𝐈𝐈 𝐋. 𝐎. 𝐒𝐨𝐦𝐦𝐞𝐫𝐬- 𝐒𝐢𝐦, 𝐞𝐮 𝐯𝐞𝐣𝐨 𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐚

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"Eu não sou como eles, mas posso fingir-" Dumb, Nirvana.

Tranquei todas as janelas, portas de armários, gavetas, e a porta da frente e a do banheiro, respirei fundo antes de me sentar no chão do quarto totalmente escuro, tateei até uma vela até que a ponta dos meus dedos encotrassem o  seu pavio.

"flamma max" murmurei, e todas as velas se acenderam, os pavios em chamas emitiram um grito de gelar a espinha.

Acho que nunca vou me acostumar com os gritos dos mortos.

Eles gritam, imploram para que eu os traga de volta para que possam ver as suas famílias mais uma vez. Mas não posso, nem se quisesse.

"-Alasca Amos Graves, eu te chamo, venha até aqui, por favor." Eu disse, fechando os olhos com força, esperando vê-la sentada na minha frente, ou ao menos sentir sua presença lá.

Não senti nada, ou melhor, senti o vazio.

"-Laski, por favor, eu sei que você não deve estar querendo falar comigo ou com ninguém, mas por favor, se estiver aí, me responde, só... Wilde não sai do quarto tem três dias, Juniper não deixa transparecer, mas ela também não tá legal. Nenhum de nós está.  Salvatore apareceu por aqui, não sei como nos achou."

Suspiro, olhando a chama tremeluzir, como se estivesse prestes a se apagar para sempre.

Essa era a minha segunda, ou melhor, terceira tentativa, sem sucesso algum de chamá-la.

Eu não entendia o motivo, ei sabia que conseguia, ja tinha feito isso antes, incontáveis vezes, e ainda assim, falhei com ela, e seguia falhando e falhando, como um imbecil.

"-INFERNO" Gritei, derrubando metade das velas com os braços, que magicamente se apagaram antes de se colidirem com o chão, nem mesmo derrubaram cera.

Desde criança, me foi ensinada a magia, a necromancia, como falar com mortos, como não se assustar com os vultos nos cantos e frestas.

Mas não me ensinaram a lidar com a frustração.

Na verdade, não me ensinaram a lidar cim sentimentos, mesmo que a magia, principalmente a necromancia, seja diretamente ligada aos sentimentos, em uma guerra, por exemplo, a raiva, o ódio, ajudam caso eu convoque um exército de mortos, guerreiros que morreram e nem chegaram a ver o final de suas próprias batalhas. As vezes, eles so querem uma causa para lutar, um propósito.

É diferente quando você de fato conhece, ou melhor, conheceu a pessoa.

É infinitamente mais pessoal, eu consigo sentir o medo, o desespero que sentiram antes de morrer, as vezes, vejo até o que ou quem os matou.

Eu sabia que tentar uma quarta vez seria inútil, então saí do quarto, indo até a cozinha para beliscar algo, e rezei pra não encontrar ninguém lá.

Aparentemente, alguém lá em cima me odeia, já que tive o prazer de ver Mads lá, Achilles Maddox tinha magia também, ele tinha algum tipo de telecnese, ele estava sentado na mesa, uma xícara em sua frente, ainda saindo fumaça.

"-Lance? você....tava tentando de novo?" Mads perguntou enquanto eu me sentava na mesa no lugar oposto a ele, dando três toques na boca de minha xícara, que magicamente se encheu de líquido.

"-Estava. E sem sucesso pra variar." respondi, desviando o olhar, deixando claro que não estava afim de conversar.

Achilles deve ter entendido o recado, ja que se levantou e me deixou sozinho na cozinha.

Sozinho, sozinho não, demorou três segundos para um espírito aparecer, parecia ter morrido na água, seus cabelos longos pingavam água, e a jaqueta parecia ter sido vestida durante um temporal.

"-Tem um motivo para não conseguir falar com ela. Você sabe disso, Lancelot."

Senti um arrepio descer pelo meu corpo, quase ninguém sabia o meu nome, havial anos que não ouvia o meu nome completo.

"-O que....Como?" Perguntei, tentando esconder o que sentia, eu não tinha ideia do motivo de não conseguir falar com Alasca. "-Quem é você?"

"-Você sabe o motivo, Lancelot, no fundo você sabe." A fantasma disse, seu tom era calmo, assustadoramente calmo. De alguma maneira, eu sabia seu nome: Amélia.

"-Me diga, por favor." Pedi, olhando para Amélia.

Ela tombou a cabeça, como se tivesse pena de mim, e antes que ela dissesse algo, desapareceu.

Mas uma frase ficou na minha cabeça.

"Você sabe, você não é como os outros, mas finge que é, você sabe o motivo, mas o nega."

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Notas da autora:

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⏰ Última atualização: Jan 30 ⏰

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𝗕𝗹𝗼𝗼𝗱𝘆 𝗮𝘀 𝗮 𝗯𝗮𝘁𝘁𝗹𝗲𝗳𝗶𝗲𝗹𝗱Onde histórias criam vida. Descubra agora