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— Como você teve coragem de conversar com ele? Ele é um escroto!

   Eu ouvia a voz de mizu saindo pelo meu celular, enquanto eu preparava um lanche em minha cozinha. Fazia algumas caretas que não podiam ser vistas por ela, ainda bem, já que eu não concordava tanto assim com o que ela dizia

— Olha não fala assim, pelo pouco que convivi… ele não parece o ‘monstro’ que tanto fala… ele é até que diverti-

   Antes que pudesse terminar minha fala, só escuto a voz dela quase como um grito saindo de meu auto falante.

— Divertido?? Divertido?? É sério isso, [nome]? Você não tem o direito de falar isso dele sem saber o que ele fez comigo na infância. 

— Tá mas, assim… foi quando vocês eram crianças… será que ele não mudou?...

    Eu tenho esse tipo de pensamento muito forte em mim, até porque não sou ninguém para julgar o outro, eu mesma admito que não sou a mesma pessoa de um mês atrás… quem dirá mais de anos. Então não concordo muito com esse tipo de pensamento de mizu, porque ela fala como se ele tivesse cometido um crime. 

— hum… mudou… mudou porcaria nenhuma, continua do mesmo jeito de sempre… ba-ba-ca!

   E ela continuava falando com muita autoria, acho que devo confiar nela, já que o conhece bem mais tempo que eu. Na verdade, eu apenas conversei com ele pouquíssimas vezes, não tenho direito de diminuir os sentimentos e talvez avisos de Mizu. 

— Tá bom então, eu entendi que ele não é flor que se cheire.

   Eu podia a ver através de meu celular, já que estávamos em uma vídeo chamada, porém não fazíamos nada de mais, ela apenas fazendo algumas coisas de seu curso, segundo ela, e eu cozinhando minha comida para mais tarde. Não demorou muito e já mudamos de assunto, ficamos ali conversando por um longo período e no fim aquele assunto não era mais importante.

    Ela pegou meu número com tadashi, segundo o que ela me disse, e eu não poderia ter ficado mais feliz com isso, uma nova companhia é sempre bem vinda, ainda mais ela. 

    E antes que eu pudesse desligar a última boca do fogão, que sinalizava que terminei meu jantar, ela fala rápido, e quase imperceptível… que iria ter que desligar. Não entendi no início, porém depois de algumas mensagens trocadas descobri que era por alguns problemas familiares, claramente não reclamei e apenas dei um boa noite breve por texto para ela.

     Olhei uma última vez para a tela do meu celular, e nela vi apenas um alarme que logo tocaria.

[19:00, Hora da live]

    Soltei um longo suspiro e apenas desliguei a tela novamente o deixando de lado por um tempo, fiz meu prato, sendo ele um arroz solto, salada de tomate e um molho com frango grelhado. E como de costume, fui em direção a sala e liguei a TV, não posso comer sem estar assistindo algo, é de lei. 

   Coloquei o primeiro vídeo que vi pela frente e me pus a comer, e estava uma delícia, tinha sorte de saber o básico de culinária, se não estava lascada. Assim que terminei o prato, o levei até a cozinha e organizei o que restava de bagunça ainda no local, logo depois escovei os dentes e parti direto para meu estúdio de gravação. 

    Mas em um estalo, lembro de algo.

— Será que ela comeu?

    Falo sozinha indo em direção a minha lavanderia, a porta já estava aberta, já que não queria que ela se sentisse presa. Cheguei até a porta e vi a pequena em sua cama improvisada em um canto ao lado da máquina de lavar, em seu lado um pote de comida e outro de água, esses que pareciam intocáveis desde quando coloquei-os ali de manhã. 

𝐎𝐩𝐢𝐚 - Kei Tsukishima Onde histórias criam vida. Descubra agora