capítulo 1: A primeira desconfiança

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Era mais um dia normal de caça. Tínhamos quatro fêmeas grávidas no acampamento, o que era considerado um verdadeiro milagre após a guerra bruxa. No entanto, também era perigoso, pois isso as tornava alvos cobiçados por todos. Nosso objetivo principal era caçar alguns coelhos ou até mesmo um grande cervo, com o inverno se aproximando, não podíamos arriscar a sobrevivência dos filhotes e suas mães.

Acompanhados pelos pais das crias, sendo um deles um dos meus betas, além do meu beta pessoal, tudo estava indo conforme o planejado. Até que, de repente, tudo ao nosso redor parou e meu olfato captou um aroma que imediatamente identifiquei como algo raro, pois sua mera existência o tornava alvo de toda a humanidade.

— Humano — meu uivo baixo foi traduzido para meus companheiros como um alerta.

Todos entraram em posição de batalha. Meus lobos betas ficaram atrás de mim na retaguarda, enquanto os outros assumiram suas posições como ômegas. Segui em frente em direção a leste do acampamento e parei ao perceber um rastejar vindo de trás de algumas moitas. Ordenei que todos me acompanhassem até lá.

Quando me aproximei, testemunhei a visão mais majestosa que já vi em toda minha existência. Seus cabelos castanhos tinham a cor da terra avermelhada após a chuva, seus olhos eram tão verdes quanto as copas das árvores em uma densa floresta ao nascer do sol, e sua pele era pálida, talvez pelo medo ou por outros motivos. Seu corpo era algo que eu não poderia permitir que meu lobo, em controle, se aproximasse.

Ela seria minha, se assim desejasse, e eu já estava totalmente entregue a ela. Esperei por dez anos acreditando que ela já estivesse morta.

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