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Eu amo esse jardim.

Amo passar minhas noites aqui, nesse labirinto verde e suas cores em flores. Gosto do silêncio da natureza, onde nada vem em minha mente se não os pensamentos de quão lindo é aquele lugar. Nada de responsabilidades, nada de esforço, nada de problemas. Nada das comparações dos meus pais a meu irmão, nada de ansiedade, nada de inseguranças, nada de pessoas... nada de ninguém.

Eu estava sozinho. Sempre sozinho. Nada além de vozes muito, muito baixas de pessoas que conheço e gosto, poucas. Sempre caminhando em frente, nunca me preocupando em sair do labirinto, até porque quando tentei... não havia saída, não para mim, foi o que ele disse. E eu continuava o caminho, virando para esquerda e depois para a direita, sem um propósito certo, apenas... relaxar do mundo, que me enche o saco.

E então a neve começou a cair, é a minha estação favorita. Os pontos brancos se põem sobre as rosas e sobre a grama verde. E em poucos segundos, tudo se tornou como uma paleta de início de tela.... Branco e cinza. E o frio me congelava, meus pés começaram a doer, estava descalços. Minhas mãos pálidas ficaram trêmulas, e meus dentes se puseram a bater. Minha respiração estava descompassada no mesmo ritmo que meu coração, junto com o fisgar no peito que insistia em permanecer ali, desde que me conheço por gente.

Não tinha do porquê parar, e nem do porque andar. Não tenho do porque apreciar

a vida ali, se ninguém pode ver além de mim.

Sempre sozinho, mas ainda amo esse jardim...

porque é tudo que tenho.

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6:30

E então... eu acordo. É comum eu ter sonhos lúcidos assim, sem sentido mas sempre sentindo tudo. Antes mesmo de me levantar olho minhas mãos, e eu posso jurar que sentia elas frias ainda, porque o frio na barriga eu ainda sinto.

Soltei um suspiro pesado e passei minhas mãos sobre meu rosto na tentativa de acordar de vez. Em um movimento meio lento, me levantei, e como sempre fui direto para o banheiro. Me olhando nos espelho conseguia ver minha cara toda acabada de sono, parecia que tinha ficado a noite toda acordado.

Liguei a torneira e me abaixei, juntei minhas mãos e lavei meu rosto, a água gelada me fez suspirar novamente e para retomar minha total consciência, esperei por alguns segundos a mais ali naquela posição.

— Droga de sonhos... me fazem sentir que nem dormi direito

Reclamei para mim mesmo logo retomando minha postura. Assim que terminei minhas higienes fui direto para minha escrivaninha, peguei meus óculos e comecei a trocar de roupa. Era mais um dia de aula, infelizmente. Ouvia sons abafados vindo da cozinha, pessoas conversando, sabia que eram minha mãe e irmão já que todos os dias eram assim.

Já com o uniforme arrumado, pego minha bolsa sobre uma cadeira ao canto junto com a de Yama, que na noite passada havia esquecido na casa da famosinha, [nome]. Por último apenas pego meus fones e celular na mesma escrivaninha e saio do quarto, com uma cara de quem, claramente, não dormiu direito.

- Acordou mais tarde hoje, o que aconteceu filho? Foi dormir muito tarde ontem?

Minha mãe perguntou enquanto colocava mais uma xícara sobre a mesa, parecia realmente preocupada. Sentei-me junto a eles e esperei a mesma terminar de pôr o chá para mim, ela que sempre insistia em fazer isso toda manhã. Tomo um gole breve, e depois que o líquido quente aqueceu minha garganta digo.

— Só estava sem sono, meio ansioso...

Respondo simples, o que não era mentira. Pego um pedaço de bolo que estava sobre a mesa e o levo até minha boca.

𝐎𝐩𝐢𝐚 - Kei Tsukishima Onde histórias criam vida. Descubra agora