IX

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"Se você tem um grama de bom senso e um bom amigo, não precisa de um analista."

Joan Crawford.

— Você é uma lenda neste lugar, garota! — Olhei para minha, posso dizer, colega assassina de Howard, com o cenho franzido. — Quer dizer, todos, os que conseguem formular uma frase pelo menos, estão falando da garota que desafiou a megera da Ofélia e saiu viva!

— Essa seria eu, suponho.

— Obviamente!

Apenas neguei com a cabeça observando o girassol que eu tinha em mãos, hoje era dia de tomar sol, eram raros os momentos que podíamos respirar ar fresco e tomar um pouco de sol, então por isso eu estava aproveitando ao máximo. Bianca estava ao meu lado, sentada em um dos bancos que ficavam espalhados pelo jardim.

— Me conta exatamente tudo que aconteceu!

— Nada demais, eu basicamente chamei a velha do tratamento de hipócrita ou algo do tipo e ela me bateu com uma régua, bem na boca, doeu como o inferno, mas depois disso me mandaram para sala da diretora e eu meio que chamei ela de hipócrita também.

— Uau.

— Sim, uau, me surpreendo de não estar naquela tal sala não sei o que da reflexão que mais parecia uma solitária.

— E por quê? — Perguntou interessada.

Olhei ao redor para ver se tinha alguém próximo, ao perceber que não, me virei para olhar o rosto da minha colega pensando se falava ou não, após um longo conflito interno respirei fundo tomando coragem, eu precisava falar com alguém sobre o que aconteceu, tanto para desabafar quanto para garantir que alguém soubesse do real motivo se eu aparecer assasinada... Posso estar exagerando, mas vai que não.

— Se você contar isso para alguém, eu nego até a morte e você será vista como mais louca do que já acham que você é. — Ela apenas contorceu o rosto e logo em seguida revirou os olhos.

— Para quem eu irei falar seu segredinho? Para o Michael? — Apontou para um homem rechonchudo que estava sentado no gramado e parecia muito feliz em comer grama com terra. — Ele certamente nem entenderia.

— Michael! Já disse para não comer terra! — A irmã sorridente, como eu apelidei a freira que vi quando cheguei, tirou o homem do chão e o levou para dentro de Howard.

— Eu... Eu posso, talvez, ter beijado a diretora da MadHouse. — Dei de ombros.

Bianca somente acenou com a cabeça distraidamente, logo em seguida arregalou os olhos assimilando o que eu disse e depois vi sua boca abrir em choque, mas com certeza o que mais me surpreendeu foi o tapa no braço que recebi. A maldita tinha a mão pesada.

— Me desculpe, precisava conferir se você realmente estava viva ou se eu só estava louca. — Sorriu amarelo e depois se debruçou na mesa se aproximando mais de mim. — Mas... Como assim? Você realmente beijou ela, na boca e essas coisas, ou imaginou, alucinou ou algo do tipo?

— Eu realmente beijei ela. — Massageei meu rosto com as mãos.

— Ma... ma... Mas como? Digo, ela é uma freira, freiras não beijam, eu imagino que não pelo menos e acima disso, você é mulher, isso não é meio que pecado na religião católica? Não que eu saiba muito sobre religiões, sempre estava pensando em homens nus ou em comida quando ia a igreja.

— É, talvez por isso ela tenha socado meu peito e me estapeado depois, ou pelo beijo roubado...

— Você está me dizendo que beijou a diretora da MadHouse onde está para aprender a gostar de pênis, a força? — Assobiou admirada. — Você é realmente uma lenda, garota. Ou não tem medo da morte, se quiser se matar tem meios muito mais fáceis e indolores.

— Eu estava com raiva, ok? E ela me chamou basicamente de suja ou pecadora, no final é tudo a mesma merda, me pareceu uma boa ideia beijar ela para que ela se sentisse suja como me achava.

— Mas como você conseguiu isso? Pensei que entrasse algemada na sala da diretoria.

— Não sei, mas por algum motivo não me algemaram, só me trouxeram do banheiro e me levaram para sala dela.

— Está me dizendo que tinha a chance de quebrar o nariz dela e achou uma boa ideia beijá-la? — Perguntou descrente.

— Sim... Mas eu estava sob pressão, não sabia o que fazer.

— Admita que queria beijar ela.

— Não, eu não queria. Por que eu iria querer beijar ela?

— Me pergunto a mesma coisa, você sabe que ela é uma vadia fanática, não sabe? — Concordei com a cabeça. — Que bom. Um beijo, Enid? Sério? Pelo menos ela gostou.

— Como?

— Se você está viva alguma coisa fez de bom, não acha? No mínimo era para você estar na solitária versão MadHouse.

— Isso me deixou intrigada também, digo, ela deveria ter me mandado para lá, ou ao menos me castigado.

— Também acho, mas como disse, acho que ela gostou do seu beijinho. — Riu, era a primeira vez que via ela sorrir e por incrível que pareça gostei do som, Bianca carregava uma tristeza muito grande no olhar, era bom aliviar um pouco disso para ela. — E como foi? O beijo.

— Bom... Quer dizer, não sei, foi diferente, mas não quero falar sobre isso, quero esquecer. E tem outra coisa que aconteceu.

— Diga.

— Na solitária... Eu encontrei alguém, bom não encontrei tecnicamente. — Apoiei minha cabeça nos cotovelos pensativa. — Conversei para ser mais específica, ele não falou o nome, mas parece que está aqui há muito tempo.

— Achei que ninguém podia conversar lá, não é essa a ideia da solitária?

— Também achei, mas, ele deu um jeito de burlar as regras. Tinha um buraco na parede, por isso conseguia ouvir sua voz.

— Só não dê muito papo, ok? Eu sou suspeita para falar, pode parecer até irônico, mas você sabe que tem muitos assassinos aqui, pessoas pesadas, Enid. Falo nível estripador e canibal, se ela está trancado lá, coisa boa não fez, já ouvi histórias de que eles deixam esses serial killers para morrer nas solitárias quando eles causam algum estresse. — Disse parecendo realmente preocupada. — Só não coloca seu dedo no buraco, literalmente, vai que ele come. — Riu me fazendo revirar os olhos.

— Você é uma idiota.

— Ao menos não sou suicida.

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Olá, meus amores! Trouxe mais um para vocês.

Espero que estejam gostando da fanfic e que tenham gostado do capítulo, comentem bastante e votem para que eu volte com mais capítulos para vocês. Beijinhos, até próximo!

Sejam bons consigo mesmos e cuidem das suas florzinhas.

Com carinho, Lulua <3

MadHouse - Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora