentou arregalar os olhos para manter-se acordado.

Taehyung era um homem jovem, de vinte e seis anos. Ele vivia uma vida tranquila e calma no interior da cidade, mal fazendo alguma coisa além de fumar e aproveitar a vida da forma que podia.

Ele não se lembrava da última vez que o seu coração ficou agitado por algo que não fosse ervas alucinógenas. Gostava de viver assim, de uma forma que a sua realidade fosse distorcida em meio à natureza e à música. Parecia bom para ele.

— Taehyung, acorda!

Taehyung bocejou novamente, procurando por uma lata de cerveja quente que estava debaixo do banco. Bebeu para acordar e pareceu funcionar pelo tempo que precisava. Portanto, seguiu o restante da viagem com os olhos abertos e o corpo mais lento do que o de costume.

Como (não) se apaixonar por um hippie.Onde histórias criam vida. Descubra agora