Capítulo 2

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Havia um silêncio ensurdecedor dentro da casa principal da fazenda Thronicke. Gustavo permanecia calado depois de escutar a confissão de seu pai, já Silvia tinha os olhos imunda dos por lágrimas que não cessavam e escorriam ainda mais ao ver Soraya sorrindo de todo aquele escarcéu por algo que todos já sabiam que acontecia.


— Não, eu não pensou em aceitá-las — Silvia foi a primeira a esbravejar o que sentia no peito — Essas duas podem ir morar com o diabo, mas aqui elas não vão ficar – Olhou para Branca dos pés a cabeça — Não vou deixar essa vagabunda fi...


— Meça suas palavras, irmãzinha — Disse Soraya, em defesa de sua mãe.


— Por acaso eu estou falando alguma mentira? Sua mãe se meteu com o meu pai sabendo que ele era um homem casado. Você é a prova desse pecado, dessa traição suja e desleal.


— Chega — Fernando controlou a situação, conhecia Soraya o suficiente para saber que a resposta para Silvia a faria chorar por mais ou menos dois dias seguidos. E como ele era o causador de todo aquele mal estar, era mais que justo colocar um basta nas ofensas — Não vou permitir que se tratem como duas mulheres de rua, que se agridem. As duas foram educadas nas melhores escolas para moças do país, exijo um comportamento a este nível.


— O que você esperava, meu pai? — Foi a vez de Gustavo interferir — Que a gente recebesse o seu erro de braços abertos?


— Sendo ou não da vontade de vocês, os três partilham o mesmo sangue. Pensei que pelo menos em você, meu filho, poderia encontrar um pouco mais de sabedoria e compreensão. Um sorriso amargo e cheio de decepção se formou no rosto de Gustavo.


— Lamento te decepcionar, mas a maior tristeza quem sente sou eu. Hoje soube que você nunca foi o homem íntegro e honesto que a minha mãe sempre amou e honrou.


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Os passos de Martina ecoavam por todo o corredor, avisando Victoria que a interrogação começaria. A empregada adentrou o quarto, encontrando a mulher sentada de frente ao espelho de sua penteadeira, respirando pesadamente, tentando disfarçar a cara pós sexo. Os lábios inchados, o cabelo enrolado todo bagunçado a entregavam de primeira.


— Posso saber onde você estava?


— Por aí — Victoria respondeu, enquanto passava as mãos pelos os cachos perfeitos de seu cabelo.


— Estava com ela, não é?


Victoria cravou seus olhos no reflexo da empregada parada atrás de si.


— Ai Marti, por que você pergunta se já sabe a resposta — Riu por pura afronta.


— Não acha que é perigoso demais o que está fazendo?


Victoria parou de mexer nos cabelos, virou-se para encarar os olhos da mulher e respondeu cinicamente:

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